José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, 11 de
janeiro de 1890 — São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e
dramaturgo brasileiro.[1] Era filho único de Jose Oswald Nogueira de Andrade e
de Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na
letra 'a' (Oswáld).
Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que
ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo
literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde
do grupo,[1] sendo o mais inovador entre estes.
Um dos mais importantes introdutores do Modernismo
no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o
Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago, bem como do primeiro
livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência
romântica, Pau-Brasil.
Muito próximo, no princípio de sua carreira
literária, da pessoa de Mário de Andrade, ambos os autores funcionaram como um
dínamo na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda
amizade que durou muito tempo.]
Porém, possuindo profundas distinções estéticas em
seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega
modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não
só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o
ambiente modernista da década de 1920 e de 193Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna
de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade
cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência
política do país colonizador Portugal, e por outro consequentemente, havia uma
necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir
brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se
aquilo que Herderja én natal definiu como alma nacional (volksgeist).[2] Esta
necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o
modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do
princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.
Na sua busca por um caráter nacional (ou falta
dele, que Mário de Andrade mostra em Macunaíma),Oswald, porém, foi muito além
do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte,
Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o
romance de ideias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo
e o parnasianismo (por exemplo Olavo Bilac).[1] Interessaram-lhe, sobretudo, as
formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo
geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao
progresso da técnica.
Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade
descobriu, na sua estada em Paris na época do Futurismo e do Cubismo, que os
elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a
polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da
Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões
de outros povos. Oswald percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade
cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra
representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e
renovar as letras e as artes.[1] A partir daí, volta sua poesia para um certo
primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura
popular e erudita.
Manifesto da
Poesia Pau-Brasil (1924)
O Manifesto da Poesia Pau-Brasil é do mesmo ano que
o Manifesto Surrealista de André Breton, o que reforça a tese de que o Brasil
estava a acompanhar plenamente o movimento das vanguardas mundiais. Tinha
deixado definitivamente de ser uma forma de expressão pós-portuguesa para se
afirmar plena e autonomamente. Neste manifesto Oswald defende uma poesia que
seja ingênua, mas ingênua no sentido de não contaminada por formas
preestabelecidas de pensar e fazer arte. “Poetas. Sem reminiscências livrescas.
Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.”
O manifesto desenvolve-se num tom de paródia e de
festa, de prosa poética pautada com frases aforísticas. Nele se expressa que o
Brasil passe a ser uma cultura de exportação, à semelhança do que foi o produto
pau-brasil, que a sua poesia seja um produto cultural que já não deve nada à
cultura europeia e que antes pelo contrário pode vir a influenciar esta. Oswald
defende uma poética espontânea e original, as formas de arte estão dominadas
pelo espírito da imitação, o naturalismo era uma cópia balofa. "Só não se
inventou a máquina de fazer versos — já havia o poeta parnasiano". Afirma
assim uma poesia que tem que ser revolucionária.[2] "A poesia existe nos
fatos". “O trabalho contra o detalhe naturalista — pela síntese, contra a
morbidez romântica. — pelo equilíbrio geômetra, e pelo acabamento técnico,
contra a cópia, pela invenção e pela surpresa”.
Talvez não seja muito errado afirmar que este
manifesto poderia ser considerado como um futurismo tropicalista. “Temos a base
dupla e presente — a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a
geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva
doce...”
O manisfesto propõe, sem perder o humor e a
ingenuidade, a descolonização de seu país pelas vias de um levante popular, e
acima de tudo negro, quando expõe uma sugestão de Blaise Cendrars : "–
Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio
rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao
vosso destino."
Manifesto
Antropófago (1928)
O Manifesto Antropófago foi publicado no primeiro
exemplar da Revista de Antropofagia. Os exemplares desta publicação eram
numerados como primeira dentição, segunda dentição, etc.
Este manifesto constitui-se numa síntese de alguns
pensamentos do autor sobre o Modernismo Brasileiro. Inspirou-se explicitamente
em Marx, Freud, André Breton, Montaigne e Rousseau e atacava explicitamente a
missionação, a herança portuguesa e o padre Antônio Vieira: Antes de os
portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade;
Contra Goethe (que simboliza a cultura clássica europeia).[2] Neste sentido,
assina o manifesto como tendo sido escrito em Piratininga (nome indígena para a
planície de onde viria a surgir a cidade de São Paulo), datando-o
esclarecedoramente como ano 374, da Deglutição do Bispo Sardinha, o que denota
uma recusa radical, simbólica e humoristicamente, do calendário gregoriano
vigente.
Por outro lado, a técnica de escrita explorada no
Manifesto, bem como em todos os poemas mais significativos do autor antes e
após este, aproximam-se mais das chamadas vanguardas positivas, mais
construtivas que o Surrealismo de Breton e continuam propondo uma língua
nacional diferente do português. O desejo de criar uma língua brasileira se
manifestaria em sua obra, principalmente, por um vocabulário popular,
explorando certos "desvios" do falante brasileiro (como sordado, mio,
mió), intentando o "erro criativo". Este sonho somente se pareceria
concretizar posteriormente, no entanto, na prosa de Guimarães Rosa e na poesia
de Manoel de Barros.
Há várias ideias que estão implícitas neste
manifesto, onde Oswald se expressa de maneira poética. Estas não são exploradas
com o sistemático do seu amigo Mário de Andrade. Uma destas ideias é conhecida
da antropofagia e tem a ver com o papel simbólico do canibalismo nas sociedades
tribais/tradicionais. O canibal nunca come um ser humano por nutrição, mas sim
sempre para incluir em si as qualidades do inimigo ou de alguém. Assim o
canibalismo é interpretado como uma forma de veneração do inimigo. Se o inimigo
tem valor então tem interesse para ser comido porque assim o canibal torna-se
mais forte. Oswald atualiza este conceito no fundo expressando que a cultura
brasileira é mais forte, é colonizada pelo europeu mas digere o europeu e assim
torna-se superior a ele: Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me
respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem
chamava-se Galli Matias. Comi-o.
Outra ideia avançada é a de que a maior revolução
de todas vai se realizar no Brasil: Queremos a revolução Caraíba.
Outra ideia é a de que o Brasil, simbolizado pelo
índio, absorve o estrangeiro, o elemento estranho a si, e torna-o carne da sua
carne, canibaliza-o. Oswald, metaforicamente, recusa as religiões do meridiano
que são aquelas de origem oriental e semita que deram origem ao cristianismo.
Sendo a favor das religiões indígenas, com a sua relação direta com as forças
cósmicas.
O manifesto insiste muito nas ideias de Totem e
Tabu, expressas em um trabalho de Freud de 1912. Segundo Freud o Pai da tribo
teria sido morto e comido pelos filhos e posteriormente divinizado. Tornado
Totem e por isso mesmo sagrado, consequentemente criaram-se interdições à sua
volta.
Citando o manifesto: Antropofagia. A transformação
permanente do Tabu em totem. A antropofagia segundo Oswald é uma inversão do
mito do bom selvagem de Rousseau, que era puro, inocente, edênico. O índio
passa a ser mau e esperto, porque canibaliza o estrangeiro, digere-o, torna-o
parte da sua carne. Assim o Brasil seria um país canibal. O que é um ponto de
vista interessante porque subverte a relação colonizador (ativo)/colonizado
(passivo). O colonizado digere o colonizador. Ou seja, não é a cultura
ocidental, portuguesa, europeia, branca, que ocupa o Brasil, mas é o índio que
digere tudo o que lhe chega. E ao digerir e absorver as qualidades dos
estrangeiros fica melhor, mais forte e torna-se brasileiro.
Assim o Manifesto Antropófago, embora seja
nacionalista não é xenófobo, antes pelo contrário é xenofágico: Só me interessa
o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.. Por isso, o antropófago
Oswald seria um vanguardista, e teria sido o primeiro brasileiro,
cronologicamente, a influenciar o movimento literário brasileiro de maior
repercussão internacional, o concretismo, bem como, talvez indiretamente, ao
poeta brasileiro mais aclamado nos círculos literários da atualidade, Manoel de
Barros, o qual se diz um poeta da "vanguarda primitiva".
Representações
na cultura
Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme Tabu (1982); Flávio Galvão e Ítala Nandi, no filme O Homem do Pau-Brasil (1982); Antônio Fagundes, no filme Eternamente Pagu (1987); e José Rubens Chachá, nas minisséries Um Só Coração (2004) e JK (2006).
Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme Tabu (1982); Flávio Galvão e Ítala Nandi, no filme O Homem do Pau-Brasil (1982); Antônio Fagundes, no filme Eternamente Pagu (1987); e José Rubens Chachá, nas minisséries Um Só Coração (2004) e JK (2006).
As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também
diversas áreas da criação artística: na música, o tropicalismo; na poesia, o
movimento dos concretistas; e no teatro, grupos como Teatro Oficina e Cia.
Antropofágica têm sua trajetória ligada ao poeta. ele também foi retratado por
tarsila do amaral, que retratou seu irmão
Principais
obras
Além dos manifestos Poesia Pau-Brasil (1924) e
Antropófago (1928), Oswald escreveu:
Poesia
Sendo o mais inovador da linguagem entre os
modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira
posterior (como a de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o
Concretismo e Manoel de Barros), bem como a obra do poeta francês Blaise
Cendrars, considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo
poeta Paul Eluard.
1925: Pau-Brasil
1927: Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de
Andrade
1942: Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão[3]
1946: O Escaravelho de Ouro[3]
1947: O Cavalo Azul
1947: Manhã
1950: O Santeiro do Mangue
Romance
Seus romances ainda não são devidamente conhecidos,
porém "Memórias Sentimentais de João Miramar", por exemplo, foi
escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro.
1922-1934: Os Condenados (trilogia)
1924: Memórias Sentimentais de João Miramar
1933: Serafim Ponte Grande
1943: Marco Zero à Revolução Melancólica
[editar]Teatro
1916: Mon Couer Balance e Leur Ame (parceria com
Guilherme de Almeida)
1934: O Homem e o Cavalo
1937: A Morta pelo homem "
1937: O Rei da Vela; primeira encenação de seus
textos em 1967, pelo Teatro Oficina de São Paulo.
Outros
1954: Um homem sem profissão. Memórias e
confissões. I. Sob as ordens de mamãe[5], com capa de Nonê e prefácio de
Antonio Cândido.
1990: Dicionário de bolso[6], publicação póstuma
organizada por Maria Eugênia Boaventura a partir de manuscritos do espólio do
autor contendo verbetes jocosos.
pt.wikipedia.org/wiki/Oswald_de_Andrade
OSWALD DE ANDRADE - POEMAS
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Vício da
fala
Para dizerem milho dizem mio
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades.
Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela
briguei.
Canto de
regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
pensador.uol.com.br › autores
OSWALD DE ANDRADE
RISCO
Um poema livreOSWALD DE ANDRADE
José Oswald de Sousa
Andrade nasceu em São Paulo em 1890. Fez o curso secundário no Ginásio de São
Bento e formou-se em Direito em
1919. Viajou pela primeira vez à Europa em 1912, retornando, diversas vezes, no
período de 1922 a 1929. Essas visitas lhe possibilitaram entrar em contato com
o futurismo ítalo-francês e a conhecer, mais profundamente, as vanguardas
surrealistas francesas. Antes, em 1911, fundou o semanário humorístico O
Pirralho, publicando aí ensaios; em 1920, criou outro jornal: Papel e
Tinta
Nos anos que antecederam a
Semana de Arte Moderna, foi um ativo organizador, clamando pela ruptura com a
tradição européia por meio de rebelião estética, o que estimulou o meio
artístico a buscar novos rumos. Ao encontrar-se, em 1920, com Mário de Andrade,
o apresenta ao público como "o meu poeta futurista", marcando a luta
pela renovação. Em l924, iniciou o movimento Pau-Brasil, cujo programa era
libertar a poesia "das influências nefastas das velhas civilizações em
decadência", apontando o primitivismo como caminho a ser seguido. Em 1928,
lançou outro movimento, o Antropofágico. Com o "crack" da Bolsa e a
Revolução de 30, a fortuna familiar passa por grave crise. O escritor assumiu
posição esquerdista, filiando-se ao Partido Comunista.
Participou da luta
operária e antifascista, nos anos que antecederam o golpe de Estado de l937, ao
mesmo tempo em que era redator do jornal O Homem Livre. Em 1943 e 1946,
publicou dois volumes da obra inacabada Marco Zero, dedicada à análise da crise
econômica de 1930 e à sociedade burguesa paulista. Em 1945, tornou-se
livre-docente em Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo. De acordo
com Antonio Candido, pode-se afirmar que a "importância histórica [de
Oswald de Andrade] de renovador e agitador (no mais alto sentido) foi decisiva
para a formação da nossa literatura contemporânea". Morreu, em São Paulo,
em 1954.Oswald de Andrade manteve-se sempre fiel ao projeto do Modernismo e,
sobretudo, às rupturas com os cânones do passado. Sua poesia
"pau-brasil" prima pela linguagem reduzida, telegráfica, coloquial e
repleta de humor; uma "poesia brasileira original, de exportação".
Sua prosa pode ser dividida em três momentos: crepuscular, relativa ao período
de transição para o Modernismo, apresentando já o embrião de uma "prosa
cinematográfica", mas um tanto incerta, revelando imaturidade; parodística
e cubista, encontrada no "romance-invenção" Memórias Sentimentais de João
Miramar (1924), composto de frases curtas, fragmentos
justapostos, montagens, poemas intercalados e emprego da paródia ("canto
paralelo"), marcando as peripécias dos heróis e o período experimental do
movimento.
Memórias Sentimentais de João Miramar em especial, encerra
simultaneísmo, exposição das "ordens do subconsciente", riqueza de
neologismos, estilo telegráfico e quebra da ordem sintática Seus capítulos são
curtíssimos com a condensação de sensações, numa técnica próxima do cinema,
representada pelo processo de "colagem rápida de signos". Essa
"técnica cubista" dá "ao estilo de Oswald o que ele tem de mais
inesperado e intrigante", e por ser concentrada se aproxima da poesia,
representando o "primeiro passo do Modernismo".
O último momento
corresponde à prosa de tese, aplicada ao romance cíclico inacabado,Marco Zero,
espécie de romance mural. Contudo, os romances-invenções, de 1924 e 1933, são
representativos do bom Modernismo praticado por Oswald, cuja obra é definida
por Alfredo Bosi como "um leque de promessas realizadas pelo meio ou
simplesmente irrealizadas".
As obras poéticas do Pau-Brasil e da Antropofagia representam, também, esse Modernismo, satirizando a vida burguesa levada pelos "aristocratas" do café nas grandes capitais. Em Pau-Brasil, o escritor se utiliza da síntese para unir além da vida pré-colonial e colonial brasileira o espaço moderno e essa união, nas palavras de Alfredo Bosi, "define a visão do mundo e a poética de Oswald"
As obras poéticas do Pau-Brasil e da Antropofagia representam, também, esse Modernismo, satirizando a vida burguesa levada pelos "aristocratas" do café nas grandes capitais. Em Pau-Brasil, o escritor se utiliza da síntese para unir além da vida pré-colonial e colonial brasileira o espaço moderno e essa união, nas palavras de Alfredo Bosi, "define a visão do mundo e a poética de Oswald"
Oswald de Andrade -
Passeiweb
www.passeiweb.com/saiba.../oswald_de_andrade
OSWALDE DE ANDRADE - CRÍTICO E IRREVERENTE
Ao afirmarmos que o artista em questão é considerado um
revolucionário, tal posicionamento revela que ele, de maneira singular, esteve
à frente de sua produção no sentido de materializar todos os propósitos
firmados pela “nova concepção” de arte, sobretudo protagonizada pela Semana de
Arte Moderna.Para que possamos compreender toda a ideologia que compõe o perfil
deste hábil autor, enfatizaremos acerca dos pressupostos inerentes ao referido
acontecimento histórico, ocorrido em fevereiro de 1922, no qual Oswald de
Andrade e tantos outros, brilhantemente, revelaram seus talentos.Atendo-nos ao
dinamismo que nutre todos os movimentos literários, os quais ora se completam,
ora se refutam, uma das características propostas pela Semana foi a ruptura com
a gramática normativa. Os que assim se dispuseram, tinham por finalidade romper
com o academicismo literário, atribuindo-se aos moldes parnasianos, envoltos
por uma completa erudição. Assim, almejavam fazer uma arte voltada para a
liberdade de expressão, na qual o erudito cederia lugar para o trivial, o
prosaico. Como bem identificamos nas construções que seguem:
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