Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto de
movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da
primeira metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de
convergência entre os vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até
mesmo se antagonizam.
Encaixam-se nesta classificação a literatura, a arquitetura, design,
pintura, escultura, teatro e a música modernas.
O movimento moderno baseou-se na ideia de que as formas
"tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização
social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassadas, e que se fazia
fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma nova cultura. Esta
constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do
comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas
antigas" e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se
chegar ao "progresso". Em essência, o movimento moderno argumentava
que as novas realidades do século XX eram permanentes e eminentes, e que as pessoas
deveriam se adaptar a suas visões de mundo a fim de aceitar que o que era novo
era também bom e belo.
A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado.
Neste sentido, ela é sinônimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista
histórico-cultural, moderno e contemporâneo abranjam contextos bastante
diversos.
No Brasil, os principais artifícios do movimento modernista não se opunham
a toda realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava
contra ao passadismo, ou seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre.
Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era de uma ruptura estética
quase completa com o engrossamento da arte encontrado nas escolas anteriores e
de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes delimitada pelos padrões
acadêmicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo dos escritores em
conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma para se
criar. Como manifestações desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo
respeitavam obras da tradição literária, temos o Manifesto da Poesia
Pau-Brasil, o livro Macunaíma, o retrato de brasileiros através das influências
cubistas de Tarsila do Amaral, o livro Casa Grande & Senzala, dentre
inúmeros outros. Revistas da época também se dedicaram ao tema, tais como
Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de comunicação entre o
movimento, os artistas e a sociedade.
ORIGEM DO MODERNISMO
A renovação estética nas
artes do fim do século XIX.
A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de
guerras e revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em um
conjunto de doutrinas atualmente identificadas com o movimento romântico,
focado na experiência individual subjetiva, na supremacia da Natureza como um
tema padrão na arte, meios de expressão revolucionários ou radicais e na
liberdade do indivíduo. Em meados da metade do século, entretanto, uma síntese
destas ideias e formas de governo estáveis surgiram. Chamada de vários nomes,
esta síntese baseava-se na ideia de que o que era "real" dominou o
que era subjetivo. Exemplificada pela realpolitik de Otto von Bismarck, ideias
filosóficas como o positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra
vitoriano.
Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de
instituições, noções comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se em
normas religiosas encontradas no Cristianismo, normas científicas da física
clássica e doutrinas que pregavam a percepção da realidade básica externa
através de um ponto de vista objetivo. Críticos e historiadores rotulam este
conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo não ser universal. Na
filosofia, os movimentos positivista e racionalista estabeleceram uma
valorização da razão e do sistema.
Contra estas correntes estavam uma série de ideias. Algumas delas eram
continuações diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis eram os
movimentos bucólicos e revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por
exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a filosofia de John Ruskin). O
Racionalismo também manifestou respostas do anti-racionalismo na filosofia. Em
particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da história gerou
respostas de Friedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard, principal precursor do
Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud ofereceu uma visão dos estados
subjetivos que envolviam uma mente subconsciente repleta de impulsos primários
e restrições contrabalançantes, e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com
uma crença na essência natural para estipular um inconsciente coletivo que era
repleto de tipologias básicas que a mente consciente enfrentou ou assumiu.
Todas estas reações individuais juntas, porém, ofereceram um desafio a
quaisquer ideias confortáveis de certeza derivada da civilização, da história
ou da razão pura.
Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A
primeira seria o Impressionismo, a partir de 1872, uma escola de pintura que
inicialmente preocupou-se com o trabalho feito ao ar livre, ao invés dos
estúdios. Argumentava-se que o ser humano não via objetos, mas a própria luz
refletida pelos objetos. O movimento reuniu simpatizantes e, apesar de divisões
internas entre seus principais membros, tornou-se cada vez mais influente. Foi
originalmente rejeitado pelas mais importantes exposições comerciais do período
- o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão III viria a criar o Salon
des Refusés, que expôs todas as pinturas rejeitadas pelo Salon de Paris).
Enquanto muitas obras seguiam estilos padrão, mas por artistas inferiores, o
trabalho de Manet atraiu tremenda atenção e abriu as portas do mercado da arte
para o movimento.
A segunda escola seria o Simbolismo, marcado pela crença de que a linguagem
é um meio de expressão simbólico em sua natureza, e que a poesia e a prosa
deveriam seguir conexões que as curvas sonoras e a textura das palavras
pudessem criar. Tendo suas raízes em As Flores do Mal, de Baudelaire, publicado
em 1857, poetas Rimbaud, Lautréamont e Stéphane Mallarmé seriam de particular
importância para o que aconteceria dali a frente.
Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam trabalhando
de forma a eventualmente serem usadas como base para uma forma radicalmente
diferente de arte e pensamento.
Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras
como a Torre Eiffel, que superou todas as limitações anteriores que
determinavam o quão alto um edifício poderia ser e ao mesmo tempo possibilitava
um ambiente para a vida urbana notadamente diferente dos anteriores. As
misérias da urbanização industrial e as possibilidades criadas pelo exame
científico das disciplinas seriam cruciais na série de mudanças que abalariam a
civilização europeia, que, naquele momento, considerava-se tendo uma linha de
desenvolvimento contínua e evolutiva desde a Renascença.
A marca das mudanças que ocorriam pode ser encontrada na forma como tantas
ciências e artes são descritas em suas formas anteriores ao século XX pelo
rótulo "clássico", incluindo a física clássica, a economia clássica e
o ballet clássico.
O advento do modernismo (1890-1910)
Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeição
da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva
baseada em ideias e técnicas atuais. Daí Gustav Mahler considerar a si próprio
um compositor "moderno" e Gustave Flaubert ter proferido sua famosa
frase "É essencial ser absolutamente moderno nos seus gostos". A
aversão à tradição pelos impressionistas faz destes um dos primeiros movimentos
artísticos a serem vistos, em retrospectiva, como "moderno". Na
literatura, o movimento simbolista teria uma grande influência no
desenvolvimento do Modernismo, devido ao seu foco na sensação. Filosoficamente,
a quebra com a tradição por Nietzsche e Freud provê um embasamento chave do
movimento que estaria por vir: começar de novo princípios primários,
abandonando as definições e sistemas prévios. Esta tendência do movimento em
geral conviveu com as normas de representação do fim do século XIX;
frequentemente seus praticantes consideravam-se mais reformadores do que
revolucionários.
Começando na década de 1890 e com força bastante grande daí em diante, uma
linha de pensamento passou a defender que era necessário deixar completamente
de lado as normas prévias, e ao invés de meramente revisitar o conhecimento
passado à luz das técnicas atuais, seria preciso implantar mudanças mais
drásticas. Cada vez mais presente integração entre a combustão interna e a
industrialização; e o advento das ciências sociais na política pública. Nos
primeiros quinze anos do século XX, uma série de escritores, pensadores e
artistas fizeram a ruptura com os meios tradicionais de se organizar a
literatura, a pintura, a música - novamente, em paralelo às mudanças nos
métodos organizacionais de outros campos. O argumento era o de que se a
natureza da realidade mesma estava em questão, e as suas restrições, as
atividades humanas até então comuns estavam mudando, então a arte também
deveria mudar.
Artistas que fizeram
parte do modernismo
Alguns marcos são as músicas de Arnold Schoenberg, as experiências
pictóricas de Kandinsky que culminariam na fundação do grupo Der blaue Reiter
em Munique e o advento do Cubismo através do trabalho de Picasso e Georges
Braque em 1908 e dos manifestos de Guillaume Apollinaire, além, é claro, do
Expressionismo inspirado em Van Gogh e do Futurismo.
Bastante influentes nesta onda de modernidade estavam as teorias de Freud,
o qual argumentava que a mente tinha uma estrutura básica e fundamental, e que
a experiência subjetiva era baseada na relação entre as partes da mente. Toda a
realidade subjetiva era baseada, de acordo com as idéias freudianas, na
representação de instintos e reações básicas, através dos quais o mundo
exterior era percebido. Isto representou uma ruptura com o passado, quando se
acreditava que a realidade externa e absoluta poderia impressionar ela própria
o indivíduo, como dizia por exemplo, a doutrina da tabula rasa de John Locke.
Entretanto, o movimento moderno não era meramente definido pela sua
vanguarda mas também pela linha reformista aplicada às normas artísticas
prévias. Esta procura pela simplificação do discurso é encontrada no trabalho
de Joseph Conrad. Nota-se em Mário de Andrade, com suas retrições à Poesia
Pau-Brasil que não o tornam absolutamente um vanguardista. As consequências das
comunicações modernas, dos novos meios de transporte e do desenvolvimento
científico mais rápido começaram a se mostrar na arquitetura mais barata de se
construir e menos ornamentada, e na redação literária, mais curta, clara e fácil
de ler. O advento do cinema e das "figuras em movimento" na primeira
década do século XX possibilitaram ao movimento moderno uma estética que era
única, e novamente, criaram uma conexão direta com a necessidade percebida de
se estender à tradição "progressiva" do fim do século XX, mesmo que
isto entrasse em conflito com as normas estabelecidas.
A tentativa de reproduzir o movimento das imagens com palavras surgiu
primeiramente com o Futurismo de Marinetti, na Itália, que publicou o primeiro
manifesto no ano de 1909. Baseados nas experiências de Sergei Eisenstein no
cinema, os cubo-futuristas russos, como Vladimir Maiakovski conseguiram
subsequentemente concretizar esta intenção dos primeiros futuristas.
Após o Futurismo, surgem várias vanguardas na literatura e na poesia, como
o Expressionismo e o Cubismo, importados das artes plásticas, o Dadaísmo e o
Surrealismo, a partir da relação com a estética de escritores e poetas da
segunda metade do século XIX, com suas novas formas de explorar a psique humana
e com a linguagem verbal.
No entanto, muito influenciada pelas ideias do futurismo, surge também uma
linha do movimento moderno que rompeu com o passado ainda a partir da primeira
década do século XX de forma mais branda que as vanguardas, e tentou redefinir as
várias formas de arte de uma maneira menos radical. Seguindo esta linha mais
branda vieram escritores de língua inglesa como Virginia Woolf, James Joyce
(que depois tornou-se mais radical e mais próximo das vanguardas), T.S. Eliot,
Ezra Pound (com ideias claramente próximas ao futurismo), Wallace Stevens,
Joseph Conrad, Marcel Proust, Gertrude Stein, Wyndham Lewis, Hilda Doolittle,
Marianne Moore, Franz Kafka e William Faulkner. Compositores como Arnold
Schönberg e Igor Stravinsky representaram o moderno na música. Artistas como
Picasso, Matisse, Mondrian, os surrealistas, entre outros, o representaram nas
artes plásticas, enquanto arquitetos como Le Corbusier, Mies van der Rohe,
Walter Gropius e Frank Lloyd Wright trouxeram as ideias modernas para a vida
urbana cotidiana. Muitas figuras fora do modernismo nas artes foram
influenciadas pelas idéias artísticas, por exemplo John Maynard Keynes era
amigo de Virginia Woolf e outros escritores do grupo de Bloomsbury.
pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo -
MODERNISMO - Por Sílvio Anaz
INTRODUÇÃO
O Modernismo foi a
mais radical ruptura com o passado na história da arte. A rebeldia modernista
era tal que o movimento atacou a própria modernidade, ao mesmo tempo em que se
sentia muito entusiasmado pelos tempos modernos. A energia criativa do
Modernismo, que se estendeu do final do século 19 até os anos 60 no século 20,
gerou um dos períodos culturais mais ricos da história. Foram tempos em que as
artes vivenciaram um experimentalismo nunca antes visto e em que se buscou
incessantemente uma total liberdade de expressão.
Tudo começou quando
as principais características da modernidade passaram a ter um significativo
impacto cultural. Na segunda metade do século 19, a Revolução Industrial já
havia provocado uma transformação radical com as fábricas, as máquinas
automatizadas, as ferrovias e a vertiginosa expansão dos centros urbanos. A
vida cotidiana começava a sofrer o impacto dos novos recursos de comunicação,
graças às invenções do telégrafo, do telefone e do rádio. Politicamente, havia
o fortalecimento dos Estados nacionais, a formação de poderosas burocracias
governamentais e os movimentos sociais de massa. O racionalismo e uma cultura
secular ganhavam terreno rapidamente frente à religiosidade e à união
Igreja-Estado. Além disso, os valores relacionados ao individualismo e ao
capitalismo se consolidavam, mas também eram contestados pelas idéias
socialistas. Foi nesse agitado ambiente que o movimento modernista surgiu e
manteve-se em evidência.
Uma nova mentalidade
emergiu nesse período. Diante de novos conhecimentos, possibilidades e
percepções do mundo, o ser humano teve de encarar uma vida muito mais complexa
e contraditória do que a de seus ancestrais. O efêmero, o gosto pelo novo e a
renovação constante passaram a fazer parte da rotina das pessoas. Para
expressar e responder aos anseios e às angústias dessa nova etapa da
modernidade, a arte respondeu com experimentações radicais principalmente na
literatura, nas artes visuais, na arquitetura, no teatro, na dança e na música.
Entre os
modernistas, existiam os que viam a modernidade com um extremado e acrítico
entusiasmo, como os futuristas com sua exaltação da tecnologia, numa época em
que o homem se extasiava com o surgimento do avião, dos transatlânticos e do
automóvel. Existiam também aqueles que se rebelaram contra alguns dos valores
modernos apesar de neles se inspirarem, como os dadaístas, com sua ênfase num
aparente irracionalismo e no niilismo.
A modernidade dos
séculos 19 e 20 foi um período de grandes transformações econômicas, sociais e
culturais no Ocidente. Foi a época em que mais rapidamente avançaram e
prevaleceram as idéias otimistas do Iluminismo, de uma sociedade baseada na
razão, na ciência, na busca da verdade, no humanismo, na democracia liberal, no
individualismo e na liberdade. Mas foi também o momento em que o homem
protagonizou o terror e a barbárie das duas grandes guerras mundiais. E a
principal expressão cultural desse momento histórico foi o Modernismo. Com suas
vanguardas e fragmentados movimentos artísticos, desde o Expressionismo nas
artes plásticas até o Concretismo na poesia, o Modernismo refletiu amplamente
as contradições e a vitalidade da modernidade.
Nas páginas a seguir
descubra como o movimento modernista se manifestou nas principais expressões
artísticas, como a literatura, as artes plásticas, o teatro, a música e a
arquitetura.
MODERNISMO NAS ARTES PLÁSTICAS E NA ARQUITETURA
O Modernismo
revolucionou as artes visuais e a arquitetura. Em vez de retratar eventos e
personagens históricos, o que importava era o cotidiano da vida contemporânea.
No lugar de obras que reproduzissem a natureza ou o mundo como eram vistos, o
objetivo era mostrar nas pinturas e esculturas como o artista percebia a
realidade dentro da mais pura abstração. No lugar das construções ornamentadas
que reciclavam o passado, surge uma arquitetura aerodinâmica e despojada,
inspirada nas máquinas e inventora dos arranhas-céus. A tradição e todas as
suas regras e convenções foram atacadas pelos artistas modernistas, que
proclamaram que qualquer tema e forma eram válidos.
O Modernismo nas
artes plásticas começou a nascer com o Impressionismo. Movimento que surge na
França na segunda metade do século 19, ele foi o primeiro a romper com a arte
acadêmica. A idéia era apresentar a percepção sensorial ou a “impressão” que o
artista tinha da realidade. Pintores como Edouard Manet, Claude Monet, Edgar
Degas e Pierre-Auguste Renoir foram expoentes desse movimento. Enquanto o
Impressionismo agitava o mundo das artes com sua nova concepção de luz e cor, o
mundo da escultura descobria a genial modernidade de Auguste Rodin. Contra os
padrões rígidos neoclássicos, Rodin produziu esculturas que revelavam sua
percepção e seu sentimento, como ao distorcer a anatomia de algumas
personalidades retratadas.
A partir do
Impressionismo, o universo das artes visuais viveu uma sucessão de movimentos
fragmentados que rompiam de forma cada vez mais radical com os padrões
anteriores. Foi assim com o Expressionismo, que mostrava as emoções extremas do
ser humano, como no quadro “O Grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, e com o
Simbolismo e seu mundo de fantasias e fantasmas. Mas é com o surgimento das
vanguardas artísticas no começo do século 20 que o Modernismo explodiu em
criatividade e radicalismos. Elas romperam com todos os traços de tradição que
restavam. Com as vanguardas vieram principalmente o Fovismo, com suas cores vibrantes
e totalmente distorcidas da realidade, o Futurismo e sua exaltação à velocidade
e à vida moderna, o Cubismo, com suas formas angulares ou curvas espalhadas
pela tela, o Dadaísmo, com seu nonsense escandalizador, e o Surrealismo, filho
direto do dadaísmo que acrescentou alucinações e o inconsciente às artes
plásticas.
MODERNISMO NA LITERATURA E EM OUTRAS ARTES
A revolução
modernista na literatura começou a ser semeada entre 1855 e 1857 quando Walt
Whitman laçou “Folhas da Relva”, nos Estados Unidos, e Charles Baudelaire
publicou “Flores do Mal”, na Europa. Dos dois lados do atlântico, a vida e os
valores da modernidade viravam poesia. Cerca de meio século depois, com os
lançamentos de “O Caminho de Swann”, de Marcel Proust, “Filhos e Amantes”, de
D.H. Lawrence, “Os Dublinenses”, de James Joyce, “Manifesto Vorticista”, de
Ezra Pound, e “Morte em Veneza”, de Thomas Mann, consolidava-se a estética
modernista na literatura.
O individualismo
exacerbado, a fascinação pela vida moderna e urbana e pela tecnologia, os temas
cotidianos e da cultura popular, uma linguagem inventiva, o que incluiu a
incorporação da fala coloquial, dos versos livres e da ruptura com os cânones
literários, e narrativas fragmentadas e descontínuas foram algumas das
principais inovações que o Modernismo trouxe para a literatura.
A primeira metade do
século 20 assistiu a um verdadeiro florescimento literário modernista. Autores
como Virginia Woolf (“Orlando”, 1928), T. S. Eliot (“The Waste Land”, 1922),
William Faulkner (“O Som e a Fúria”, 1929), Ernest Hemingway (“Por Quem os
Sinos Dobram, 1940), Franz Kafka (“A Metamorfose”, 1915) foram alguns dos
expoentes do período. No Brasil, um componente nacionalista deu uma
particularidade a mais no modernismo na literatura. A partir dos manifestos da
Poesia Pau-Brasil, Antropofágico e Verde-Amarelismo procurou-se trazer as novidades
da vanguarda da arte internacional e incluir elementos nacionais. Mário de
Andrade (“Macunaíma”, 1928), Oswald de Andrade (“Pau Brasil”, 1925), Manuel
Bandeira (“Libertinagem”, 1930), Érico Veríssimo (“O Tempo e o Vento”,
1949-1962), Graciliano Ramos (“Vidas Secas”, 1938) e Raquel de Queiroz (“O
Quinze”, 1930) foram alguns dos autores que se destacaram no modernismo
literário brasileiro.
A literatura
modernista nasceu subversiva e impulsionada por vanguardas artísticas que
lançaram vários manifestos. Um dos primeiros foi o manifesto Futurista, escrito
pelo poeta italiano Filippo Marinetti e publicado em 1909. Coragem, audácia e
revolta deveriam ser os elementos essenciais da poesia futurista e seus
seguidores devotariam o amor à velocidade, ao perigo, à pátria e à guerra. O
futurismo identificou-se nas décadas seguintes com o fascismo. Em 1916, para
protestar contra a loucura da Primeira Guerra Mundial, um grupo de artistas
refugiados em Zurique (Suiça) lança o manifesto Dadá, um dos mais importantes
do Modernismo, que daria origem ao Dadaísmo, um movimento contra tudo. Versos
nonsense declamados em várias línguas, obscenos e agressivos eram um das formas
do Dadaísmo escandalizar e denunciar um mundo sem sentido. Em 1924, o escritor
francês André Breton lançou o manifesto Surrealista, um dos mais famosos do
movimento modernista. Nele propunha uma arte feita a partir do inconsciente,
que escapasse ao controle da consciência, e que possibilitasse uma livre
associação entre os sonhos, as alucinações e a realidade.
A revolução
modernista também chegou às outras artes. No cinema, “Cidadão Kane”, dirigido
por Orson Welles e lançado em 1941, é um dos melhores exemplos da estética
modernista na sétima arte. Além das inovações na narrativa, o filme trouxe
várias transformações tecnológicas e estilísticas, como os planos nada
convencionais para a época – com tomadas de baixo para cima, imagens distorcidas,
focos diferenciados e efeitos de profundidade –, além de uma inusitada
iluminação. No teatro, as peças de Luigi Pirandello (“Seis Personagens à
Procura de um Autor”, 1921) e de Samuel Beckett (“Esperando Godot”, 1952)
mudaram os rumos da dramaturgia. Na dança, as primeiras décadas do século 20
trouxeram uma transformação radical. Os trabalhos do russo Vaslav Nijinsky e da
norte-americana Isadora Duncan deram novos padrões ao balé clássico.
A Semana de Arte Moderna de 1922
Logo ao entrar no
saguão do Teatro Municipal de São Paulo era possível ver uma exposição de obras
estranhas, modernas e exóticas. Seus autores eram novos nomes nas artes
plásticas nacionais, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego
Monteiro e Victor Brecheret. Após atravessar o saguão e entrar na platéia, o
público poderia assistir a uma conferência de Graça Aranha, prestigiado
escritor e diplomata, recém-chegado da Europa. O tema era “A Emoção
Era o ano do
Centenário da Independência do país. Nesse clima tão propício, um grupo de
artistas e intelectuais, patrocinados por ricos fazendeiros e comerciantes de
café, ocupou o Teatro Municipal de São Paulo para mostrar sua nova e moderna
arte. A cidade, que viu sua população crescer dez vezes entre 1890 e 1920 e
vivia um processo de urbanização e modernização frenético para os padrões da
época, tinha a atmosfera certa para abrigar os modernistas. Mas mesmo assim,
ela assistiu estupefata, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, às
apresentações de poesia, música, dança, artes plásticas, discursos e
conferências. A elite paulistana reagiu na maior parte das apresentações com vaias
e insultos, provavelmente de acordo com a expectativa dos modernistas, que
pretendiam escandalizar com suas idéias e performances.
A Semana de Arte
Moderna de 1922 foi o ponto alto de uma movimentação de jovens artistas e
intelectuais contra o academicismo que tomava conta das artes brasileiras.
Desde uma década antes as influências das vanguardas européias repercutiam no
Brasil, como nas exposições expressionistas de Lasar Segal, em 1913, e de Anita
Malfatti, em 1914 e 1917, ou nos versos livres da obra “Carnaval”, de Manuel
Bandeira, lançada em 1919. Mas é somente a partir de toda a movimentação em
torno da Semana de Arte Moderna que o Modernismo ganha um marco definitivo,
ainda que tardiamente, no Brasil.
Com ela procurou-se
consolidar e tornar pública a proposta de renovar nossas artes, a partir de uma
permanente atualização e pesquisa estética e de ruptura com os cânones
acadêmicos puristas, além da introdução de temáticas nativistas. Os modernistas
buscavam ainda introduzir a linguagem coloquial, a cultura popular, a livre
expressão e o modo de pensar da vida moderna.
Após a realização da
Semana, São Paulo se torna o centro das idéias modernistas no Brasil. O
vigoroso processo de urbanização e de industrialização da cidade e a influência
da imigração italiana na época criaram uma atmosfera propícia a isso. Nesse
ambiente, que se identificava plenamente com os ideais modernistas, jovens
artistas e intelectuais encontram espaço para desenvolverem uma nova e
progressista arte.
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› Entretenimento › Arte
Existem duas classificações para o Modernismo, com marcos
nas seguintes datas:
A) 1922 – 1930 - 1945, a saber:
1922 a 1930 – primeira fase do Modernismo, chamada de “fase heróica”, período revolucionário e predomínio da poesia.
1930 a 1945 – segunda fase do Modernismo, chamada de “fase de consolidação”, predomínio da prosa de ficção. De 45 em diante é crítico e formalista (forma perfeita).
B) 1922 até hoje (estudos feitos em 1970, nesta época esta era a periodização aceita pelos Vestibulares)
2) CAUSAS DO MODERNISMO
A) Fins do século XIX e início do século XX – formação de um espírito revolucionário, consciência nova da realidade nacional, inconformismo político.
B) 1914 – 1918 – I Grande Guerra Mundial.Fim de uma era, de um mundo, o mundo do século XIX - transformações profundas na realidade cultural, social, econômica e política
NO BRASIL:
- 1922 – Levante Militar (Levante dos 18 de Copacabana)
- 1924 – Revolta em São Paulo (Isidoro Dias Leite)
- 1925 – 1927 – Coluna Prestes (Luis Carlos Prestes)
- 1929 – Crack da Bolsa de Nova York (Crise do Café)
- 1930 – Revolução de Outubro (Revolução Tenentista )
- 1932 – Revolução Constitucionalista de 32 (São Paulo contra Getúlio Vargas)
- 1937 – Ditadura de Getúlio Vargas - censura brutal (Estado Novo)
- 1945 – Fim da II Grande Guerra Mundial (Queda de Getúlio Vargas)
3) MARCOS DO MODERNISMO BRASILEIRO
1917 – Exposição de Pintura de Anita Malfatti
Confronto de NOVOS X VELHOS
- Novos = futuristas – Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pecchia
- Velhos = passadistas (Mistificação ou Paranóia, de Monteiro Lobato)
A) 1922 – 1930 - 1945, a saber:
1922 a 1930 – primeira fase do Modernismo, chamada de “fase heróica”, período revolucionário e predomínio da poesia.
1930 a 1945 – segunda fase do Modernismo, chamada de “fase de consolidação”, predomínio da prosa de ficção. De 45 em diante é crítico e formalista (forma perfeita).
B) 1922 até hoje (estudos feitos em 1970, nesta época esta era a periodização aceita pelos Vestibulares)
2) CAUSAS DO MODERNISMO
A) Fins do século XIX e início do século XX – formação de um espírito revolucionário, consciência nova da realidade nacional, inconformismo político.
B) 1914 – 1918 – I Grande Guerra Mundial.Fim de uma era, de um mundo, o mundo do século XIX - transformações profundas na realidade cultural, social, econômica e política
NO BRASIL:
- 1922 – Levante Militar (Levante dos 18 de Copacabana)
- 1924 – Revolta em São Paulo (Isidoro Dias Leite)
- 1925 – 1927 – Coluna Prestes (Luis Carlos Prestes)
- 1929 – Crack da Bolsa de Nova York (Crise do Café)
- 1930 – Revolução de Outubro (Revolução Tenentista )
- 1932 – Revolução Constitucionalista de 32 (São Paulo contra Getúlio Vargas)
- 1937 – Ditadura de Getúlio Vargas - censura brutal (Estado Novo)
- 1945 – Fim da II Grande Guerra Mundial (Queda de Getúlio Vargas)
3) MARCOS DO MODERNISMO BRASILEIRO
1917 – Exposição de Pintura de Anita Malfatti
Confronto de NOVOS X VELHOS
- Novos = futuristas – Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pecchia
- Velhos = passadistas (Mistificação ou Paranóia, de Monteiro Lobato)
- 1916 – 1921 – Manifestações esparsas de preocupação com novas tendências
artísticas (Ronald de Carvalho), Epigramas Irônicos e Sentimentais, escrito em
1921, vindo a público em 1922.
- O escritor mais importante dessa época é Manuel Bandeira., que escreve poemas
de tendência inovadora, exemplos “Os Sapos”, sátira à literatura parnasiana e
“Poema da Terça-Feira Gorda”, escrito em versos livres.
- Mário de Andrade – artigo de jornal “Paulicéia Desvairada’, e
“Prefácio Interessantíssimo”, somente depois publicado (idéias modernistas,
desvairismo)
- Oswald de Andrade – artigo de jornal “Memórias Sentimentais de João Miramar”,
escrito desde 1916, publicado em 1924.
- Menotti del Picchia – artigo de jornal1922 – fevereiro – Semana da Arte Moderna em São Paulo, no Teatro Municipal.
PINTURA - Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti
ESCULTURA – Victor Brecheret
MÚSICA – Heitor Vila Lobos, Guiomar de Novais
LITERATURA – Mário de Andrade (22), Oswald de Andrade (22), Guilherme de
Almeida (Vem do Parnasianismo), Ronald de Carvalho (Pós-Parnasiano), Manuel
Bandeira (Pós-Simbolista), Ribeiro Couto, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Graça
Aranha (convidado para líder ostensivo, devido ao seu grande prestígio e
reconhecido saber)
1924 – episódio da Academia Brasileira de Letras (Graça Aranha)
1930 – surgimento de uma nova geração de escritores, seguidores do Modernismo:
predomina a prosa de ficção, substituindo a revolta pela construção:Murilo Leite, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego, Murilo Mendes, Vinicius de Morais, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e outros. Na Lieratura Brasileira, firma-se o Romance de 30, surgimento do Romance Regionalista Social.
1945 – Nova geração de escritores “Geração de 45” (racionalismo), exceção de João Cabral de Melo Neto. Estilo crítico e de apuramento formal.
- O Movimento espalhou-se por todo o País, sobretudo Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.
4) CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
1 – Ideal de libertação estética (oposição violenta à Literatura do passado imediato – pós naturalismo, pós-parnasianismo e pós-simbolismo.
2 – Ideal de experimentação constante (busca de novos rumos artísticos: nova linguagem, vocabulário, sintaxe, prosódia próximo do coloquial)
Transformação na cultura:
- novo mundo, novo homem
- novas estruturas da sensibilidade
- novos meios de comunicação
- novo mundo, novo homem
- novas estruturas da sensibilidade
- novos meios de comunicação
Nas Artes:
- ideal de libertação estética
- rejeição das tendências do século XIX
- experimentação constante, busca incessante de novos rumos
- Expressionismo, Cubismo, Futurismo (Marinetti) - designava o Movimento, que passou a se chamar Modernismo a partir da Semana de 22, Dadaísmo, Surrealismo (os ismos de vanguarda que vivificam a Literatura no ocidente)
- ideal de libertação estética
- rejeição das tendências do século XIX
- experimentação constante, busca incessante de novos rumos
- Expressionismo, Cubismo, Futurismo (Marinetti) - designava o Movimento, que passou a se chamar Modernismo a partir da Semana de 22, Dadaísmo, Surrealismo (os ismos de vanguarda que vivificam a Literatura no ocidente)
3 – Temas: nova visão do mundo – temas do presente, cotidiano, tempo presente.
4) Liberdade total na forma. Libertação da sintaxe, da rima, sujeito perseguindo o objeto. Apresenta o substantivo nu (essência), com o objetivo de libertá-lo do acessório (adjetivo e advérbio).
5 – Economia na linguagem – o autor procura a síntese.
6 – O século XX descobriu a velocidade das coisas. A beleza está na velocidade. Na Literatura isto se resume na expressão: “A Literatura precisa informar o máximo no mínimo de palavras”
5) EXEMPLO DE TEXTO: PAISAGEM Nº 3 (PAULICEÉIA DESVAIRADA) DE MÁRIO DE ANDRADE
Chove?
Sorri uma garoa cor de cinza,
Muito triste, como um tristemente longo...
A casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação...
Mas neste Largo do Arouche posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal,
Este lírico plátano de rendas mar...
Ali em frente... – Mário, põe a máscara!
- Tens razão, minha Loucura, tem razão,
O rei de Tule fogou a taça ao mar...
Os homens passam encharcados...
Os reflexos dos vultos curtos
Mancham o petit-pavê...
As rolas da Normal
Esvoaçam entre os dedos da garoa.
(E se pusesse um verso de Cristal
No De Profundis?...)
De repente
Um raio de sol arisco
Risca o chuvisco ao meio.
4) Liberdade total na forma. Libertação da sintaxe, da rima, sujeito perseguindo o objeto. Apresenta o substantivo nu (essência), com o objetivo de libertá-lo do acessório (adjetivo e advérbio).
5 – Economia na linguagem – o autor procura a síntese.
6 – O século XX descobriu a velocidade das coisas. A beleza está na velocidade. Na Literatura isto se resume na expressão: “A Literatura precisa informar o máximo no mínimo de palavras”
5) EXEMPLO DE TEXTO: PAISAGEM Nº 3 (PAULICEÉIA DESVAIRADA) DE MÁRIO DE ANDRADE
Chove?
Sorri uma garoa cor de cinza,
Muito triste, como um tristemente longo...
A casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação...
Mas neste Largo do Arouche posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal,
Este lírico plátano de rendas mar...
Ali em frente... – Mário, põe a máscara!
- Tens razão, minha Loucura, tem razão,
O rei de Tule fogou a taça ao mar...
Os homens passam encharcados...
Os reflexos dos vultos curtos
Mancham o petit-pavê...
As rolas da Normal
Esvoaçam entre os dedos da garoa.
(E se pusesse um verso de Cristal
No De Profundis?...)
De repente
Um raio de sol arisco
Risca o chuvisco ao meio.
www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/460538 -
SEMANA DE ARTE MODERNA - Por Ana Lucia Santana
A Semana de Arte
Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de
fevereiro, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto
artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas,
na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma
arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências
européias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.
Durante uma semana a
cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens,
de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o
conseqüente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e
despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor
Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
O movimento
modernista eclodiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais,
econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as
vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A
Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas,
e a crítica não poupou esforços para destruir suas idéias, em plena vigência da
República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora
que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos
estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e
afrontada em suas preferências artísticas.
A nova geração
intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos
do século XIX. Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta
época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o
Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros.
Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências vanguardistas que
marcaram intensamente o trabalho desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou
conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi
alvo de escândalo e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o
nascimento da Semana de Arte Moderna.
O catálogo da Semana
apresenta nomes como os de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado,
John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor
Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio
Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores
encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet,
Plínio Salgado, e outros mais. A música estava representada por autores
consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
Em 1913, sementes do
Modernismo já estavam sendo cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo
recentemente da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em Campinas,
recepcionadas com uma certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só
voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propício. A mostra de
Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da violenta crítica recebida,
reunir ao seu redor artistas dispostos a empreender uma luta pela renovação
artística brasileira. A exposição de artes plásticas da Semana de Arte Moderna
foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com a
colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da
Semana, alguns dos artistas mais importantes retornaram para a Europa,
enfraquecendo o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do Amaral,
grande pintora modernista, faziam o caminho inverso, enriquecendo as artes
plásticas brasileiras.
A Semana não foi tão
importante no seu contexto temporal, mas o tempo a presenteou com um valor
histórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não havia entre seus
participantes uma coletânea de idéias comum a todos, por isso ela se dividiu em
diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança, entre elas o
Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento
Antropofágico. Os principais meios de divulgação destes novos ideais eram a
Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.O principal legado da Semana de Arte
Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões
europeus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.
Como foi
A Semana, realizada entre 11 e 18 de
fevereiro de 1922, foi a explosão de idéias inovadoras que aboliam por completo
a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros
buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito,
experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com
a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a
este novo movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu poema Os
sapos, foi desaprovado pela platéia através de muitas vaias e gritos.
Embora tenha sido alvo de muitas
críticas, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao
inserir suas idéias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a
expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica e da Revista
Klaxon, e também pelos seguintes movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da
Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico.
Todo novo movimento artístico é uma
ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas
de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia,
etc. Ocorre que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no
caso do Modernismo, que, a principio, chocou por fugir completamente da
estética européia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.
Curiosidades
sobre a Semana de Arte Moderna:
- Durante a leitura do poema "Os
Sapos", de Manuel Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho) , o
público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando
desta forma a desaprovação.
- No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos
fez uma apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em
outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e
desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois
estava com um calo no pé.
Personagens
Principais da Semana de Arte Moderna
A Semana de Arte Moderna que
aconteceu nos dias 13,15 e 17 de fevereiro no Teatro Municipal em São
Paulo,reuniu diversos escritores e artistas.
Confira o grupo de jovens artistas
contestadores que,com o tempo,se tornaram eles próprios,clássicos.
Oswald de
Andrade
Oswald de Andrade (1890-1954) foi o
mais transgressor e experimental dos modernistas, autor de irônicos discursos e
artigos de ataque aos “passadistas”, nos meses próximos à Semana de 1922, da
qual foi um dos idealizadores. “A alegria é a prova dos nove”, declarou no
“Manifesto Antropófago” de 1928, que defendia de forma poética uma língua
brasileira e a metáfora do canibalismo do índio que deglute o estrangeiro. Era
a ideia de antropofagia como caminho para a cultura brasileira, reaproriada
pela Tropicália nos anos 1960. Esse projeto construtivo de um modernismo ligado
à brasilidade já tinha se anunciado no “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, de
1924, que deu origem ao livro “Pau-Brasil”, publicado no ano seguinte.
Anita
Malfatti
Em 1917, depois de estudar pintura em
Berlim — onde teve contato com o expressionismo alemão — e Nova York, Anita
Malfatti (1889-1964) fez a primeira exposição no país a se autodenominar
“moderna”. A mostra entrou para a História pela crítica feroz de Monteiro
Lobato, que condenou sua “arte caricatural” tipicamente europeia, vinculando-a
à perturbação mental. Já para Oswald de Andrade, sua pintura causava “impressão
de originalidade e de diferente visão”. Cinco anos depois, Anita foi uma das
principais atrações da exposição que abriu a Semana de Arte Moderna, com telas
como “O homem amarelo”, “A estudante russa” e “A ventania”. A maior parte
dessas obras, no entanto, era de anos anteriores, porque em 1922 Anita já tinha
voltado à pintar de forma mais convencional.
Mário de
Andrade
Um dos principais articuladores da
Semana, Mário de Andrade (1893-1945) foi um teórico central do modernismo
brasileiro. O prefácio de “Pauliceia desvairada”, publicado pouco depois da
Semana, inspirou a fase inicial do movimento. A pesquisa folclórica e a
linguagem inventiva de “Macunaíma” (1928) definiram o lugar que o modernismo
ocupa até hoje no imaginário nacional. Nas décadas seguintes, foi interlocutor
de autores das novas gerações, como Drummond e Sabino, e publicou trabalhos
importantes sobre música tradicional brasileira.
Menotti
del Picchia
Publicado em 1917, o poema “Juca
Mulato”, de Menotti del Picchia (1892-1988) chamou atenção por mesclar formas
clássicas, disposição gráfica ousada e temas nacionais. Em 1922, teve atuação
incendiária na Semana, com uma palestra sobre estética modernista que recebeu
aplausos entusiasmados e vaias indignadas. Mais tarde, alinhou-se a um ramo
nacionalista do movimento, o “verde-amarelismo”, com Cassiano Ricardo e Plinio
Salgado (que também participou da Semana e, em 1932, fundou a Ação Integralista
Brasileira, de extrema-direita).
Heitor
Villa-Lobos
Se a Semana de 1922 foi um evento de
São Paulo, sua grande estrela foi um carioca. Convocado pelos modernistas
paulistas em viagem ao Rio, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) teve 20 composições
interpretadas nos três dias de programação, e um dia todo dedicado a ele, único
compositor brasileiro na Semana. Foi aplaudido e também vaiado, pela estranheza
causada pelos tambores e instrumentos populares de congado incorporados à
orquestra. Mais do que a participação intensiva na semana, a importância do
maestro para o modernismo brasileiro está na criação de uma linguagem própria
na música nacional, unindo elementos de músicas folclóricas e indígenas já no
fim dos anos 1910.
Manuel
Bandeira
O pernambucano Manuel Bandeira
(1886-1968) já era um poeta estabelecido na época da Semana. Na década
anterior, difundira o verso livre em textos críticos e em obras como
“Carnaval”, de 1919. Doente, não pôde ir a São Paulo para o evento, mas os
modernistas escolheram seu poema “Os sapos” como uma espécie de declaração de
princípios. Publicou algumas das principais obras da poesia brasileira da
primeira metade do século XX, como “Libertinagem” (1930) e “Estrela da Manhã”
(1936).
Paulo
Prado
Homem de negócios apaixonado pelas
artes, milionário que se julgava de esquerda, historiador amador que se sentiu
à vontade entre os jovens modernistas, Paulo Prado (1869-1943) é um personagem
essencial e pouco lembrado do modernismo. Rico cafeicultor, foi o principal
mecenas da Semana de 22 e um interlocutor fundamental para seus integrantes:
assinou o prefácio de “Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade, e colaborou tanto com
a concepção de “Macunaíma” que Mário de Andrade dedicou o romance a ele.
Ronald de
Carvalho
Poeta hoje pouco lido, Ronald de
Carvalho (1893-1935) costuma ser mais lembrado por seu papel algo insólito na
Semana de 22. Com a ausência de Manuel Bandeira, doente, coube a ele receber as
vaias pela leitura do poema “Os sapos”. Foi um dos poucos brasileiros a manter
contato com o modernismo português, participando do 1 número da revista
“Orpheu” (1915), que publicou poemas vanguardistas de Fernando Pessoa.
Di
Calvanti
Foi de Emiliano Di Cavalcanti
(1897-1976) a ideia da realização de uma Semana de Arte Moderna em São Paulo —
é o que conta a maior parte das versões de uma história repleta delas. Naquele
momento, ele era um artista diferente daquele que se tornaria célebre com a
pintura de paisagens brasileiras, retratos de mulatas e preocupação social. Di
Cavalcanti apresentou sobretudo desenhos e pastéis na exposição da Semana de
1922, além de ter sido o autor de seu cartaz e da capa do catálogo com a
programação. Em seus anos mais experimentais, Di criou ilustrações para
revistas modernistas como a “Klaxon” e para livros como “Carnaval”, obra de
Manuel Bandeira cujo poema “Os sapos” foi lido durante a Semana e chocou parte
da plateia.
Victor
Brecheret
Nascido Vittorio em Farnese, na
Itália, Victor Brecheret (1894-1955) foi adotado pelo grupo modernista como o
“Rodin brasileiro”, o representante da escultura na exposição da Semana de Arte
Moderna de 1922. Na década de 1910, Brecheret estudou artes no Liceu de Artes e
Ofícios, orgulho da São Paulo que se modernizava, e depois em Roma. De volta à
capital paulista, o artista se destacou num ambiente de poucas experimentações
na escultura. Em 1954, o desbravamento do país pelos bandeirantes, tão
valorizado pelos modernistas paulistas, foi retratado por Brecheret na obra
“Monumento às bandeiras”, no Parque do Ibirapuera, nas comemorações dos 400
anos de São Paulo.
www.infoescola.com
› Artes -
www.suapesquisa.com/artesliteratura/semana22/
www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=12998 -
MODERNISMO NO BRASIL
O modernismo
brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a
cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX,
sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. O movimento no Brasil
foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e artísticas
lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra
Mundial, como o Cubismo e o Futurismo.[1] As novas linguagens modernas
colocadas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram aos poucos
assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando como enfoque
elementos da cultura brasileira. Considera-se a Semana de Arte Moderna,
realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil.
Porém, nem todos os participantes desse evento eram modernistas: Graça Aranha,
um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde
o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi marcado,
sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo
os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco. Didaticamente,
divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e
fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo;
uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma
terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de
certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.
O seu sentido
verdadeiramente específico. Porque, embora lançados inúmeros processos e ideias
novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor.`` A Primeira Fase
do Modernismo foi caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições,
sendo ela rica em manifestos e revistas de circulação efêmera. Foi o período
mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade
de romper com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa
primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor, assim definido por
Mário de Andrade:´´...se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do
movimento modernista.[1] Isto é teatro é uma experiência eficaz para o
futebol.
Havia a busca pelo
moderno, original e polêmico, com o nacionalismo em suas múltiplas facetas. A
volta das origens, através da valorização do indígena e a língua falada pelo
povo, também foram abordados. Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas
formas distintas: a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia
da realidade, e a ufanista, exagerado e de extrema direita. Devido à
necessidade de definições e de rompimento com todas as estruturas do passado
foi a fase mais radical, assumindo um caráter anárquico e destruidor. Um mês
depois da Semana de Arte Moderna, o Brasil vivia dois momentos de grande
importância política: as eleições presidenciais e o congresso de fundação do
Partido Comunista em Niterói. Em 1926, surge o Partido Democrático, sendo Mário
de Andrade um de seus fundadores. A Ação Integralista Brasileira, movimento
nacionalista radical, também vai ser fundado, em 1932, por Plínio Salgado.
Recebe este nome do
termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico
modernista, é uma das consequência das agitações em torno da Semana de Arte
Moderna. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade,
oposição entre o velho e o novo.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
Escrito por Oswald e
publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1924, é republicado como
abertura do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta uma proposta de
literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do
Brasil. Este manifesto dizia que a arte brasileira deveria ser de
"exportação" assim como o Pau-Brasil.[1]
Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1926-1929)
Grupo formado por
Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo em
resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, criticando-se o “nacionalismo
afrancesado” de Oswald.[1] Sua proposta era de um nacionalismo primitivista,
ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo. Idolatria
do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo
verde-amarelista publica o manifesto "Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto
do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".
Manifesto Regionalista de 1926
1925 a 1930 é um
período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse
sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife).Presidido por Gilberto
Freire busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes
modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de
promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram
uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano
Ramos, Alfredo Pirucha, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de
Queiroz, Jorge Amado e João Cabral, em 1926.
Revista de Antropofagia (1928-1929)
É a nova etapa do
Pau-Brasil, sendo resposta a Escola da Anta. Seu nome origina-se da tela
Abaporu (O que come) de Tarsila do Amaral.
O Antropofagismo foi
caracterizado pela assimilação (“deglutição”) crítica às vanguardas e culturas
europeias, com o fim de recriá-las, tendo em vista o redescobrimento do Brasil
em sua autenticidade primitiva. Contou com duas fases, sendo a primeira com dez
números (1928 – 1929), sob direção de Antônio Alcântara Machado e gerência de
Raul Bopp, e a segunda publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário do
Rio de Janeiro em 1929, tendo como secretário Geraldo Ferraz.
Primeira fase
Iniciado pelo
polêmico manifesto de Oswald, conta com Antônio de Alcântara Machado, Mário de
Andrade (com a publicação de um capítulo de Macunaíma em seu 2º número), Carlos
Drummond (3º número, publicou a poesia No meio do caminho); além de desenhos de
Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de
Guilherme de Almeida.
Segunda geração (1930-1945)
Vinícius de Moraes
Estendendo-se de
1930 a 1945, a segunda fase foi rica na produção poética e, também, na prosa. O
universo temático amplia-se com a preocupação dos artistas com o destino do
Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua antecessora, foi construtiva.
Não sendo uma
sucessão brusca, as poesias das gerações de 22 e 30 foram contemporâneas. A maioria
dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade temática, o
gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o
antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de
22, devido ao encontro de uma linguagem poética modernista já estruturada.
Passara, então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e
formas direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e
religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt,
Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade.
A prosa, por sua
vez, alargava a sua área de interesse ao incluir preocupações novas de ordem
política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela
gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração
foi grave, assumindo uma postura séria em relação ao mundo, por cujas dores,
considerava-se responsável.Também caracterizou o romance dessa época, o
encontro do autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em
diversas regiões, tornando o regionalismo importante. A Bagaceira, de José
Américo de Almeida, foi o primeiro romance nordestino. Rachel de Queiroz, Jorge
Amado, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos e outros escritores
criaram um estilo novo, completamente moderno, totalmente liberto da linguagem
tradicional, nos quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias
locais. O humor quase piadístico de Drummond receberia influências de Mário e
Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes
apresentaram certo espiritualismo que vinha do livro de Mário Há uma Gota de
Sangue em Cada Poema (1917).
A consciência
crítica estava presente, e mais do que tudo, os escritores da segunda geração
consolidaram em suas obras questões sociais bastante graves: a desigualdade
social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de escravidão, o
coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos que
se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.
Terceira geração (1945-1980)
Com a transformação
do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também transformou-se:O
fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o
contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na Terceira
Fase. Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma
literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como
destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova
dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa,
penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da
linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados
de instrumentalistas.
A geração de 45
surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22, o que
faz com que, na concepção de muitos estudiosos(como Tristão de Athayde e Ivan
Junqueira), esta geração seja tratada como pós-modernista.A nova proposta,
inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade
formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas
de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”.[4] No início dos anos 40,
surgem dois poetas singulares, não filiados esteticamente a nenhuma tendência:
João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo. Estes considerados por muitos os mais
importantes representantes da geração de 1945.
pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasil
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