O Simbolismo - que também foi chamado de
Decadentismo, Impressionismo, Nefelibatismo - surgiu na França, por volta de
1880, e de lá difundiu-se internacionalmente, abrangendo vários ramos
artísticos, principalmente a poesia. O período era de profundas modificações
sociais e políticas, provocadas fundamentalmente pela expansão do capitalismo,
na esteira da industrialização crescente, e que convergiram para, dentre outras
conseqüências, a I Guerra Mundial. Na Europa haviam germinado idéias
científico-filosóficas e materialistas que procuravam analisar racionalmente a
realidade e assim apreender as novas transformações; essas idéias,
principalmente as do positivismo, influenciaram movimentos literários como o
Realismo e o Naturalismo, na prosa, e o Parnasianismo, na poesia.
No entanto, os triunfos materialistas e
científicos não eram compartilhados ou aceitos por muitos estratos sociais, que
haviam ficado ao largo da prosperidade burguesa característica da chamada
"belle époque"; pelo contrário, esses grupos alertavam para o
mal-estar espiritual trazido pelo capitalismo. Assim, como afirmou Alfredo Bosi
(1936), "do âmago da inteligência européia surge uma oposição vigorosa ao
triunfo da coisa e do fato sobre o sujeito - aquele a quem o otimismo do século
prometera o paraíso mas não dera senão um purgatório de contrastes e
frustrações". A partir dessa oposição, no campo da poesia, formou-se o
Simbolismo.
O movimento simbolista tomou corpo no Brasil
na década de 1890, quando o país passava também por intensas e radicais
transformações, ainda que diversas daquelas vivenciadas na Europa. O advento da
República e a abolição da escravatura modificaram as estruturas políticas e
econômicas que haviam sustentado a agrária e aristocrática sociedade brasileira
do Império. Os primeiros anos do regime republicano, de grande instabilidade
política, foram marcados pela entrada em massa de imigrantes no país, pela
urbanização dos grandes centros - principalmente de São Paulo, que começou a
crescer em ritmo acelerado -, e pelo incremento da indústria nacional.
Nas cidades, a classe média se expandiu,
enquanto a operária começou a tornar-se numerosa. No campo, aumentaram as
pequenas propriedades produtivas e o colonato. A jovem república federativa,
que ainda definia os limites de seu território, conheceu a riqueza efêmera da
borracha na Amazônia e a prosperidade trazida pela diversificação da produção
agrícola no Rio Grande do Sul. Mas era o café produzido no Centro-Sul a força
motriz da economia brasileira, e de seus lucros alimentou-se a poderosa burguesia
que determinava o destino de grande parte dos projetos políticos, financeiros e
culturais do país.
No Brasil ainda sustentado pela
agricultura e dependente de importações de produtos manufaturados, máquinas e
equipamentos, a indústria editorial engatinhava. O público leitor era reduzido,
já que a maior parte da população era analfabeta. As poucas editoras existentes
concentravam-se no Rio de Janeiro e lançavam autores de preferência já
conhecidos do público, em tiragens pequenas, impressas em Portugal ou na
França, e mal distribuídas. Era principalmente nas páginas de periódicos que
circulavam as obras literárias, e onde se debatiam os novos movimentos
estéticos que agitavam os meios artísticos. Foi por meio do jornal carioca
Folha Popular que formou-se o grupo simbolista liderado por Cruz e Sousa,
provavelmente o mais importante a divulgar a nova estética no país.
Também por força dessas circunstâncias,
muitos autores do período colaboraram como cronistas para jornais e revistas,
atividade que contribuiu para a profissionalização do escritor brasileiro. Raul
Pompéia, ficcionista ligado ao Realismo, foi um deles, e abordou importantes
acontecimentos e debates da época em suas crônicas, como a questão do Voto
Feminino e Voto Estudantil ou os problemas da Viação Urbana. Além dos
periódicos, as conferências literárias eram outra fonte de renda e de
divulgação para os autores brasileiros, que também costumavam freqüentar salões
artísticos promovidos por membros da elite, como a Vila Kyrial de José de
Freitas Vale, senador, mecenas e autor de versos simbolistas que posteriormente
patroneou autores modernistas.
Os simbolistas contribuíram muito para a
evolução do mercado de periódicos, pois lançaram grande número de revistas, em
vários estados brasileiros. Ainda que os títulos durassem, na maioria das
vezes, apenas alguns números, o que é também indicativo da fragilidade do
mercado editorial e da cena literária, representaram grande avanço no setor,
notavelmente pelo apuro gráfico. Dentre os periódicos simbolistas destacam-se
as cariocas Rio-Revista e Rosa-Cruz, as paranaenses Clube Curitibano e O
Cenáculo, as mineiras Horus e A Época, a cearense A Padaria Espiritual, a
baiana Nova Cruzada, entre muitas outras. No começo do século XX, foram
publicadas revistas que ficariam famosas pela qualidade editorial e gráfica,
como Kosmos e Fon-Fon!. As inovações formais e tipográficas praticadas pelos
simbolistas, como os poemas figurativos, as páginas coloridas, os livros-estojo
exigiam grande requinte técnico e, por conseqüência, terminaram por ajudar a
melhorar a qualidade da indústria gráfica no país.
Os poetas simbolistas acreditavam que a
realidade é complexa demais pra ser apreendida e descrita de maneira objetiva e
racional, como pretendiam os realistas e parnasianos. Eles voltaram-se para o
universo interior e os aspectos não-racionais e não-lógicos da vida, como o
sonho, o misticismo, o transcendental. Propunham o exercício da subjetividade
contra a objetividade - retomando, de modo diferente, o individualismo romântico.
É preciso diferenciar, todavia, poesia
simbolista de poesia simbólica. Como afirma o crítico Afrânio Coutinho (1911 -
2000), "nem toda literatura que usa o símbolo é simbolista. A poesia
universal é toda ela na essência simbólica". O Simbolismo, para Coutinho,
"posto não constituísse uma unidade de métodos, antes de ideais, procurou
instalar um credo estético baseado no subjetivo, no pessoal, na sugestão e no
vago, no misterioso e ilógico, na expressão indireta e simbólica. Como pregava
Mallarmé, não se devia dar nome ao objeto, nem mostrá-lo diretamente, mas
sugeri-lo, evocá-lo pouco a pouco, processo encantatório que caracteriza o
símbolo."
No Brasil, onde o Parnasianismo dominava o
cenário poético, a estética simbolista encontrou resistências, mas animou a
criação de obras inovadoras. Desde o final da década de 1880 as obras de
simbolistas franceses, entre eles Baudelaire e Mallarmé, e portugueses, como
Antonio Nobre e Camilo Pessanha, vinham influenciando grupos como aquele que se
formou em torno da Folha Popular, no Rio, liderado por Cruz e Souza e integrado
por Emiliano Perneta, B. Lopes e Oscar Rosas. Mas foi com a publicação, em
1893, de Missal, livro de poemas em prosa, e Broquéis, poemas em versos, ambos
de Cruz e Souza, que principiou de fato o movimento simbolista no país - embora
a importância desses livros e do próprio movimento só tenha sido reconhecida
bem mais tarde, com as vanguardas modernistas.
Entre as inovações formais que caracterizam
o Simbolismo estão a prática do verso livre, em oposição ao rigor do verso
parnasiano, e o uso de "uma linguagem ornada, colorida, exótica, poética,
em que as palavras são escolhidas pela sonoridade, ritmo, colorido, fazendo-se
arranjos artificiais de parte ou detalhes para criar impressões sensíveis,
sugerindo antes que descrevendo e explicando", de acordo com Afrânio
Coutinho. Traços formais característicos do Simbolismo são a musicalidade, a
sensorialidade, a sinestesia (superposição de impressões sensoriais). O
antológico poema Antífona, de Cruz e Souza, é exemplar nesse sentido; sugestões
de perfumes, cores, músicas perpassam todo o poema, cuja linguagem vaga e
fluida é plena de recursos sonoros como aliterações e assonâncias. Há também em
Antífona referências a elementos místicos, ao sonho, a mistérios, ao amor
erótico, à morte, os grandes temas simbolistas.
Ainda com relação à forma, o soneto foi
cultivado pelos simbolistas, mas não com a predileção manifestada pelos
parnasianos, nem com sua paixão descritiva. Em sonetos como Incenso, de Gilka Machado,
e Acrobata da Dor, de Cruz e Souza, está presente a linguagem que sugere, em
lugar de nomear ou descrever, além de elementos como o questionamento da razão,
a dor da existência, o interesse pelo mistério, a transcendência espiritual,
que são característicos do Simbolismo. Lembre-se a propósito, também, do poema
O Soneto, de Cruz e Souza, em que a linguagem poética simbolista transfigura e
recria a forma da composição soneto. É importante lembrar que as correntes
simbolistas e parnasianas coexistiram e se influenciaram mutuamente; assim, há
na obra de adeptos do Simbolismo traços da estética parnasiana e, do mesmo
modo, impregnações simbolistas na obra de poetas ligados ao Parnasianismo, como
Francisca Júlia.
O Simbolismo e o Parnasianismo, segundo José
Aderaldo Castello, projetaram-se nas primeiras décadas do século XX,
"deixando importante legado para herdeiros que se fariam grandes poetas do
Modernismo". O Simbolismo, porém, "mais do que os adeptos da poesia
?científico-filosófica? e realista, provocou o debate, aguçando o confronto de
gerações."
Os principais autores simbolistas
brasileiros são Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens, mas merecem destaque
também Gilka Machado e Augusto dos Anjos.
Cruz e Souza é considerado o maior poeta
simbolista brasileiro, e foi mesmo apontado pelo estudioso Roger Bastide como
dos maiores poetas do Simbolismo no mundo. Para a crítica Luciana
Stegagno-Picchio, "ao firme, sapiente universo do parnasiano, à estátua,
ao mármore, mas também ao polido distanciamento e ao sorriso, o simbolista Cruz
e Souza contrapõe seu universo sinuoso, mal seguro, inquietante, misterioso,
alucinante". Negro, o poeta sofreu preconceitos terríveis, que marcaram de
diversos modos sua produção poética. Os críticos costumam indicar a
"obsessão" pela cor branca em seus versos, repletos de brumas,
pratas, marfins, linhos, luares, e de adjetivos como alva, branca, clara. Mas
Cruz e Souza também expressou as dores e injustiças da escravidão em poemas
como Crianças Negras e Na Senzala.
A obra de Alphonsus de Guimaraens é
fundamentada pelos temas do misticismo, do amor e da morte. Em poemas como A
Catedral e A Passiflora, repletos de referências católicas, a religiosidade é o
assunto principal. O poeta também voltou-se para outro tema caro aos
simbolistas, o interesse pelo inconsciente e pelas zonas profundas e
desconhecidas da mente humana. Ismália, talvez seu poema mais conhecido,
tematiza justamente a loucura. O amor, em sua poesia, é o amor perdido,
inatingível, pranteado, como em Noiva e Salmos da Noite; reminiscências da
morte prematura da mulher que amou na juventude.
Gilka Machado "foi a maior figura
feminina de nosso Simbolismo", segundo o crítico Péricles Eugênio da Silva
Ramos (1919 - 1992). Seus poemas, de intenso sensualismo, chegaram a causar
escândalo, mas revelaram novas maneiras de expressar o erotismo feminino.
Emiliano Perneta também imprimiu forte sensualismo em seus versos,
característicos além disso pelo satanismo e decadentismo. Sua poesia, para
Andrade Muricy, é "a mais desconcertante e variada que o simbolismo
produziu entre nós". Já a obra de Augusto dos Anjos - extremamente
popular, diga-se de passagem - é única, e há grande dificuldade entre a crítica
para classificá-la. Seus poemas, que chegam a ser expressionistas, recorrem a
uma linguagem cientifista-naturalista, abundante de termos técnicos, para
tematizar a morte, a destruição, o pessimismo e mesmo o asco diante da vida.
Surgimento e evolução
Simbolismo é uma tendência literária da
poesia e das outras artes que surgiu na França, no final do século XIX, como
oposição ao Realismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época.
A partir de 1881, na
França, poetas, pintores, dramaturgos e escritores em geral, influenciados pelo
misticismo advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e religiões
orientais - procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens
a que se dedicavam.
Marcadamente individualista e místico, foi,
com desdém, apelidado de "decadentismo" - clara alusão à decadência
dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que neles deixava a
sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar
definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo.
O precursor do Simbolismo é o francês
Charles Baudelaire, com a publicação de “As Flores do Mal”, em 1857. O
Simbolismo surgiu em meio à divisão social entre as classes burguesa e
proletária, as quais surgiram com o avanço tecnológico advindo da Revolução
Industrial.
O mundo estava em
processo de mudanças econômicas, enquanto o Brasil passava por guerras civis
como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada, nos anos compreendidos
entre 1893 a 1895.
Há um clima de grande desordem social,
política e econômica nesse período de transição do século XIX para o século XX.
As potências estão em guerra pelo poderio econômico dos mercados consumidores e
dos fornecedores de matéria-prima, ao passo que no Brasil eclodiam as revoltas
sociais.
O Simbolismo é a estética literária do
final do século XIX em oposição ao Realismo e teve início no Brasil em 1893,
com a publicação de “Missal” e “Broquéis”, obras de autoria de Cruz e Sousa.
Teve seu fim com a Semana de Arte Moderna, que foi o marco do início do
Modernismo.
O Simbolismo não é considerado uma escola
literária, já que nesse período havia três manifestações literárias em
confronto: o Realismo, o Simbolismo e o Pré-Modernismo.
Podemos diferenciar a estética poética
simbólica da parnasiana, bem como da realista, no quesito de temas abordados:
negação do materialismo, cientificismo e racionalismo do período do Realismo,
busca ao interior do homem, da sua essência, uso de sinestesias, aliterações,
musicalidade, além das dicotomias alma e corpo, matéria e espírito.
No período do Simbolismo podemos destacar
os escritores Eugênio de Castro e Cruz e Souza.
Principais características
Subjetivismo
Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e
individual do que pela visão mais geral. A visão objetiva da realidade não
desperta mais interesse, e, sim, está focalizada sob o ponto de vista de um
único indivíduo. Dessa forma, é uma poesia que se opõe à poética parnasiana e
se reaproxima da estética romântica, porém, mais do que voltar-se para o
coração, os simbolistas procuram o mais profundo do "eu" e buscam o
inconsciente, o sonho.
Musicalidade
A musicalidade é uma das características
mais destacadas da estética simbolista, segundo o ensinamento de um dos mestres
do simbolismo francês, Paul Verlaine, que em seu poema "Art
Poétique", afirma: "De la musique avant toute chose..." ("
A música antes de mais nada...") Para conseguir aproximação da poesia com
a música, os simbolistas lançaram mão de alguns recursos, como por exemplo a
aliteração, que consiste na repetição sistemática de um mesmo fonema
consonantal, e a assonância, caracterizada pela repetição de fonemas vocálicos.
Transcendentalismo
Um dos princípios básicos dos simbolistas
era sugerir através das palavras sem nomear objetivamente os elementos da
realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para interpretar a realidade, os
simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica. Preferem o vago,
o indefinido ou impreciso. O fato de preferirem as palavras névoa, neblina, e
palavras do genêro, transmite a idéia de uma Obsessão pelo branco (outra
característica do simbolismo) como podemos observar no poema de Cruz e Sousa:
"Ó Formas
alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas
vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras..." [...]
Dado esse poema de Cruz e Sousa, percebe-se
claramente uma obsessão pelo branco, sendo relatado com grande constância no
simbolismo.
Literatura do simbolismo
Os temas são místicos, espirituais,
ocultos. Abusa-se da sinestesia, sensação produzida pela interpenetração de
órgãos sensoriais: "cheiro doce" ou "grito vermelho", das
aliterações (repetição de letras ou sílabas numa mesma oração: "Na messe
que estremece") e das assonâncias, repetição fônica das vogais: repetição
da vogal "e" no mesmo exemplo de aliteração, tornando os textos
poéticos simbolistas profundamente musicais.
O Simbolismo em Portugal liga-se às
atividades das revistas Os Insubmissos e Boêmia Nova, fundadas por estudantes
de Coimbra, entre eles Eugênio de Castro, que ao publicar um volume de versos
intitulado Oaristos, instaurou essa nova estética em Portugal. Contudo, o
consolidador estará, a esse tempo, residindo verdadeiramente no Oriente -
trata-se do poeta Camilo Pessanha, venerado pelos jovens poetas que irão
constituir a chamada Geração Orpheu.O movimento simbolista durou
aproximadamente até 1915, altura em que se iniciou o Modernismo.
Escritores simbolistas
Pode-se dizer que o precursor do movimento,
na França, foi o poeta francês Charles Baudelaire com "As Flores do
Mal", ainda em 1857.
Mas só em 1881 a
nova manifestação é rotulada, com o nome decadentismo, substituído por
Simbolismo em manifesto publicado em 1886. Espalhando-se pela Europa, é na
França, porém, que tem seus expoentes, como Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e
Stéphane Mallarmé.
Portugal
Os nomes de maior destaque no Simbolismo
português são: Camilo Pessanha, António Nobre, Augusto Gil e Eugénio de Castro
Brasil
No Brasil, dois grandes poetas
destacaram-se dentro do movimento simbolista: Cruz e Sousa, e Alphonsus de
Guimarães. No primeiro, a angústia de sua condição, reflete-se no comentário de
Manuel Bandeira: "Não há (na literatura brasileira) gritos mais
dilacerantes, suspiros mais profundos do que os seus".
São também escritores que merecem atenção:
Augusto dos Anjos, Raul de Leoni, Emiliano Perneta, Da Costa e Silva, Dario
Veloso, Arthur de Salles, Ernãni Rosas, Petion de Villar, Marcelo Gama,
Maranhão Sobrinho, Saturnino de Meireles, Pedro Kikerry, Alceu Wamosy, Eduardo
Guimarães, Gilka Machado e Onestaldo de Penafort.
Simbolismo nas artes plásticas
Oriundo do impressionismo, Paul Gauguin
deixa-se influenciar pelas pinturas japonesas que aparecem na Europa,
provocando verdadeiro choque cultural - e este artista abandona as técnicas
ainda vigentes nas telas do movimento onde se iniciou, como a perspectiva,
pintando apenas em formas bidimensionais. A temática alegórica passa a dominar,
a partir de 1890. Ao artista não bastava pintar a realidade, mas demonstrar na
tela a essência sentimental dos personagens - e em Gauguin isto levou a uma
busca tal pelo primitivismo que o próprio artista abandonou a França, indo morar
com os nativos da Polinésia francesa.
Em França outros artistas, como Gustave
Moreau, Odilon Redon, Maurice Denis, Paul Sérusier e Aristide Maillol, aderem à
nova estética. Na Áustria, usando de motivos eminentemente europeus do estilo
rococó, Gustav Klimt é outro que, assim como Gauguin, torna-se conhecido e
apreciado. O norueguês Edvard Munch, autor do célebre quadro "O
grito", alia-se primeiro ao simbolismo, antes de tornar-se um dos
expoentes do expressionismo.
No Brasil, o movimento simbolista influenciou
a obra de pintores como Eliseu Visconti e Rodolfo Amoedo. A tela
"Recompensa de São Sebastião", de Eliseu Visconti, medalha de ouro na
Exposição Universal de Saint Louis, em 1904, é um exemplo da influência
simbolista nas artes plásticas do Brasil.
Já na literatura, o simbolismo tem início
no Brasil em 1893 com a publicação de dois livros: Missal (prosa) e Broquéis
(poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano de 1922, data da Semana
da Arte Moderna.
O início do simbolismo não pode, no entanto,
ser identificado com o termino da escola antecedente, Realismo. Na realidade,
no final do século XIX e início do século XX três tendências caminhavam
paralelas: O Realismo e suas manifestações (romance realista, romance
naturalista e poesia parnasiana); O simbolismo, situado à margem da literatura
acadêmica época; e o pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores
preocupados em denunciar a realidade brasileira, como Euclides da Cunha, Lima
Barreto e Monteiro Lobato, entre outros.
Les Nabis
Como conseqüência do Simbolismo, apareceu o
grupo de Les Nabis. Tem a particularidade de ter formas mais simplificadas e
cores mais puras. A arte torna-se desta forma uma realidade autónoma do real,
pois nela estão patentes emoções, sentimentos e ideologias.
Simbolismo no teatro
Buscaram os autores, dentre os quais o
belga Maeterlinck, o italiano Gabriele D'Annunzio e o norueguês Ibsen, levar ao
palco não personagens propriamente ditos, mas alegorias a representar sentimento,
idéia - em peças onde o cenário (som, luz, ambiente, etc.) tenham maior dest
pt.wikipedia.org/wiki/Simbolismo
www.itaucultural.org.br/aplicexternas/...lit/index.cfm?...
O SIMBOLISMO NO BRASIL
Iniciado oficialmente em 1893, com a
publicação de Missal (prosa poética) e Broquéis, de Cruz e Souza, considerado o
maior representante do movimento no país, ao lado de Alphonsus de Guimarães, o
Simbolismo brasileiro, segundo alguns autores, não foi tão relevante quanto o
europeu. Em outras palavras, não conseguiu substituir os cânones da literatura
oficial, predominantemente realista e parnasiana.
Esse fenômeno não é difícil de entender: a
ênfase no primitivo e no inconsciente desta poesia, seu caráter universalizante
e ao mesmo tempo intimista, não respondiam às questões nacionais.
Por outro lado, entretanto, pelas mesmas
características mencionadas, as manifestações simbolistas no Brasil,
especialmente no Sul, terra de Cruz e Souza, possuem uma aura de
"seita", com verdadeiras sociedades secretas cujos ritos, jargões e
nomes sugerem os traços essenciais do movimento (por exemplo: "Romeiros da
Estrada de São Tiago", "Magnificentes da palavra de escrita",
etc).
Movimento de cunho idealista, o Simbolismo
teve que enfrentar no Brasil a atmosfera de oposição e hostilidade criada pelo
Zeitgeist realista e positivista dominante desde 1870. O prestígio do
parnasianismo não deixou margem para que se reconhecesse o movimento simbolista
e avaliasse o seu valor e alcance, tão importantes que a sua repercussão e
influência remotas são notórias em relação à literatura modernista. O
Simbolismo foi abafado pela ideologia dominante e os adeptos do simbolismo
sofreram sob forte oposição.
www.coladaweb.com › Literatura
1.ORIGEM:
O SIMBOLISMO data do final do século XIX
e surge também na França, primeiramente na PINTURA (com o nome de
IMPRESSIONISMO) e depois na Literatura,
com "Flores do Mal" de Baudelaire (1870). Além de Baudelaire,
poetas franceses como Mallarmé, Verlaine, Paul Valéry, etc, contagiam toda a
Europa com seus poemas simbolistas.
Em
Portugal, o Simbolismo data de 1890 com a publicação de "Oaristos" de
Eugênio de Castro. O Simbolismo surge no Brasil em 1893, com as obras "Missal"("prosa")
e "Broquéis"(poesia), ambas de autoria de Cruz e Sousa.
A criatividade humana no contexto
histórico contemporâneo do Simbolismo:
Com o Cientificismo ocorrido no século
XIX, decorrente do reinado materialista que toma conta da maneira de ser, de
pensar e de agir do homem ocidental,
ocorre a chamada SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, ou seja, a ciência da época é
transformada em tecnologia que aprimora ainda mais os meios de produção, pouco
restando a fazer ao homem em termos de
USO DA CRIATIVIDADE. Vale lembrar que, antes do surgimento da máquina, o homem
produzia manualmente os produtos consumidos por toda a sociedade: importava a
qualidade ( a beleza, a utilidade, a durabilidade, etc) dos produtos e, nesse
aspecto, o artesão usava toda a sua sensibilidade, sua técnica, sua
CRIATIVIDADE no momento em que fazia seu
trabalho, ou seja, os produtos traziam em si as marcas da subjetividade daquele
que os elaborava. Com a Revolução Industrial, porém, a máquina substitui quase
que totalmente o trabalho humano: no reinado materialista a qualidade não
importa e sim a quantidade, pois quanto mais produtos mais consumo, mais lucro,
mais riqueza para os donos dos meios de produção. A mão de obra e a
criatividade humanas estão sendo cada vez menos solicitadas e, portanto, pouco
aprimoradas, no modo de produção da época.
O
mesmo ocorre com a Arte e a Literatura produzidas nesse contexto: pela
objetividade, pelo detalhismo, por dar a FOTOGRAFIA dos referentes, as obras
artísticas e literárias não permitem que o receptor use sua imaginação, sua
criatividade (sua subjetividade) em nenhum momento.
Em
socorro à criatividade humana tão pouco requisitada na época, surge o
SIMBOLISMO na Arte e na Literatura, visando à produção de obras que permitam um
trabalho intelectual e emocional intensos por parte de seu receptor; esse
exercício intelectual e emotivo pretende aprimorar a inteligência e a
sensibilidade humanas . O relevo dado ao interior do ser humano no Simbolismo é
conseqüência dos postulados das teorias freudianas, como veremos mais adiante.
2. SIMBOLISMO X REALISMO
Como já se pode perceber, o Simbolismo surge
em reação à objetividade, ao materialismo e ao detalhismo do Realismo. Embora
seja tão obediente à Versificação quanto o parnasiano, o simbolista caminha em
direções opostas às do realista: o simbolista é subjetivo, espiritualista e, ao
invés de descrever minuciosamente o referente, procura apenas SUGERI-LO ao
receptor através de uma LINGUAGEM SIMBÓLICA
(CONOTATIVA), repleta de elementos sensoriais (palavras que representam
cores, sons, perfumes, etc) que ao invés de esclarecer o que é o referente,
indefine-o (mascara-o). Para Mallarmé, "o gozo do poema é feito da
felicidade de adivinhar pouco a pouco. Sugerir o mundo, eis o ideal."
3. SIMBOLISMO E
ROMANTISMO
As raízes do Simbolismo estão no
Romantismo, por trazer de volta temas e características importantes do
Romantismo, porém com profundidade:
. a subjetividade: o
romântico deseja atingir as emoções do receptor; além das emoções , o
simbolista quer mais da subjetividade do receptor: pretende atingir sua
criatividade, sua inteligência, enfim, sua "ALMA".
. o espiritualismo:
o simbolista acredita na eternidade da alma;
. a descrição
superficial do referente: na obra
romântica, o referente é caracterizado superficialmente através de uma
linguagem conotativa e de fácil decodificação; na obra simbolista, o referente
é caracterizado superficialmente através de uma linguagem conotativa,
simbólica, que ao invés de definir (esclarecer), indefine o referente para o
receptor.
4. O SÍMBOLO
O símbolo para o simbolista é, por
conseguinte, UM SIGNO CAPAZ DE MASCARAR O REFERENTE QUE ELE REPRESENTA
LINGUISTICAMENTE. Afinal, não existe nada melhor do que uma linguagem simbólica
(figurada) para SUGERIR o referente, o mundo: só ela é capaz de despertar as
mais diversas sensações, as mais diversas leituras (interpretações) , dar asas
à imaginação do receptor.
5.O SIMBOLISMO E A
“TEORIA DOS SONHOS'DE FREUD”
Em sua "Teoria dos Sonhos", Freud
postula que o homem precisa dormir para descansar o corpo e, principalmente,
para sonhar: "o sonho é a realização dos desejos reprimidos quando o homem
está consciente (acordado)". Quando o homem dorme, a consciência
"desliga-se" parcialmente para que o inconsciente entre em atividade,
produzindo o sonho: através do ID, os desejos reprimidos são realizados. Para
Freud, as causas dos traumas que geram certos comportamentos tidos como
anormais estão escondidas no inconsciente das pessoas, onde estão guardados os
desejos reprimidos. Para que o analista possa conhecer tais desejos e eliminar
os traumas, ele faz com que o paciente durma, sonhe e lhe relate o que sonhou
ainda dormindo. Tais relatos, inicialmente, são mentirosos, pois representam o
que o paciente gostaria que tivesse ocorrido: Freud os denomina de CONTEÚDO
MANIFESTO. O conteúdo manifesto de um sonho sempre MASCARA, esconde a verdade
ou seu CONTEÚDO LATENTE. O conteúdo manifesto de um sonho está repleto de SÍMBOLOS, isto é, de elementos absurdos, confusos: cabe
ao analista decifrar esses símbolos, pois eles impedem que a verdade venha à
tona; decifrados os símbolos, o conteúdo latente ( a mensagem implícita) do
sonho, que estava escondido pelo conteúdo manifesto, torna-se conhecido e o
analista pode tratar seu paciente.
O texto simbolista é idêntico ao relato de
um sonho: a mensagem explícita - seu conteúdo manifesto - é repleta de símbolos
(figuras) que mascaram, que escondem a verdadeira mensagem do texto: a
implícita, seu conteúdo latente. O leitor, portanto, deve proceder como um
"psicanalista"...
rosabe.sites.uol.com.br/simbol.htm
Obrigado
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