1)CAMÕES ÉPICO: OS LUSÍADAS
Nesse grande poema épico escrito por Camões, os
feitos dos navegadores portugueses em direção às Índias são igualados às
façanhas de heróis da Antiguidade greco-latina
Nesse período, os autores buscavam sua inspiração
na cultura da Antiguidade greco-latina. Eneida, de Virgílio, que narra a
fundação de Roma e outros feitos heróicos de Enéias, e a Odisséia, de Homero,
que conta as aventuras do astucioso Ulisses, foram certamente as maiores
influências de Camões.
Em dez cantos, subdivididos em estrofes de oito
versos, Os Lusíadas trata das viagens dos portugueses por “mares nunca dantes
navegados”. Uma das características da épica é a narração de episódios
históricos ou lendários de heróis que possuem qualidade superior.
ESTRUTURA:
Publicado em 1572, Os Lusíadas é considerado o maior poema épico da língua portuguesa.
Constituído de dez cantos. Canto é a maior unidade de composição da epopeia,
estando para esse gênero como o capítulo está para o romance. São 1102
estrofes, em oitava-rima [ABABABCC]. Ao todo, são 8816 versos decassílabos.
FORMA
O poema é constituído por 1.102 estrofes de oito
versos cada uma, o que resulta em um total de 8.816 versos. Camões utilizou em
sua obra somente versos decassílabos, ou seja, de dez sílabas métricas. Esse
tipo de verso era conhecido como “medida nova” e foi levado da Itália para
Portugal por Sá de Miranda, em 1527, fato que marca o início do classicismo
português.
As rimas aparecem da seguinte forma: o primeiro
verso rima com o terceiro e o quinto; o segundo verso rima com o quarto e o
sexto; e o sétimo e o oitavo rimam entre si (o que é representado pelo esquema
ABABABCC). Essas estrofes são chamadas de oitava-rima ou oitava real. Além disso, o poeta
inseriu na obra diversas rimas internas, o que causa efeitos de assonância
(sonoridade das vogais) e aliteração (sonoridade das consoantes).
TÍTULO:
Lusíadas - significa “Lusitanos”, ou seja, são os
próprios lusos, em sua alma como em sua ação.
HERÓI:
O herói de Os Lusíadas não é Vasco da Gama, mas sim
todo povo português [do qual Vasco da Gama é digno representante].
TEMA:
Camões cantará as conquistas de Portugal, as
glórias dos navegadores, os reis do passado; em outras palavras, a história de
Portugal.
AÇÃO:
A ação histórica é a viagem de Vasco da Gama, onde
são também apresentados fatos importantes da história de Portugal;
A ação mitológicaé a luta entre Vênus [protetora
dos portugueses] e Baco [adversário desses navegantes].
PARTES:
Assim como a Odisséia, de Homero, o poema de Camões
é composto de cinco partes: Proposição, Invocação, Dedicatória, Narração e
Epílogo.
1ª parte
- Proposição do assunto [canto I, estrofes 1, 2 e 3]
É a exposição do assunto do poema. O poeta declara
que espalhará por toda parte a fama dos heróis lusitanos que fizeram a grande
viagem de descobrimento da Índia; cantará, também, a glória de reis conquistadores
de África e Ásia, para onde levaram a fé cristã.
As armas e os
barões assinalados
Que, da
ocidental praia lusitana,
Por mares
nunca de antes navegados
Passaram
ainda além da Trapobana,
Em perigos e
guerras esforçados,
Mais do que
prometia a força humana,
E entre gente
remota edificaram
Novo reino,
que tanto sublimaram.
2ª parte
- Invocação às musas [ canto I, estrofes 4 e 5]
Camões dirige-se às Tágides, as ninfas do rio Tejo,
pedindo inspiração para a poesia.
3ª parte
- Dedicatória a Dom Sebastião [canto I, estrofes 6 a 18]
Camões dedicou a sua epopeia a Dom Sebastião, rei
de Portugal quando o poema foi publicado.
4ª parte
- Narração da viagem de Vasco da Gama [ estrofes 19 a 1045]
Camões narra a viagem de Vasco da Gama às Índias.
Em meio às peripécias da viagem, relata episódios importantes da história de
Portugal.
A narrativa, que abrange a viagem de ida e a de
volta, não segue a ordem linear, cronológica: quando se inicia esta parte, os
navegantes já estão no meio do oceano, em plena viagem.
Episódios
importantes desta parte:Inês de Castro [canto III]; Velho do Restelo [canto
IV]; Gigante Adamastor [canto V]; Ilha dos Amores [cantos IX e X].
5ª parte
- Epílogo contendo um fecho dramático a respeito da cobiça [estrofes 1046 a
1102]
O poeta se mostra desiludido com a sua Pátria, já
antevendo a decadência de Portugal.
ENREDO
Como era comum na literatura épica, a narração de
Os Lusíadas começa in media res – ou seja, em plena ação – no caminho, quando
os portugueses já deixaram sua terra natal e se encontram ancorados em Melinde,
cidade situada no oceano Índico.
Enquanto isso, os deuses fazem uma primeira reunião
para decidir o destino dos navegantes. Baco se opõe ao feito, que diminuirá sua
glória como senhor do Oriente.
No entanto, Vênus, deusa do amor, e Marte, deus da
guerra, colocam-se a favor dos portugueses. Júpiter concorda com os dois.
Mercúrio, o mensageiro, é enviado para garantir que o povo selvagem de Melinde
seja hospitaleiro com os portugueses.
O capitão do navio, Vasco da Gama, narra ao rei de
Melinde a história de Portugal, em que se inserem as figuras de grandes heróis
da história portuguesa e os episódios de Inês de Castro, do Velho do Restelo e
do Gigante Adamastor.
A caravela continua sua viagem, atravessando o
oceano Índico. Nessa parte da trajetória, um dos tripulantes, o marinheiro
Veloso, narra a seus companheiros o episódio dos Doze de Inglaterra, espécie de
novela de cavalaria em que 12 cavaleiros portugueses vão à Inglaterra para
defender a honra de damas que haviam sido ofendidas por 12 cavaleiros ingleses.
Após uma luta sangrenta, os heróis lusitanos vencem os ingleses, aos quais
sobra a morte ou a vergonha da derrota.
Ao mesmo tempo, o deus dos oceanos, Netuno, recebe
a visita de Baco, que o convence a aliar-se contra os portugueses, argumentando
que depois daquela viagem os homens iriam perder o temor dos mares. Toda a
força dos ventos invocados por Netuno atinge a embarcação de Vasco da Gama. Sob
a proteção de Vênus e das Nereidas, as ninfas marinhas, os portugueses
sobrevivem, mas seu navio sofre inúmeras avarias, chegando a Calecute, na
Índia, graças a correntes marítimas invocadas em seu auxílio, uma vez que o
mastro da embarcação estava partido.
Em Calecute, os portugueses são envolvidos em mais
uma trama de Baco, que havia induzido o Samorim (líder local) a separar Vasco
da Gama de seus companheiros e prendê-lo. O capitão consegue escapar mediante o
pagamento de suborno, o que vale uma crítica do narrador à corrupção dos homens
pelo dinheiro.
A última aventura dos argonautas portugueses é sua
visita à Ilha dos Amores, já no retorno a Portugal. Vênus prepara maravilhosas
surpresas para os visitantes.
Na ilha, estão ninfas que foram flechadas por
cupido. Ao avistarem os navegantes, elas imediatamente ficam apaixonadas.
Começa, então, uma verdadeira perseguição erótica, em que são exaltadas as
qualidades do amante português. Depois de um banquete no qual todos ouvem
previsões sobre o futuro de cada um, a deusa Vênus mostra a Vasco da Gama uma
esfera, mágica e perfeita: a maravilhosa Máquina do Mundo.
Após a volta tranqüila dos aventureiros a Portugal,
o poeta termina seu livro em tom de lamento. Queixa-se de que sua opinião não seja
levada em conta pela “gente surda e endurecida” e oferece ao rei dom Sebastião
uma solução para impedir a decadência do Império: uma grande empresa em direção
ao Oriente, buscando a salvação de muitos infiéis e resgatando a glória do
heróico povo português.
RESUMO
CANTO I
Depois do Concílio dos Deuses, a armada de Vasco da
Gama chega a Moçambique onde pára para se abastecer. Aí recebe a bordo da nau
alguns Mouros da Ilha. O Régulo, isto é, o chefe da Ilha, é recebido por Vasco
da Gama.
O Mouro, quando verifica que os Portugueses eram
Cristãos, inspirado por Baco, resolve destruí-los. Quando Vasco da Gama
desembarca na ilha‚ é atacado traiçoeiramente, mas com a ajuda dos marinheiros
portugueses consegue vencer os mouros. Após o triunfo, Vasco da Gama recebe a
bordo um piloto, que recebera ordens para levar os portugueses a cair numa
cilada em Quíloa. Quando a armada se aproximava de Quíloa, Vênus, que
descobrira a traição de Baco, afasta a armada da costa por meio de ventos
contrários, anulando assim a traição. O piloto mouro tenta outras vezes
aproximar a armada da costa para a destruir, mas Vênus está atenta e impede que
isso aconteça. Entretanto os portugueses continuam a viagem para Norte e chegam
a Mombaça, cujo rei fora avisado por Baco para receber os portugueses e os
destruir .
CANTO II
O rei de Mombaça convida a armada portuguesa a
entrar no porto a fim de a destruir. Vasco da Gama, por medida de segurança,
manda desembarcar dois condenados portugueses, encarregados por ele de obterem
informações acerca da terra. Baco disfarça-se de sacerdote cristão. Os dois
portugueses são levados à casa onde ele se encontra e vêem em Baco um sacerdote
cristão junto a um altar onde se representavam Cristo e os Apóstolos. Quando os
portugueses regressamà armada, dão informações falsas a Vasco da Gama,
convencidos de que estavam entre gente Cristã. Vasco da Gama resolve entrar com
a armada no porto de Mombaça. Vénus apercebe-se do perigo e, com a ajuda das
Nereides, impede os barcos de entrar no porto. Perante o espanto de todos,
apesar do vento empurrar os barcos em direcção à cilada, eles não avançam. O
piloto mouro e os companheiros que também tinham sido embarcados na ilha de
Moçambique, pensando que os seus objectivos tinham sido descobertos, fogem
precipitadamente lançando-se ao mar, perante a admiração de Vasco da Gama, que
acaba por descobrir a traição que lhe estava preparada e à qual escapou
milagrosamente.
Vasco da Gama agradece à Divina Guarda o milagre
concedido e pede-lhe que lhe mostre a terra que procura. Vénus, ouvindo as suas
palavras, fica comovida e vai ao Olimpo queixar-se a Júpiter pela falta de
protecção dispensada pelos deuses aos Portugueses. Júpiter fica comovido e
manda Mercúrio a terra para preparar uma recepção em Melinde aos Portugueses e inspirar
a Vasco da Gama qual o caminho a seguir. A armada continua a viagem e chega a
Melinde, onde é magnificamente recebida. Vasco da Gama envia um embaixador a
terra e o rei acolhe-o favoravelmente.
Após várias manifestações de contentamento em terra
e na armada, o rei de Melinde visita a armada portuguesa.
CANTO III
O narrador começa por invocar Calíope, musa da
poesia épica, para que lhe ensine o que Vasco da Gama contou ao rei de Melinde.
A partir daqui o narrador passa a ser Vasco da Gama. Segundo ele, não contará
história estranha, mas irá ser obrigado a louvar os seus, o que, segundo ele,
não será o mais correcto. Por outro lado, receia que o tempo de que dispõe, por
mais longo que seja, se torne curto para tantos e tão grandiosos feitos. Mas
obedecerá ao seu pedido, indo contra o que deve e procurando ser breve. E, para
que a ordem leve e siga, irá primeiro tratar da larga terra e, em seguida,
falará da sanguinosa guerra.
Após a descrição da Europa, Vasco da Gama fala das
origens de Portugal, desdeLuso a Viriato, indicando também a situação
geográfica do seu país relativamente ao resto da Europa. A partir da estância
23, começa a narrar a História de Portugal desde o conde D. Henrique até D.
Fernando, último rei da primeira dinastia.
Os principais episódios narrados dizem respeito aos
reinados de D. Afonso Henriques e a D. Afonso IV.
Relativamente ao primeiro rei de Portugal, refere
as diferentes lutas travadas por ele: contra sua mãe, D. Teresa, contra D.
Afonso VII e contra os mouros, para alargamento das fronteiras em direcção ao
sul. São de destacar os episódios
referentes a Egas Moniz (estâncias 35-41) e a Batalha de Ourique (estâncias
42-54).
No reinado de D. Afonso IV, destacam-se os
episódios da formosíssima Maria, em que sua filha lhe vem pedir ajuda para seu
marido, rei de Castela, em virtude de o grão rei de Marrocos ter invadido a
nobre Espanha para a conquistar; o episódio da batalha do Salado, em que juntos
os dois Afonsos vencem o exército árabe; e, finalmente, o episódio de Inês de
Castro, a mísera e mesquinha que depois de morta foi rainha.
CANTO IV
O canto IV começa por referir o interregno que se
seguiu à morte de D. Fernando, entre 1383-85, e, em seguida, foca o reinado de
D. João I, apresentando-nos os preparativos para a guerra com Castela, a figura
de D. Nuno Alvares Pereira, o seu insurgimento contra aqueles que se colocaram
ao lado de Castela, entre os quais se contam os seus próprios irmãos, e a
Batalha de Aljubarrota, que opôs D. João I de Portugal a D. João I de Castela.
Em seguida, é narrada a conquista de Ceuta e o martírio de D. Fernando, o
Infante Santo.
São a seguir apresentados os reinados a seguir a D.
João I, entre os quais os de D. Afonso V e de D. João II. No reinado de D.
Manuel I, é apresentado o seu sonho profético (estâncias 67-75). D. Manuel I
confia a Vasco da Gama o descobrimento do caminho marítimo para a Índia e é-nos
depois apresentada a partida das naus, com os preparativos para a viagem, as despedidas
na praia de Belém e, finalmente, o episódio do velho do Restelo, no qual um
velho de aspecto venerando critica os descobrimentos, apontando os seus
inconvenientes e criticando mesmo o próprio rei D. Manuel I, que deixava
criaràs portas o inimigo, no Norte de África, para ir buscar outro tão longe,
despovoando-se o reino e enfranquecendo-o consequentemente.
CANTO V
Vasco da Gama, que continua a sua narração ao rei
de Melinde, apresenta agora, no começo deste canto, a largada de Lisboa e o
afastamento da armada até ao desaparecimento no horizonte da fresca serra de
Sintra. A viagem prossegue normalmente atéà passagem do Equador, momento a
partir do qual Vasco da Gama refere diversos fenómenos meteorológicos, tais
como súbitas e medonhas trovoadas, o fogo de Santelmo e a tromba marítima
(estâncias 16-23).
Chegadosà ilha de Santa Helena, os portugueses
contactam com um nativo, a quem oferecem vários objectos. Crendo haver
conquistado a confiança dos nativos, Fernão Veloso aventura-se a penetrar na ilha
de Santa Helena. A certa altura, surge a correr a toda pressa, per seguido por
vários nativos, tendo Vasco da Gama de ir em seu socorro, travando-se uma
pequena luta entre eles, da qual saiu Vasco da Gama ferido numa perna.
Regressados aos barcos, os marinheiros procuram
gozar com Fernão Veloso, dizendo-lhe que o outeiro fora melhor de descer do que
subir. Este, sem se desconcertar, respondeu-lhes que correra à frente dos
nativos por se ter lembrado que os companheiros estavam ali sem a sua ajuda
(estâncias 24-36).
Junto ao Cabo das Tormentas, ocorre o episódio do
Gigante Adamastor (estâncias 37-60), o qual faz diversas profecias aos
portugueses e, em seguida, interpelado por Vasco da Gama, conta a sua história.
Vasco da Gama relata o resto da viagem até Melinde,
tendo referido também a mais crua e feia doença jamais por ele vista: o
escorbuto. O canto termina com os elogios feitos pelo Gama à tenacidade
portuguesa e com a invectiva do poeta contra os portugueses seus contemporâneos
por desprezarem a poesia e a técnica que lhe corresponde.
CANTO VI
Após as festas de despedida, a armada larga de
Melinde para prosseguir a viagem até à Índia, levando a bordo um piloto
melindano. Entretanto Baco desce ao palácio de Neptuno, a fim de incitar os
deuses marinhos contra os portugueses, pois vê-os quase a atingir o império que
ele tinha na Índia. Baco é recebido por Neptuno no seu palácio e explica-lhe os
motivos da sua vinda.
Por ordem de Neptuno, Tritão vai convocar todos os
deuses marinhos para o concílio. Assim que se encontram todos reunidos, Baco
profere o seu discurso, apresentando honesta e claramente as razões da sua
presença. As lágrimas interrompem-lhe a dado momento as palavras, fazendo com
que de imediato todos os deuses se inflamassem tomando o seu partido. Neptuno
manda a Eolo recado para que solte os ventos, gerando assim uma tempestade que
destrua os portugueses (estâncias 6-37).
Sem nada pressentirem, os portugueses contam
histórias para evitarem o sono, entre as quais a dos Doze de Inglaterra (estâncias
43-69). Quando se apercebem da chegada da tempestade, a fúria com que os ventos
investem é tal que não lhes dá tempo de amainar as velas, rompendo-as e
quebrando os mastros. É tal a fúria dos elementos que nada lhes resiste. As
areias no fundo dos mares vêem-se revolvidas, as árvores arrancadas e com as
raízes para o céu e os montes derribados. Na armada a situação é caótica. As
gentes gritam e vêem perto a perdição, com as naus alagadas e os mastros
derribados. Vendo-se perdido, Vasco da Gama pede ajudaà Divina Guarda.
Vênus apercebe-se do perigo em que os portugueses
se encontram e, adivinhando que se trata de mais uma acção de Baco, manda as
Ninfas amorosas abrandarem as iras dos ventos. Quando a tempestade se acalma
(estâncias 70-85), amanhecia e o piloto melindano avista a costa de Calecut. O
canto termina com a oração de agradecimento de Vasco da Gama e com uma reflexão
do poeta acerca do verdadeiro valor da glória.
CANTO VII
Os portugueses, que tinham chegado à Índia ainda no
Canto VI (estância 92), agora, na primeira estrofe do Canto VII entram na barra
de Calecut. Na estrofe 2, o narrador faz o elogio do espírito de cruzada luso e
exorta as outras nações europeias a seguirem o exemplo dos Portugueses na luta
contra os infiéis (estâncias 2 a 15). Uma vez chegados a terra, pescadores em
leves embarcações mostram aos portugueses o caminho para Calecut, onde vive o
rei da Índia. Das estâncias 17 a 22, é feita a descrição da Índia e
apresentados os primeiros contactos com Calecut. Vasco da Gama avisa o rei da
sua chegada e manda a terra o degredado João Martins. Este mensageiro encontra
o mouro Monçaide, que já estivera em Castela e sabia quem eram os portugueses,
ficando muito admirado por os ver tão longe da pátria. Convida-o a ir a sua
casa, onde o recebe e lhe dá de comer. Depois disto, Monçaide e o enviado
regressam à nau de Vasco da Gama. Monçaide visita a frota e fornece elementos
acerca da Índia. Algum tempo depois, Vasco da Gama desembarca com nobres
portugueses, é recebido pelo Catual, que o leva ao palácio do Samorim. Após os
discursos de apresentação, o Samorim recebe os portugueses no seu palácio.
Enquanto estes aqui permanecem, o Catual procura colher informações junto de
Monçaide acerca dos portugueses e, em seguida, visita a nau capitaina, onde é
recebido por Paulo da Gama, a quem pergunta o significado das figuras presentes
nas bandeiras de seda. Das estâncias 77 até ao fim do Canto VII, Camões invoca
as ninfas do Tejo e também as do Mondego, queixando-se dos seus infortúnios.
CANTO VIII
Paulo da Gama continua a explicar o significado das
figuras nas bandeiras portuguesas ao Catual, que se mostra bastante
interessado,fazendo várias perguntas.
Após a visita, o Catual regressa a terra. Por ordem
do rei da Índia (estâncias 45 a 46) os Arúspices fazem sacrifícios, porque
adivinham eterno cativeiro e destruição da gente indiana pelos portugueses.
Entretanto, Baco resolve agir contra os
portugueses. Aparece em sonhos a um sacerdote árabe (estâncias 47 a 50)
incitando-o a opor-se aos portugueses. Quando acorda, o sacerdote maometano
instiga os outros a revoltarem-se contra Vasco da Gama.
Vasco da Gama procura entender-se com o Samorim,
que, após violenta discussão, ordena a Vasco da Gama que regresse à frota,
mostrando-lhe o desejo de trocar fazendas europeias por especiarias orientais.
Subornado pelos muçulmanos, o Catual impede o
cumprimento das ordens do Samorim e pede a Vasco da Gama que mande aproximar a
frota para embarcar, com o intuito de a destruir. Vasco da Gama, astuto e
desconfiado, não aceita a proposta, sendo preso pelo Catual.
Com o receio de ser castigado pelo Samorim, por
causa da demora, o Catual apresenta nova proposta a Vasco da Gama: deixa-o
embarcar, mas terá de lhe dar em troca fazendas europeias. Vasco da Gama aceita
e regressa à frota, depois de ter entregue as mercadorias pedidas. O canto
acaba com as reflexões do poeta acerca do poder do «metal luzente e oiro».
CANTO IX
Dois feitores portugueses são encarregados de
vender as mercadorias, mas são detidos em terra, para retardar a partida da
armada portuguesa, a fim de dar tempo a que uma armada muçulmana viesse de Meca
para a destruir.
O Gama é informado disso pelo árabe Monçaide e, por
isso, decide partir, procurando fazer com que os dois feitores portugueses
regressem secretamente à armada, mas não consegue o que pretende. Como
represália, impede vários mercadores da Índia de regressarem a terra e,
tomando-os como reféns, ordena a partida.
Por ordem do Samorim, são restituídos a Vasco da
Gama os dois feitores portugueses e as fazendas, após o que se iniciou o
regresso a casa (estâncias 13 a 17).
Vénus decide preparar o repouso e prémio para os
portugueses (estâncias 18 a 21). Dirige-se, com esse objectivo, a seu filho
Cupido (estâncias 22 a 50), e manda reunir as Ninfas numa ilha especialmente
preparada para os acolher.
A «Ilha dos Amores», cuja descrição se apresenta
nas estâncias 52 a 55, era uma ilha flutuante que Vénus colocou no trajecto da
armada, de modo a que esta, infalivelmente, a encontrasse.
Os portugueses desembarcaram na ilha e as Ninfas
deixam-se ver, iniciando-se uma perseguição. Para aumentar o desejo dos
portugueses, as Ninfas opuseram uma certa resistência, apenas se deixando
apanhar ao fim de algum tempo, efectuando-se, então, o «casamento» entre elas e
os marinheiros.
Tétis, a maior, e a quem todo o coro das Ninfas
obedecia, apresentou-se a Vasco da Gama, recebendo-o com honesta e régia pompa.
Depois de se ter apresentado e dado a entender que ali viera por alta influição
do Destino, tomando o Gama pela mão, levou-o para o seu palácio, onde lhe
explicou (estâncias 89 a 91) o significado alegórico da «Ilha dos Amores»: as
Ninfas do Oceano, Tétis e a Ilha outra coisa não são que as deleitosas honras
que a vida fazem sublimada.
O Canto IX termina com uma exortação dirigida aos
que aspiram a imortalizar o seu nome.
CANTO X
Tétis e as restantes ninfas oferecem um banquete
aos navegantes e durante ele uma ninfa começa a descrever os futuros feitos dos
portugueses. Entretanto (estâncias 8-9) o poeta interrompe-lhe a descrição para
invocar uma vez mais Calíope. Finda a invocação, a ninfa retoma o seu discurso,
falando dos heróis e futuros governadores da Índia.
A partir da estância 74, onde acaba a prolepse
(avanço no tempo, ou seja, previsão de factos futuros), Tétis conduz Vasco da
Gama ao cimo de um monte, onde lhe mostra uma miniatura do Universo e descobre,
no orbe terrestre, os lugares onde os portugueses irão praticar altos feitos.
Dentro das várias profecias, Tétis narra o martírio de S. Tomé e faz referência
ao naufrágio de Camões. Finalmente, Tétis despede os portugueses, que embarcam
para empreenderem a viagem de regresso (estâncias 142-143), cuja viagem se
efectua com vento sempre manso e favorável, chegandoà foz do Tejo sem quaisquer
problemas (estância 144).
Das estâncias 145 a 156 são apresentadas
lamentações, exortações a D. Sebastião e vaticínios de futuras glórias
COMENTÁRIO:
As proporções dessa obra e a linguagem arcaica
podem, de início, afastar o leitor de hoje. As principais dificuldades
encontradas na leitura são os termos antigos utilizados, a sintaxe truncada e o
grande número de informações mitológicas e históricas. Mas é possível compreender
os principais elementos, porque o poema épico tem como finalidade narrar a
própria história, ou feitos heróicos que estão no terreno da mitologia. As
descrições são minuciosas, abrangendo todos os detalhes da paisagem, as cenas
de batalha e as vestes dos guerreiros.
A épica, como gênero, diferencia- se da tragédia.
Na tragédia – como na de Édipo –, o personagem principal envolve-se em uma
trama que acabará por aniquilá-lo. O espectador assiste, aflito, ao trágico
encontro do protagonista com seu destino inevitável e cruel: Édipo fura os
próprios olhos, perambulando sem destino. No gênero épico, o “elemento de
tensão” desaparece e surge em seu lugar o “elemento retardador”. Os personagens
épicos não têm um desenvolvimento psicológico elaborado. Eles seguem suas
características básicas, que não mudam no decorrer da história. A épica deve
ser lida, portanto, de maneira tranqüila e minuciosa, como uma aventura que se
passa em câmera lenta.
Existem três episódios em Os Lusíadas que merecem
destaque por sua importância: o de Inês de Castro, o do Velho do Restelo e o do
Gigante Adamastor.
O episódio de Inês de Castro aparece no Canto III,
durante o relato de Vasco da Gama ao governante de Melinde. Trata-se da
história do amor proibido de Inês, dama de companhia da rainha, pelo príncipe
dom Pedro. Ao saber do envolvimento do príncipe com ela e preocupado com a
ameaça política oferecida por Inês, que tinha parentesco com a nobreza de
Castela, o rei dom Afonso manda executar a jovem.
O rei percebe então que o amor de Inês por seu
filho era sincero e decide mantê-la viva, mas o povo, representando o interesse
do Estado, o obriga a executar a moça. Dom Pedro, ausente do reino na ocasião do
assassinato, inicia depois uma vingança sangrenta contra os executores e coroa
o cadáver de Inês, aquela “que depois de ser morta foi rainha”.
O relato sobre o Velho do Restelo encontra-se no
Canto IV. Na praia lisboeta de Restelo, um velho profere um discurso poderoso
contra as empresas marítimas de Portugal, que ele considera uma ofensa aos
princípios cristãos, uma vez que a busca de fama e glória em terras distantes
contraria a vida de privações pregada pela doutrina católica.
O episódio do Gigante Adamastor figura no Canto V.
Ele aparece quando Vasco da Gama e sua tripulação se dirigem ao Cabo das
Tormentas, ou Cabo da Boa Esperança, personificado pela figura de Adamastor.
Esse gigante da mitologia grega se apaixonara pela ninfa Tétis, que o
rejeitara. Peleu, o marido de Tétis, transformou então o
gigante em pedra. Mais uma história de Camões em que o amor, “áspero e tirano”,
causa o infortúnio a quem se deixa levar por ele.
2) A POESIA
LÍRICA DE CAMÕES
A obra lírica de Camões é constituída por poemas
feitos em medida velha e em medida nova.
A medida velha obedece a poesia de tradição
popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente).
São composições com um tema.
Os poemas em medida nova são formas poéticas
ligadas a tradição clássica. São eles:
- Sonetos (composições poéticas de 14 versos,
distribuídas em dois quartetos e dois tercetos);
- Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema
pastoril);
- Elegias (composições que expressam tristeza);
- Canções (composições curtas);
- Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos);
- Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos).
Na poesia lírica de Camões o amor é descrito como
um sentimento que entusiasma o homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a
Beleza e a Verdade. Também aparece como um sentimento de significado contrário
pela própria natureza. Por um lado, o Amor é manifestação do espírito, por
outro é manifestação física. Para Camões, o Amor deve ser experimentado, deve
ser sentido e não apenas mental, um sentimento de pensamento.
Na sua poesia lírica, o poeta passa a ideia de que
o amor só vale a pena quando é complexo, e contraditório. Nos poemas de medida
velha, Camões está mais próximo da poesia popular medieval, já nos de média
nova aproxima-se de grandes vultos clássicos.
Os Sonetos
de Camões
Introduzido em Portugal por Sá de Miranda, coube a
Camões assegurar o triunfo do soneto, mercê de sua irresistível vocação lírica;
do seu gosto pela análise das finezas do sentimento amoroso; do equilíbrio
entre a agudeza conceitual, a perfeição formal e a expressão comovida dos
transes existenciais do poeta; da musicalidade feliz que, por trás do rigor da
construção, faz parecerem espontâneos os decassílabos.
Os sonetos de Camões são a parte mais conhecida de
sua lírica; os melhores que escreveu são os melhores de toda a literatura da
língua portuguesa.
Camões é o maior poeta lírico do Classicismo
português.
Dotado de inegável genialidade, coube a ele a
melhor performance do soneto em língua portuguesa. Camões segue estritas regras
de composição, obedecendo ao princípio da imitação, embebendo-se em fontes
italianas como as do poeta Petrarca.
A brevidade do soneto - dois quartetos, dois
tercetos - requer grande concentração emocional, geralmente disposta sob a
forma de tese-antítese com desfecho conclusivo que busca a síntese ou a
unidade. A linguagem é condensada no decassílabo, utilizando a palavra de forma
precisa, permeada pelo controle rígido da razão, mesmo quando o tema é uma
aparente desordem.
Análise do
poema "Alma minha gentil, que te partiste":
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta sida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cd me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou
O soneto, que os biógrafos associam à morte de
Dinamene, chinesa com quem Camões teria vivido em Macau, é dos mais conhecidos.
Segundo a tradição, acusado de delitos administrativos, Camões e Dinamene
teriam sido levados da China para a Índia, onde seria julgado o poeta. Na
viagem, por volta de 1560, o navio naufraga nas costa do Camboja, junto à foz
do rio Mekong.
Camões teria conseguido salvar-se e salvar Os
Lusíadas, que trazia quase concluído, mas teria perdido Dinamene, a sua
"alma gentil", relembrada em elevado tom elegíaco, quase místico.
O platonismo revela-se, no soneto, pela sublimação
eternizadora da amada, a partir de sua morte. O poeta contempla a amada
transubstanciada em puro espírito ("lá no assento etéreo"), por via
do muito amar.
O apelo aos sentidos é transcendentalizado,
imaterializado buscando Dinamene no Céu, em Deus, entendidos como valores
filosóficos, míticos, e não apenas religiosos ou cristãos. A morte implica uma
espécie de purificação. A amada, que partiu para esse "mundo das idéias e
formas eternas", também se torna objeto de elevação e saudade. Mas a
"reminiscência", neste caso, tem mão dupla: do poeta, que se eleva à
beleza imaterial da amada, como usual, e também na direção oposta, pois o poeta
sugere a possibilidade de que a amada se lembre dele, "lá do assento
etéreo".
O poeta equilibra a expressão de seus transes
existenciais com a disciplina clássica.
Emoção e razão, expressão pessoal e imitação
modelam uma dicção sóbria, contida, mas nem por isso menos comovente. Mesmo
quando aproveita o material autobiográfico, não há o "descabelamento"
desesperado dos românticos. A morte da amada serve também ao exercício poético
da imitação, no caso, do modelo petrarquista: "Quest anima gentil che si
diparte / Anzi tempo chiamata a l'altravita".
Observe que, curiosamente, em "Alma
minha..." o ouvido de Camões foi indiferente a uma cacofonia
("maminha"), que hoje seria de todo modo evitada.
A situação conflitante que o poeta retrata projeta
uma tensão que se aproxima do Maneirismo e, por essa via, do Barroco: a
presença da morte, o tom fatalista, o dualismo que opõe vida e morte, passado e
presente, serenidade e sofrimento.
Além do tema amoroso, Camões se faz cantor dos
desconcertos do mundo. Espírito muito atento à sua época, tem plena consciência
de que tudo muda, nada é eterno.
O homem, embora queira sempre atingir o ideal e a
perfeição, depara-se com a terrível restrição imposta pela própria condição
humana. O poeta chega à conclusão de que não existe o absoluto ou o eterno,
restando a ele divagar sobre o real e o ideal, o eterno e o transitório, a
morte e a vida, o pessoal e o universal. Nesses pares, encontram-se as mais
profundas tensões que a lírica já deixou transparecer.
Análise do poema
“O amor é fogo que arde sem se ver”:
O poema O amor é um fogo que arde sem se ver,
de Luís de Camões, faz parte da lírica clássica do autor, a medida nova.
Neste poema, Camões procurou conceituar a natureza
contraditória do amor. Não é um tema novo. Já na Antigüidade, o amor era visto
como uma espécie de cegueira, uma doença da razão, uma enfermidade de
conseqüências às vezes devastadoras. Nas cantigas de amor medievais, os
trovadores exprimiam seu sofrimento, a coita, provocada pela
desorientação das reações do artista diante de sua Senhora, de sua Dona.
Petrarca e os poetas do dolce stil nuovo privilegiaram, na Renascença italiana, o tema do desencontro amoroso, das contradições entre o amar e o querer e do sofrimento dos amantes e apaixonados.
O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente, por meio de uma operação de fundo intelectual, racional, valendo-se de raciocínios próximos da lógica formal. Mas como o amor é um sentimento vago, imensurável, Camões acabou por concluir pela ineficácia de sua análise, desembocando no paradoxo do último verso. O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: o sentir deseja e o pensar limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava, o resultado, na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos. Essa feição contraditória e o jogo de oposições aproximam Camões do Maneirismo e, no limite, do Barroco.
Petrarca e os poetas do dolce stil nuovo privilegiaram, na Renascença italiana, o tema do desencontro amoroso, das contradições entre o amar e o querer e do sofrimento dos amantes e apaixonados.
O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente, por meio de uma operação de fundo intelectual, racional, valendo-se de raciocínios próximos da lógica formal. Mas como o amor é um sentimento vago, imensurável, Camões acabou por concluir pela ineficácia de sua análise, desembocando no paradoxo do último verso. O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: o sentir deseja e o pensar limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava, o resultado, na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos. Essa feição contraditória e o jogo de oposições aproximam Camões do Maneirismo e, no limite, do Barroco.
Leia o poema:
QUARTETOS
|
1. Amor é um fogo que arde sem se ver
2. É ferida que dói e não se sente;
3. É um contentamento descontente;
4. É dor que desatina sem doer.
5. É um não querer mais que bem querer;
6. É um andar solitário entre a gente;
7. É nunca contentar-se de contente;
8. É um cuidar que ganha em se perder.
|
TERCETOS |
9. É querer estar preso por vontade;
10. É servir a quem vence, o vencedor;
11. É ter com quem nos mata lealdade.
12. Mas como causar pode seu favor
13. Nos corações humanos amizade,
14. Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
|
Os
versos têm estrutura bimembre e contêm afirmativas que se repartem em
enunciados contrários (antitéticos). Essas oposições simetricamente dispostas
nos versos, acumulam-se em forma de gradação (clímax), para desembocar na
desconcertante interrogação/conclusão do último verso sobre os efeitos do amor.
As contradições, por vezes, são aparentes porque o segundo membro do verso
funciona como complemento do primeiro, especificando-o e tornando-o ainda mais
expressivo, quando confronta duas realidades diversas: uma sensível ("ferida
que dói") e uma espiritual, que transcende a primeira ("e não
se sente").
É o caso do 1º, 2º, 4º e 5º versos.
No 1º verso, por exemplo, o segundo membro ("sem se ver" significa
interiormente;) no 2º verso, o Amor "é ferida que dói (exteriormente)
e não se sente" (interiormente); no 4º verso, o Amor "é dor
que desatina (exteriormente) "sem doer"fogo como
elemento de contraste entre os dois membros desses versos, este mesmo fogo,
contraditoriamente, "arde sem se ver". (interiormente) e,
no 5º verso, a noção é a de que não é possível querer mais, de tanto que se
quer, de tanto que se ama. Mesmo que se tome o referencial
A
reiteração do verbo ser ("É") no início dos versos, do 2º ao
11º, configura uma sucessão de anáforas, uma cadeia anafórica. O soneto
inicia-se e termina com a mesma palavra - Amor -, sentimento contraditório,
que é o tema da composição.
Quanto
à métrica, os versos são decassílabos (dez sílabas poéticas), com predomínio
dos decassílabos heróicos, nos quais a sexta e a décima sílabas são sempre
tônicas.
www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/.../lit_port_poesia_lirica
Os Lusíadas - Resumo
www.prof2000.pt/users/secjeste/dlrc/seucsec/unid08/lusres.htm
Os Lusíadas - Guia do Estudante
guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_409173.shtml
Os Lusíadas | Resumos Literarios