TROVADORISMO: A CANÇÃO DE ROLANDO (La Chanson du Roland)

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                      A CANÇÃO  DE  ROLANDO  (La  Chanson  du Roland)
    A Canção de Rolando é considerada o mais belo e o mais famoso poema épico medieval francês e pertence ao subgênero literário denominado canção de gesta, isto é, que trata de glorificar as proezas importantes de um herói nacional. 
    Esta história de origem germânica se baseia num fato histórico ocorrido no século VIII da nossa era: o ataque traiçoeiro à retaguarda das tropas de Carlos Magno quando atravessava os Pirineus voltando da Espanha para a França. Inspirou muitas lendas e sua popularidade fez surgirem inúmeras versões em toda a Europa, a tal ponto que os feitos dos bravos francos foram imortalizados não só nas cantigas dos jograis ambulantes como também em estátuas e vitrais, durante toda a Idade Média. 
     No Renascimento o tema reaparece entre os escritores italianos, com o Orlando furioso, de Ariosto, e o Orlando enamorado, de Boiardo. E com alguns acréscimos e remanejamentos, a história chegou ao Brasil desde os primeiros colonizadores, tendo-se difun¬dido em todo o nosso meio rural an¬tes de fixar-se nas cantorias dos artistas de cordel do Nordeste. O folclorista  Câmara Cascudo afirma que A História do imperador Carlos Magno foi,  até bem pouco tempo, um dos cinco livros mais lidos pelo povo brasileiro, pois indica um modelo de com¬portamento a ser adotado pelo homem do campo, que assimila as façanhas destes bravos à defesa de um ideal de coragem e valentia. 
    Apesar da roupagem antiga, o tema não pode ser mais atual: a eterna luta entre o Bem e o Mal, na qual o herói fiel e devotado se consagra até as últimas conseqüências, sem questionar a qualidade dos valores que abraça por achá-los justos. Daí o caráter um tanto simplista dos personagens envolvidos na batalha. Ora, em contextos diversos assistimos à retomada da mesma porfia, na história em quadrinhos e no cinema, que mostram aventuras de bandido e mocinho, tanto no faroeste quanto nos mundos intergaláticos ou nas peripécias de espionagem do agente 007. 
      (groups.google.com/group/livros-virtuais/.../1c0fa6148dfa214a) 

 
                 A MORTE DE ROLDÁN E DE SEUS DOZE PARES
     Em Ibañeta existe uma cruz de pedra em homenagem a Roldán (Roland), cavaleiro francês e comandante da retaguarda do exército do Imperador Carlos Magno. O “Vale de Valcarlos”, local onde está situado o referido marco, deve o seu nome ao do “Valle de Carlos”, pois, foi naquele local em que a retaguarda do seu exército foi atacada e teve de enfrentar os Sarracenos, no entanto reza a história da existência de indícios de que tenham sido os hispânicos de Navarra, País Basco e de Zaragoza que aniquilaram a retaguarda do exército de Carlos Magno.
    Roldán, ao ser atacado de surpresa, luta denodadamente com seus Pares e guerreiros, durante a luta, vê o seu amigo Olivier tombar morto ao seu lado. Ferido de morte faz soar sua corneta de marfim solicitando ajuda, pois o grosso das tropas estavam mais à frente sob o comando do Imperador Carlos Magno. Roldán ao perceber que vai morrer, prefere partir a espada a entregá-la ao inimigo. Conta à lenda que o mesmo pegando da sua espada, desfere um potente golpe contra uma rocha fendendo-a, mais não logra quebrar a famosa espada confeccionada no mais puro aço de Durandal.
    Quando Carlos Magno retrocede com a finalidade de atender ao chamado de Roldán e de seus Doze Pares, os mesmos já estavam mortos e o exercito da retaguarda completamente dizimados, a história informa que mais de 40.000 homens entre cristãos e sarracenos, morreram na referida batalha.
    O Imperador ao ver tal situação diz a lenda, finca os seus joelhos sobre o solo e com o rosto voltado para Compostela humildemente ora. Estávamos no ano de 778 e ainda faltava quase meio século para que descobrissem a sepultura do Apóstolo.
Vejamos as variáveis da lenda transmitidas de gerações a gerações em ambos os lados do Pirineos:
   No “Guia del Peregrino Medieval” na “Crónica del Pseudo Turpín”, ele relata de forma ingênua, a destruição do grosso dos dois exércitos o dos cristãos e dos serracenos:

    “Mientras Carlomagno atravesaba el puerto com Ganelón, Turpín y veinte mil cristianos, y los ya citados (Roldán y Oliveros e otros veinte mil soldados) formaban la retaguardia, Marsilio y Beligando (los caudillos musulmanes), salieron al amanecer com cincuenta mil sarracenos de los bosques y colinas donde, por consejo de Ganelón, habían estado escondidos durante dos días com sus noches, y dividieron su ejército en dos cuerpos: uno de veinte mil hombres y outro de treinta mil. El de veinte mil comenzó un ataque sorpresa contra nuestra retaguardia. Pero, al punto, los nuestros se revolvieron contra ellos y, después de combatirles desde el amanecer hasta la hora tercia (las 9 h), les hicieron sucumbir a todos: ni uno de los veinte mil logró escapar con vida. Pero en seguida, los otros treinta mil atacaron a los nuestros, que estaban sin fuerzas y extenuados por tan gran combate, y los abatieron a todos, desde el más pequeño hasta el más grande”.

     Uma outra versão da lenda informa que o rei Mouro de Zaragoza pediu socorro a Carlos Magno, este ao chegar às portas da cidade, encontrou-as fechadas pelos seus moradores, devido a essa situação, ordena o saque de Pamplona, e, na sua retirada, destruiu as suas muralhas. Como vingança, os Bascos o esperaram em Roncesvalles. Deixaram passar a vanguarda das tropas francesas e atacaram a retaguarda na qual marchava Roldán e os Doze Pares da França custodiando o botim. A emboscada segundo consta, ocorreu em 15 de agosto de 778. Roldán ao sentir a sua derrota e sua morte eminente, tenta quebrar sua espada de Durandal contra a rocha. Toca sua corneta mais inutilmente, pois o Imperador não chega a tempo para salvá-lo. Na missa do dia seguinte celebrada pelo arcebispo Turpín pelos mortos na batalha, Carlos Magno chora a morte de Roldán.
    As relações entre o Caminho de Santiago e Carlos Magno se entrelaçam com uma outra lenda segundo a qual o Imperador viu em sonho um caminho sinalizado pela Via Láctea, encaminhando-se assim para Compostela, onde está o sepulcro do Apóstolo.
    Com o episódio da morte de Roldán e de seus Doze Pares e com o relato do trágico gemido da sua corneta pedindo auxílio, Roncesvalles foi elevada à categoria de mito. Os peregrinos acorrem a venerar em Roncesvalles suas relíquias sagradas, as supostas armas desses heróis. Na Capilla de Sancti Spíritus o “Silo de Carlos Magno”, em cuja cripta serviu de ossuário dos peregrinos mortos no hospital que existia naquele local, situa-se a tumba mandada construir por Carlos Magno para Roldán e os soldados mortos na Batalha de Roncesvalles.
   A celebre “Chanson de Roland” - Canção de Roldán (Roland) - relatando o episódio histórico, é um clássico da literatura medieval, a canção foi composta provavelmente no século XI e é atribuída a um clérigo Normando chamado de Turoldo. Posteriormente foram surgindo outras composições que se agregaram à mesma formando um conjunto de histórias que passaram a fazer parte da mística do Caminho.


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