4.LUÍS
FERNANDO
VERÍSSIMO
|
Luis Fernando
Veríssimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936 é um escritor, humorista,
cartunista,tradutor, roteirista de
televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e revisor de
jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em
alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares
escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.
Biografia
Formação
Nascido em
Porto Alegre, Luis Fernando viveu parte de sua infância e adolescência
nos Estados Unidos, com a família, em função de
compromissos profissionais assumidos por seu pai - professor da Universidade da Califórnia em
Berkeley (1943-1945) e diretor cultural da União
Pan-americana em Washington,
D.C. (1953-1956). Como consequência disso, cursou parte do
primário em San Francisco e Los Angeles,
e concluiu o secundário na Roosevelt High School, de Washington.
Aos 14
anos produziu, com a irmã Clarissa e
um primo, um jornal periódico com notícias da família, que era pendurado no
banheiro de casa e se chamava "O Patentino" (patente é
como é conhecida a privada no Rio Grande do Sul).
No período
em que viveu em Washington, Veríssimo desenvolveu sua paixão pelo jazz, tendo começado a
estudar saxofone e, em frequentes viagens a Nova York,
assistido a espetáculos dos maiores músicos da época, inclusive Charlie
Parker e Dizzy
Gillespie.
Primeiros trabalhos
De volta a
Porto Alegre em 1956, começou a trabalhar no departamento de arte da Editora
Globo. A partir de 1960, fez parte do grupo musical Renato
e seu Sexteto, que se apresentava profissionalmente em bailes na capital
gaúcha, e que era conhecido como "o maior sexteto do mundo", porque
tinha 9 integrantes.
Entre 1962
e 1966, viveu no Rio de Janeiro, onde trabalhou como
tradutor e redator publicitário, e onde conheceu e casou-se (1963) com a
carioca Lúcia Helena Massa, sua companheira até hoje e mãe de seus três
filhos (Fernanda, 1964; Mariana, 1967; e Pedro, 1970).
Em 1967,
de novo em sua cidade natal, começou a trabalhar no jornal Zero Hora,
a princípio como revisor de textos (copy desk). Em 1969, depois de
cobrir as férias do colunista Sérgio Jockymann e poder mostrar a qualidade
e agilidade de seu texto, passou a assinar sua própria coluna diária no
jornal. Suas primeiras colunas foram sobre futebol,
abordando a fundação do Estádio Beira-Rio e os jogos do Internacional, seu clube do coração. No
mesmo ano, tornou-se redator da agência de publicidade MPM
Propaganda.
Em 1970
transferiu-se para o jornal Folha da Manhã[1],
onde manteve sua coluna diária até 1975, escrevendo sobre esporte, cinema,
literatura, música, gastronomia, política e comportamento, sempre com ironia
e ideias pessoais, além de pequenos contos de humor que ilustram seus pontos
de vista.
Em 1971
criou, com um grupo de amigos da imprensa e da publicidade porto-alegrense, o
semanário alternativo O Pato Macho, com textos de humor, cartuns,
crônicas e entrevistas, e que vai circular durante todo o ano na cidade.
Primeiros livros publicados
Em 1973
lançou, pela Editora José Olympio, seu primeiro livro, O Popular,
com o subtítulo "crônicas, ou coisa parecida", uma coletânea de
textos já veiculados na imprensa, o que seria o formato da grande maioria de
suas publicações até hoje. O livro de estreia de Veríssimo recebeu elogios do
importante crítico literário Wilson
Martins, em O Estado de S. Paulo.
Em 1975,
voltou ao jornal Zero Hora, onde permanece até hoje, e passou a escrever
semanalmente também no Jornal do
Brasil, tornando-se nacionalmente conhecido.[1]Publicou
nesse ano seu segundo livro de crônicas, A Grande Mulher Nua[1] e
começou a desenhar a série "As Cobras", que no mesmo ano já rendeu
uma primeira publicação de cartuns.
Em 1979,
publicou seu quinto livro de crônicas, "Ed Mort e Outras
Histórias", o primeiro pela Editora L&PM, com a qual trabalharia
durante 20 anos. O título do livro refere-se àquele que viria a ser um dos
mais populares personagens de Luis Fernando Veríssimo. Uma sátira dos
policiais noir,
imortalizados pela literatura de Raymond
Chandler e Dashiell
Hammett e por filmes interpretados por Humphrey
Bogart, Ed Mort é um detetive particular carioca, de língua
afiada, coração mole e sem um tostão no bolso, que passou a protagonizar
uma tira de quadrinhos desenhada por Miguel
Paiva e publicada em centenas de jornais diários, gerou uma
série de cinco álbuns de quadrinhos (1985-1990) e ainda um filme com Paulo Betti no
papel título.
Entre 1980
e 1981, Veríssimo viveu com a família por 6 meses em Nova York, o que mais
tarde renderia o livro "Traçando Nova York", primeiro de uma série
de seis livros de viagem escritos em parceira com o ilustrador Joaquim da Fonseca e
publicados pela Editora Artes e Ofícios.
Características
. Observação e comentário do cotidiano;
. Humor ferino, mordaz, irônico;
. Linguagem coloquial, simples, ágil, perspicaz.
Popularidade nacional
Em 1981, o
livro "O Analista de Bagé",
lançado na Feira do Livro de Porto Alegre,
esgotou sua primeira edição em dois dias, tornando-se fenômeno de vendas em
todo o país. O personagem, criado (mas não aproveitado) para um programa
humorístico de televisão com Jô Soares,
é um psicanalista de formação freudiana ortodoxa,
mas com o sotaque, o linguajar e os costumes típicos da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e
a Argentina.
A contradição entre a sofisticação da psicanálise e a "grossura"
caricatural do gaúcho da fronteira gerou situações engraçadíssimas, que
Veríssimo soube explorar com talento em dois livros de contos, um de
quadrinhos (com desenhos de Edgar
Vasques) e uma antologia.
Em 1982
passou a publicar uma página semanal de humor na revista Veja, que manteria até
1989.
Em 1983,
em seu décimo volume de crônicas inéditas, lançou um novo personagem que
também faria grande sucesso, a Velhinha de Taubaté, definida como
"a única pessoa que ainda acredita no governo". O ingênuo
personagem, que dera a seu gato de estimação o nome do porta-voz do
Presidente-General Figueiredo, marcava a decadência do governo militar brasileiro,
que já estava quase completando 20 anos. Mas, anos depois, em plena
democracia, Veríssimo faria reviver a Velhinha de Taubaté, ironizando a
credibilidade dos presidentes civis, especialmente Fernando
Collor e Fernando Henrique Cardoso.
Em toda a
década de 1980, Veríssimo consolidou-se como um fenômeno de popularidade raro
entre escritores brasileiros, mantendo colunas semanais em vários jornais e
lançando pelo menos um livro por ano, sempre nas listas dos mais vendidos,
além de escrever para programas de humor da TV Globo.
Em 1986,
morou seis meses com a família em Roma, e cobriu a Copa do Mundo para a revista Playboy.
Em 1988, sob encomenda da MPM Propaganda, escreveu seu primeiro romance,
"O Jardim do Diabo".
Homem de ideias
Em 1989,
começou a escrever uma página dominical para o jornal O Estado de S.
Paulo, mantida até hoje, e para a qual criou o grupo de personagens da
Família Brasil. No mesmo ano, estreou no Rio de Janeiro seu primeiro texto
escrito especialmente para teatro, "Brasileiras e Brasileiros". E
ainda recebeu o Prêmio Direitos Humanos da OAB.
Em 1990,
passou 10 meses com a família em Paris e
cobriu a Copa da Itália para os
jornais Zero Hora, Jornal do Brasil e O
Estado de S. Paulo, o que voltaria a fazer em 1994, 1998, 2002 e 2006.
Em 1991
publicou uma antologia de crônicas para crianças ("O Santinho", com
ilustrações de Edgar Vasques) e outra para adolescentes ("Pai não
Entende Nada").
Em 1994, a
antologia de contos de humor "Comédias da Vida Privada" foi lançada
com grande sucesso, vindo a tornar-se um especial da TV Globo (1994) e depois
uma série de 21 programas (1995-1997), com roteiros de Jorge
Furtado e direção de Guel Arraes.
Veríssimo publicaria ainda uma nova antologia de contos, "Novas Comédias
da Vida Privada" (1996) e, por contraste, uma série de crônicas
políticas até então inéditas em livro, "Comédias da Vida Pública"
(1995).
Em 1995,
intelectuais brasileiros convidados pelo caderno "Ideias" do Jornal
do Brasil elegeram Luis Fernando Veríssimo o Homem de Ideias do ano.
A esta seguiram-se outras homenagens: em 1996, "Medalha de
Resistência Chico Mendes" da ONG Tortura
Nunca Mais, "Medalha do Mérito Pedro
Ernesto" da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e
"Prêmio Formador de Opinião" da Associação Brasileira de Empresas
de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o "Prêmio Juca Pato", da União Brasileira de Escritores como
o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o Prêmio
Multicultural Estadão.
De volta à música
Ainda em
1995, por iniciativa do contrabaixista Jorge Gerhardt, foi
criado o grupo Jazz 6, este certamente "o menor sexteto do
mundo", com apenas 5 integrantes: além de Veríssimo no saxofone e
Gerhardt no contrabaixo, fazem parte do grupo Luiz Fernando Rocha (trompete e flugelhorn), Adão Pinheiro (piano)
e Gilberto Lima (bateria).
Sendo
Gerhardt, Rocha, Pinheiro e Lima "músicos em tempo integral", o
grupo depende da agenda de Veríssimo para se apresentar, mas já tem 13 anos
de estrada e 4 CDs lançados: "Agora é a Hora" (1997), "Speak
Low" (2000), "A Bossa do Jazz" (2003) e "Four"
(2006).
Novos rumos
Em 1999,
Veríssimo deixou de desenhar as tiras de "As Cobras" e mudou de
editora, trocando a L&PM pela Objetiva, que passou a republicar toda a
sua obra. Uma destas antologias, "As Mentiras que os Homens Contam"
(2000), já vendeu mais de 350 mil exemplares.
Em 2003,
resolveu reduzir seu volume de trabalho na imprensa, passando de seis para
apenas duas colunas semanais, agora publicadas em Zero Hora, O Globo e
O Estado de S. Paulo.
A partir
de solicitações geradas pelas editoras, Veríssimo deixou de ser o
"grande escritor de textos curtos" e emendou uma série de novelas e
romances: "Gula - O Clube dos Anjos" (1998) coleção "Plenos
Pecados" da Objetiva; "Borges e os Orangotangos Eternos"
(2000), para a coleção "Literatura ou Morte" da Cia das Letras;
"O Opositor" (2004) para a coleção "Cinco Dedos de Prosa"
da Objetiva; "A Décima Segunda Noite" (2006), para a coleção
"Devorando Shakespeare" da Objetiva; e ainda "Sport Club
Internacional, Autobiografia de uma Paixão" (2004), para a coleção
"Camisa 13" da Ediouro.
Em 2003,
uma reportagem de capa da revista Veja destacou Veríssimo como "o
escritor que mais vende livros no Brasil". Ao mesmo tempo, a versão em
inglês de "Clube dos Anjos" ("The Club Of Angels") é
escolhida pela New York Public Library como um dos 25
melhores livros do ano.
Em 2004,
na França, recebeu o Prix Deux Oceans do Festival de
Culturas Latinas de Biarritz.
Fatos recentes
Em 2006,
Veríssimo chegou aos 70 anos de idade consagrado como um dos maiores
escritores brasileiros contemporâneos, tendo vendido ao todo mais de 5
milhões de exemplares de seus livros. Em 2008, sua filha Fernanda deu-lhe a
primeira neta, Lucinda, nascida no dia do aniversário do Sport Club Internacional, 4 de abril.
Em 21 de
novembro de 2012, Luis Fernando foi internado em estado grave na UTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto
Alegre, devido a um quadro grave de gripe.
Ele teve alta no dia 14 de dezembro.
Em 2014 foi
homenageado pela escola de samba de Porto Alegre Imperadores do Samba com o
enredo A Imperadores do Samba faz a justa homenagem aos personagens
de Luis Fernando Veríssimo
Participou
em 2015 em
uma faixa do último CD da dupla gaúcha Kleiton & Kledir (Com Todas as
Letras) como compositor e saxofonista.
Personagens
·
Ed Mort
Livros
publicados
Crônicas e contos (inéditos) O Popular
·
Amor
Brasileiro (1977, ed. José
Olympio)
·
O Rei do Rock (1978, ed. Globo)
·
O Analista de Bagé (1981,
ed. L&P
·
A Mesa Voadora (1982,
ed. Globo)
·
Outras do Analista de Bagé (1982,
ed. L&PM)
·
A Velhinha de Taubaté (1983,
ed. L&PM)
·
A Mulher do Silva (1984,
ed. L&PM)
·
A Mãe de Freud (1985,
ed. L&PM)
·
O Marido do Doutor Pompeu (1987,
ed. L&PM)
·
Zoeira (1987
·
Pai Não Entende Nada (1990,
ed. L&PM)
·
O Santinho (1991,
ed. L&PM)
·
Humor Nos Tempos do Collor (1992,
ed. L&PM Com Millôr Fernandes e Jô Soares)
·
O Suicida e o Computador (1992,
ed. L&PM)
·
Comédias da Vida Pública (1995,
ed. L&PM)
· A Versão dos Afogados -
Novas Comédias da Vida Pública (1997, ed. L&PM)
· A Mancha (2004, ed. Cia das Letras, coleção Vozes do
Golpe)
·
Em Algum Lugar do Paraíso (2011,
ed. Objetiva)
·
Diálogos Impossíveis (2012,
ed. Objetiva)
·
Os Últimos Quartetos de
Beethoven (2013, ed. Objetiva)
Crônicas e contos
(antologias e reedições)
·
O Gigolô das Palavras (1982,
ed. L&PM)
·
Comédias da Vida Privada (1994,
ed. L&PM)
·
O Nariz e Outras Crônicas (1994, ed. Ática)
·
Novas Comédias da Vida
Privada (1996, ed. L&PM)
·
Ed Mort, Todas as Histórias (1997,
ed. L&PM)
· Aquele Estranho Dia que
Nunca Chega (1999, Editora Objetiva)
· A Eterna Privação do
Zagueiro Absoluto (1999, Editora Objetiva)
·
Histórias Brasileiras de
Verão (1999, Editora Objetiva)
·
As Noivas do Grajaú (1999, ed. Mercado Aberto)
·
Todas as Comédias (1999,
ed. L&PM)
·
Festa de Criança (2000,
ed. Ática)
· Todas as Histórias do
Analista de Bagé (2002, Editora Objetiva)
· Banquete Com os Deuses (2002,
Editora Objetiva)
· O Melhor das Comédias da
Vida Privada (2004, Editora Objetiva)
·
Mais comédias para ler na
escola (2008, Editora Objetiva)
· O Mundo é Bárbaro, e o que
Nós Temos a Ver com Isso (2008, Editora Objetiva)
· Time dos Sonhos (2010,
Editora Objetiva)
· Amor Verissimo (2013,
Editora Objetiva)
·
As Mentiras que as Mulheres
Contam (2015, Editora Objetiva)
Novelas e romances
· Pega pra Kapput (1978,
ed. L± com Moacyr Scliar, Josué Guimarães e Edgar
Vasques)
· O Jardim do Diabo (1987,
ed. L&PM)
· Gula - O Clube dos Anjos (1998,
Editora Objetiva, coleção Plenos
Pecados)
· Borges e os Orangotangos
Eternos (2000, ed. Cia das Letras, coleção Literatura ou Morte)
· O Opositor (2004,
Editora Objetiva, coleção Cinco Dedos de Prosa)
· A Décima Segunda Noite (2006,
Editora Objetiva, coleção Devorando Shakespeare)
· Os Espiões (2009,
Editora Objetiva)
Relatos de viagens
· Traçando New York (1991, ed. Artes e Ofícios; com
Joaquim da Fonseca)
· Traçando Paris (1992,
ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
· Traçando Porto Alegre (1993,
ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
· Traçando Roma (1993,
ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
· América (1994,
ed. Artes e Ofícios)
· Traçando Japão (1995,
ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
· Traçando Madrid (1997,
ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
Cartuns e quadrinhos
· As Cobras (1975,
ed. Milha)
· As Cobras e Outros Bichos (1977,
ed. L&PM)
· As Cobras do Verissimo (1978,
ed. Codecri)
· O Analista de Bagé em
Quadrinhos (1983, ed. L± com Edgar Vasques)
· Aventuras da Família Brasil (1985,
ed. L&PM)
· Ed Mort em Procurando o
Silva (1985, ed. L± com Miguel
Paiva)
· As Cobras, vols I,
II e III (1987, ed. Salamandra)
· Ed Mort em Disneyworld
Blues (1987, ed. L± com Miguel Paiva)
· Ed Mort em Com a Mão no
Milhão (1988, ed. L± com Miguel Paiva)
· Ed Mort em Conexão Nazista (1989,
ed. L± com Miguel Paiva)
· Ed Mort em O Sequestro do
Zagueiro Central (1990, ed. L± com Miguel Paiva)
· A Família Brasil (1993,
ed. L&PM)
· As Cobras
em Se Deus existe que eu seja atingido por um raio (1997,
ed. L&PM)
· Pof (2000,
ed. Projeto)
· Aventuras da Família Brasil (reedição
- 2005, Editora Objetiva)
· "As Cobras - Antologia
Definitiva" (2010, Editora Objetiva)
Outros
. O Arteiro
e o Tempo (infantil; ed. Berlendis & Vertecchia; ilustrada por Glauco
Rodrigues)
. Poesia
Numa Hora Dessas?! (poemas; 2002, Editora Objetiva)
. Internacional, Autobiografia de uma
Paixão (2004, ed. Ediouro).
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LUÍS FERNANDO
VERÍSSIMO - CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
CRÔNICAS
"É um gênero literário que tem assumido no Brasil, além da personalidade de gênero, um desenvolvimento e uma categoria que fazem dela uma forma literária de requintado valor estético, um gênero específico e autônomo.
"É um gênero literário que tem assumido no Brasil, além da personalidade de gênero, um desenvolvimento e uma categoria que fazem dela uma forma literária de requintado valor estético, um gênero específico e autônomo.
... A crônica é na essência uma forma de arte, arte da palavra, a que se
liga forte dose de lirismo. É um gênero altamente pessoal, uma reação
individual, íntima, ante ao espetáculo da vida, as coisas, os seres. O cronista
é solitário com ânsia de comunicar-se. E ninguém melhor se comunica do que ele,
através desse meio vivo, álacre, insinuante, ágil que é a crônica. A
literatura, sendo uma arte – cujo meio é a palavra – e portanto oriunda da
imaginação criadora, visando a despertar o prazer estético – nada mais
literário do que a crônica, que não pretende informar, ensinar, orientar. Crônicas:
leia o texto na íntegra no linkabaixo:http://ofiodaspalavras.blogspot.com/2004/10/ainda-sobre-lus-fernando-verssimo-o.html.
... As crônicas de Luís Fernando Veríssimo trilham dois caminhos. Num primeiro momento, percebemos a utilização do riso como provocação de reflexões em torno dos costumes. Atrás da comicidade das crônicas - “Anônimos” e “Realismo” -encontramos a utilização do riso como arma para a denúncia de comportamentos da sociedade.
... Deleitando-se com a língua portuguesa, Luís Fernando Veríssimo demonstra suas imensas possibilidades de provocar o riso...
... Algumas crônicas que melhor representam o emprego das técnicas do risível para o que, em um primeiro instante, parece ser apenas o encontro do prazer. “Defenestração”, “Palavreado”, “Bons tempos”, e “O gigolô das palavras” servem para a comprovação de que o riso na linguagem esconde algo mais do que uma simples liberação das tensões. As duas primeiras crônicas foram extraídas da recente coletânea Comédias para se ler na escola; encontramos “Bons tempos” no livro batizado de Zoeira e a crônica “O gigolô das palavras” nomeia a obra em que foi publicada.
Assim como na vertente encabeçada por Aristóteles, que demonstra que riso se presta para punir os costumes, a linguagem empregada por Veríssimo como mecanismo para o surgimento de situações cômicas também serve para apontar uma realidade escamoteada pelo riso. A simples liberação de tensão e prazer, proposta por Platão e defendida por Freud, cede lugar para as reflexões em torno da linguagem e seu funcionamento.
A proposição de uma tipologia do riso na obra de Luís Fernando Veríssimo, portanto, divide-se em duas partes. Na primeira, encontramos a vertente do “punir pelo riso”, inaugurando assim o primeiro tipo de riso suscitado pela pena de Luís Fernando Veríssimo. A última parte propõe uma segunda tipologia do riso na obra do autor. A aparente brincadeira com a linguagem apresenta-se afinada com as considerações de liberação de prazer apontadas por Platão. Após observarmos as crônicas de Luis Fernando Veríssimo, somos capazes de perceber, além dos dois tipos de riso encontrados nos textos de Luís Fernando Veríssimo, “um segundo mundo e uma segunda vida” (BAKHTIN, 1999:4), proposto pelo riso.
... As crônicas de Luís Fernando Veríssimo trilham dois caminhos. Num primeiro momento, percebemos a utilização do riso como provocação de reflexões em torno dos costumes. Atrás da comicidade das crônicas - “Anônimos” e “Realismo” -encontramos a utilização do riso como arma para a denúncia de comportamentos da sociedade.
... Deleitando-se com a língua portuguesa, Luís Fernando Veríssimo demonstra suas imensas possibilidades de provocar o riso...
... Algumas crônicas que melhor representam o emprego das técnicas do risível para o que, em um primeiro instante, parece ser apenas o encontro do prazer. “Defenestração”, “Palavreado”, “Bons tempos”, e “O gigolô das palavras” servem para a comprovação de que o riso na linguagem esconde algo mais do que uma simples liberação das tensões. As duas primeiras crônicas foram extraídas da recente coletânea Comédias para se ler na escola; encontramos “Bons tempos” no livro batizado de Zoeira e a crônica “O gigolô das palavras” nomeia a obra em que foi publicada.
Assim como na vertente encabeçada por Aristóteles, que demonstra que riso se presta para punir os costumes, a linguagem empregada por Veríssimo como mecanismo para o surgimento de situações cômicas também serve para apontar uma realidade escamoteada pelo riso. A simples liberação de tensão e prazer, proposta por Platão e defendida por Freud, cede lugar para as reflexões em torno da linguagem e seu funcionamento.
A proposição de uma tipologia do riso na obra de Luís Fernando Veríssimo, portanto, divide-se em duas partes. Na primeira, encontramos a vertente do “punir pelo riso”, inaugurando assim o primeiro tipo de riso suscitado pela pena de Luís Fernando Veríssimo. A última parte propõe uma segunda tipologia do riso na obra do autor. A aparente brincadeira com a linguagem apresenta-se afinada com as considerações de liberação de prazer apontadas por Platão. Após observarmos as crônicas de Luis Fernando Veríssimo, somos capazes de perceber, além dos dois tipos de riso encontrados nos textos de Luís Fernando Veríssimo, “um segundo mundo e uma segunda vida” (BAKHTIN, 1999:4), proposto pelo riso.
aspf-letraviva.blogspot.com/2008/10/lus-fernando-verssimo-caractersticas.html
1.
Luís Fernando Veríssimo fala da literatura como um mistério a ser solucionado
"O romance é sempre um desvendar de uma
história que vai sendo revelada", diz o autor.
Por:
Um
dos cronistas mais lidos do Brasil, Luis Fernando Verissimo demorou a se
engajar em uma carreira como ficcionista. Seu primeiro romance foi publicado em
1987, quando ele já era um dos homens de imprensa mais populares do país. Desde
então, já publicou outros seis romances e alguns contos. O cerne de sua
produção, ao longo de uma carreira que completou quatro décadas em 2013,
contudo, está na crônica de imprensa, na qual hoje é reverenciado como mestre.
Em nova entrevista da série Obra Completa,
Verissimo recebeu Zero Hora em sua casa para falar dos caminhos de sua
literatura – abertos ao acaso.
Zero
Hora – Seus romances são ancorados no universo literário: são pastiches de
gênero, homenagens a autores como Conrad ou John Le Carré...É a sua forma de
lidar com o velho drama de que “tudo já foi escrito”?
Luis
Fernando Verissimo – De certa forma, sim.
Eu acho que todo romance, de certo modo, é uma narrativa policial, quer dizer,
envolve uma investigação, um mistério que se resolve ou não no fim. A única
diferença é que o policial de fato sempre tem um morto, tem um corpo, um crime,
e o romance não policial não tem, necessariamente, mas é uma investigação,
sempre, um desvendar de algo. Nesse sentido, todos os livros são romances
policiais, alguns com morto, outros sem. O romance é sempre um desvendar de uma
história que vai sendo revelada.
ZH
– O fato de seus personagens serem escritores permite que o senhor aborde um
universo que conhece em profundidade?
Verissimo
– Sim, é um meio de falar sobre esse universo
do livro, da escrita, um mundo que eu conheço, e no qual me criei, digamos
assim. É, fazendo uma retrospectiva rápida, todos os romances são sobre
esse universo.
ZH
– O senhor é enquadrado, em estudos críticos, como um autor pós-moderno, pelo
uso de artifícios como a metalinguagem, o elenco de referências, a paródia da
tradição, o humor. O senhor concorda com essa definição ou se sente confortável
com ela?
Verissimo – Eu nunca entendi muito bem o que é o pós-moderno. Acho que
ninguém ainda me definiu muito bem o que é isso. Mas, no sentido cronológico,
pelo fato de os romances serem relativamente recentes, dos anos 1980 para cá,
acho que não me incomoda. Eu mesmo não me definiria assim, mas não vejo
problema.
ZH
– O Jardim do Diabo, sua primeira incursão no romance, vem de
uma encomenda, mas apenas em 1987, quando o senhor já tinha uma reputação
consolidada como cronista. Por que levou tanto tempo?
Verissimo – Eu não tinha nenhuma ideia de ser escritor ou jornalista, não
foi uma decisão minha, apenas as coisas foram acontecendo. Também não tinha
nenhum romance que eu precisasse escrever, não havia nenhum livro que eu
tivesse dentro de mim e precisasse botar para fora. Então, a MPM Propaganda me
encomendou um livro inédito, e este fato me deu a vontade de ver se conseguiria
escrever um romance. Daí O Jardim do Diabo, que é um livro que hoje eu faria
completamente diferente.
ZH
– O que o senhor mudaria?
Verissimo – Não sei, acho que eu o faria mais bem acabado, como foi o
romance seguinte, O Clube dos Anjos, que foi
mais pensado, mais estruturado. O Jardim do Diabo foi se revelando aos poucos, eu nem
sabia muito bem no que ia dar aquela história.
ZH
– O protagonista de O Jardim do Diabo é um escritor de histórias sempre protagonizadas pelo mesmo
personagem. Essa repetição é um comentário sobre o que é o próprio ofício da
escrita?
Verissimo
– Sim. O escritor acaba se repetindo sempre,
tem seus temas preferidos, que já estão predefinidos, e não consegue escapar
deles.
ZH
– O Clube dos Anjos retrata uma confraria de gourmets que, mesmo sabendo que podem
estar sendo envenenados, não recusam o prazer intenso e marcante de comer seu
prato preferido. É uma sátira ao hedonista contemporâneo?
Verissimo – Na verdade, o que é descrito no livro é um suicídio coletivo daquele grupo. Eles são todos fracassados, não têm mais nada o que esperar da vida e começam a se matar. Não conscientemente, mas por meio do prazer que eles têm com a comida. É um pouco um comentário sobre a vida da elite, a insensibilidade da elite, no caso a brasileira, mas que pode ser qualquer outra. E tem uma certa alusão no romance a essa constante na história dos grupos masculinos, que rejeitam as mulheres, uma coisa que é meio homossexual, embora não seja homoerótica. Todos os convivas do clube têm o nome dos apóstolos de Jesus e têm uma agressividade, um certo horror à mulher. Isso também estava na ideia do livro.
Verissimo – Na verdade, o que é descrito no livro é um suicídio coletivo daquele grupo. Eles são todos fracassados, não têm mais nada o que esperar da vida e começam a se matar. Não conscientemente, mas por meio do prazer que eles têm com a comida. É um pouco um comentário sobre a vida da elite, a insensibilidade da elite, no caso a brasileira, mas que pode ser qualquer outra. E tem uma certa alusão no romance a essa constante na história dos grupos masculinos, que rejeitam as mulheres, uma coisa que é meio homossexual, embora não seja homoerótica. Todos os convivas do clube têm o nome dos apóstolos de Jesus e têm uma agressividade, um certo horror à mulher. Isso também estava na ideia do livro.
ZH
– Em Borges e os Orangotangos Eternos o senhor tece uma história de crime com um escritor que de fato
existiu. Mas o narrador é um homem ligado à Livraria do Globo. É um aceno à sua
própria história familiar, uma vez que seu pai foi diretor e tradutor da casa
por muitos anos?
Verissimo – Sim. E aliás esse é um exemplo de uso de uma experiência
minha, porque fiz algumas traduções para a (revista) Mistério Magazine, que existia na
época, com contos policiais. Nunca, que eu me lembre, traduzi o (Jorge Luis) Borges, mas fiz o narrador do livro
ser também tradutor da revista para a Globo.
ZH
– É um livro que transgride a fórmula do policial, uma vez que o narrador,
Vogelstein, repete muitas vezes o seu relato e a cada nova versão vai mudando
detalhes. Até que a intervenção final do próprio Borges dá a entender que o
narrador anterior estava mentindo.
Verissimo – É, porque, na verdade, o livro é sobre um narrador
inconfiável, que é uma tradição da literatura policial, o narrador que engana o
leitor, e no fim se descobre que ele estava mentindo o tempo todo, que ele é o
criminoso, embora narre o crime. O fato de ser autor do livro é uma forma de
ele ser um cúmplice do crime. O autor é sempre cúmplice do culpado. Esse livro
especificamente é sobre essa categoria do policial, o narrador inconfiável,
como o próprio (Edgar
Allan) Poe fez em
algumas de suas histórias, ou o Roger Ackroyd, da Agatha Christie.
ZH
– A própria intervenção do Borges ao fim é inconfiável.
Verissimo
– Sim. E o Borges anuncia a própria morte no
último capítulo, supostamente escrito por ele. A história se passa em 1985,e
ele diz que vai morrer dali a um ano em Genebra. Então, tem esse lado
fantástico que espera que o leitor tenha a mesma ideia do escritor: a de que
tudo ali é um jogo, é falso, como é todo romance. Todo romance é uma invenção.
ZH
– Outro narrador inconfiável em sua obra é o Polaco de O Opositor, que conta para o
protagonista uma aventura em que os detalhes estão sempre mudando.
Verissimo – Sim. O Opositor é uma versão do Coração das Trevas do Conrad, é uma alusão literária bem explícita. Mas a ideia dessa série era que cada autor escrevesse sobre um dedo da mão, e eu escolhi o polegar por ser o “dedão civilizatório”, aquele que marcou um salto na evolução da humanidade. A ideia inicial era o dedo, e aí cheguei ao Conrad.
Verissimo – Sim. O Opositor é uma versão do Coração das Trevas do Conrad, é uma alusão literária bem explícita. Mas a ideia dessa série era que cada autor escrevesse sobre um dedo da mão, e eu escolhi o polegar por ser o “dedão civilizatório”, aquele que marcou um salto na evolução da humanidade. A ideia inicial era o dedo, e aí cheguei ao Conrad.
ZH
– Seu romance A Décima Segunda Noite reescreve Noite de Reis, de Shakespeare, em um salão de beleza em
Paris, mas narrado pelo ponto de vista de um papagaio. Essa escolha pretende
aumentar o efeito cômico ao dar ao animal a voz para julgar as bizarrices do
homem?
Verissimo
– O ponto de partida desse meu enfoque da Décima Segunda Noite foi aquele filme Shakespeare Apaixonado, que mostra o
Shakespeare enamorado por uma personagem dele sem poder consumar a relação de
amor. Nesse meu caso, o narrador se apaixona por uma mulher, e como são de
espécies diferentes, não conseguem nenhum tipo de aproximação. Eu escolhi,
então, o papagaio porque é um exemplo de outra espécie que tem uma forma de
inteligência, que sabe falar, e tudo mais. E esse papagaio também diria um
pouco sobre como é a relação entre a Europa e o novo mundo. O papagaio é uma
coisa extremamente exótica, mas o meu, na França, já perdeu todo seu exotismo e
ficou com as penas cinzentas. Mas ele é, então, pintado pelo seu dono, para
parecer um papagaio colorido. É um papagaio europeu que tem de passar por ave
exótica.
ZH
– A personagem que serve como estopim da trama de Os Espiões é a autora de um livro que assume o pseudônimo de Ariadne. A
Ariadne grega conduz Teseu para fora do labirinto. A deste livro puxa os
personagens para dentro de um?
Verissimo – A ideia desse livro é falar um pouco dessa compulsão, às vezes fatal, que a pessoa tem de escrever, seja um romance, um livrinho de poesia, em um país em que não há tradição literária. No caso desse livro e no caso da Ariadne, ela cria um labirinto ao contrário, ao redor do qual as pessoas circulam sem encontrar a entrada daquele mistério, o inverso do labirinto tradicional, no qual as pessoas não encontram a saída.
Verissimo – A ideia desse livro é falar um pouco dessa compulsão, às vezes fatal, que a pessoa tem de escrever, seja um romance, um livrinho de poesia, em um país em que não há tradição literária. No caso desse livro e no caso da Ariadne, ela cria um labirinto ao contrário, ao redor do qual as pessoas circulam sem encontrar a entrada daquele mistério, o inverso do labirinto tradicional, no qual as pessoas não encontram a saída.
ZH
– A sua faceta mais conhecida é a de cronista. Mesmo presente há mais de 150
anos na imprensa, ainda se discute o papel da crônica na literatura e sua
validade como gênero. Como o senhor vê essa discussão?
Verissimo
– Essa é a velha questão,
o que é crônica, exatamente, quando é que deixa de ser crônica e passa a ser um
pequeno conto, por exemplo. Mas acho que o cronista não deve se preocupar com
isso. Ele tem aquele espaço que tem que preencher, que pode preencher
teoricamente com o que ele quiser, inclusive com uma ficção, e ele não deve se
preocupar muito com o que está falando. É o gênero crônica, e ali cabe o que o
autor quiser. A gente se aproveita dessa indefinição como forma de liberdade.
Acho que um fenômeno engraçado, que talvez só tenha no Brasil, é a quantidade
de romancistas que acabam fazendo crônica. Não que voltem para crônica, eles
fazem nome como romancistas e fazem crônicas. É um contato que o escritor tem
com o público, semanal, que não é tão comum lá fora, não me ocorre nenhum outro
exemplo, na França, nos Estados Unidos, na Inglaterra, que exista esse contato
com o público de um romancista, não pela ficção, mas pela crônica do jornal,
como João Ubaldo Ribeiro ou Milton Hatoum.
ZH
– Esse fenômeno que o senhor aponta não pode ser resultado também de um
sistema literário que não permite a um autor viver de seus livros?
Verissimo – Exatamente, ninguém vive só da literatura. Antigamente as únicas exceções eram o Jorge Amado e o meu pai. Hoje, acho que as exceções continuam sendo poucas. Quem vive exclusivamente de seus livros? O Paulo Coelho, obviamente, talvez o Rubem Fonseca...
Verissimo – Exatamente, ninguém vive só da literatura. Antigamente as únicas exceções eram o Jorge Amado e o meu pai. Hoje, acho que as exceções continuam sendo poucas. Quem vive exclusivamente de seus livros? O Paulo Coelho, obviamente, talvez o Rubem Fonseca...
ZH
– Alguns o incluiriam nessa lista.
Verissimo – É, mas eu não viveria só de direitos autorais. O uísque das
crianças depende ainda do jornal (risos).
ZH
– O crítico Massaud Moisés escreveu que a crônica, compilada em livro, perdia
mais do que a poesia, porque no jornal ela se beneficiava do imprevisto. O
senhor, um autor de livros de crônicas que ainda circulam depois de décadas,
como dribla essa natureza perecível do material?
Verissimo – Obviamente, a crônica tem que ter um apelo universal que não
tem no dia a dia. Não está ligada a nenhum fato do cotidiano, nem pode estar
muito ligada para não perder o sentido. Geralmente, as minhas crônicas que vão
para o livro são aquelas que poderiam ser entendidas em qualquer tempo, daqui a
20, 30 anos, que teriam o mesmo valor de quando foram escritas, não foram
modificadas pela realidade nem se tornaram obsoletas ou incompreensíveis.
E mesmo tentando fazer uma coisa mais literária, mais profunda, que tenha
sentido em qualquer tempo, temos de manter a noção de que aquilo ali que está
no jornal é perecível, no dia seguinte vai forrar a gaiola do papagaio ou já
está no lixo. É uma maneira de não se dar muita importância e de aceitar a
brevidade da relevância daquilo.
ZH
– O senhor comentou que hoje muitos autores estão escrevendo crônicas em
jornal, mas o tipo que se prolifera na imprensa é a opinativa, analítica.
Aquele estilo que o Rubem Braga levou à maestria, o da linguagem acima muitas
vezes do tema, hoje tem menos cultores. O Brasil ficou menos lírico?
Verissimo – Acho que sim. Aquela época, vamos dizer clássica, da crônica
brasileira, com Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Antônio Maria, Fernando
Sabino, tinha essa coisa lírica, como o Rubem Braga fazendo um texto inteiro
sobre um ponto que ele vê no mar e que é um homem nadando. Havia um lirismo que
se perdeu. Dentre todos esses nomes mais clássicos da crônica brasileira, eu
gostava mais do Antônio Maria. Ele era justamente o que aproveitava mais a
liberdade que a crônica dava, fazia humor, fazia uma coisa mais lírica, algo
mais profundo. Ele inventava vários motes de fazer crônica. Ele tinha o que
chamava de “romance do pequeno anúncio”. Pegava um pequeno anúncio de jornal,
como alguém que estava vendendo o fogão, e inventava uma história em cima
daquilo.
ZH
– Há um risco em diálogos longos sem identificação dos personagens. Dependendo
da extensão, o leitor se perde sobre quem está falando o quê. O senhor tem
muitas crônicas que são puro diálogo. Leva em conta esse risco ao escrevê-las?
Verissimo – Levo sim. Eu gosto muito de fazer diálogos sem citar onde eles estão acontecendo, e dar a conhecer tudo sobre aquele personagem que está falando apenas pelas palavras. Mas sei que é uma dificuldade, então tenho de confiar bastante no revisor, porque às vezes entra travessão onde não deveria, a ponto de o texto ficar ininteligível. Já aconteceu.
Verissimo – Levo sim. Eu gosto muito de fazer diálogos sem citar onde eles estão acontecendo, e dar a conhecer tudo sobre aquele personagem que está falando apenas pelas palavras. Mas sei que é uma dificuldade, então tenho de confiar bastante no revisor, porque às vezes entra travessão onde não deveria, a ponto de o texto ficar ininteligível. Já aconteceu.
ZH
– Dos personagens de suas crônicas, o Analista de Bagé provavelmente ainda é o
mais popular. É uma sátira à psicanálise ou ao gauchismo?
Verissimo – Os psicanalistas acham que é uma gozação com o gauchismo, e os gaúchos acham que é uma gozação com a psicanálise, então fica todo mundo em paz.
Verissimo – Os psicanalistas acham que é uma gozação com o gauchismo, e os gaúchos acham que é uma gozação com a psicanálise, então fica todo mundo em paz.
zh.clicrbs.com.br/.../luis-fernando-verissimo-fala-da-literatura-como-um-misterio-a-se...
AS OBRAS DE
LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
1) LIVROS
. AS MENTIRAS
QUE OS HOMENS
CONTAM
O best-seller As mentiras que os homens contam não julga, apenas constata. Os
homens não mentem. E, se mentem, é porque precisam. Para poupar as mulheres —
e, também, para se proteger delas.
Quantas
vezes você mente por dia? Calma, não precisa responder agora. Também não é
sempre que você conta uma mentira, só de vez em quando. Na verdade, quando você
mente, é porque precisa. Para proteger o outro — e, de preferência, a outra.
Foi assim com a mãe, a namorada, a mulher, a sogra. Tudo pelo bom convívio
social, pela harmonia dentro de casa, para uma noite mais agradável com os
amigos. Você só mente, no fundo, para poupar as pessoas e, sobretudo, para o
bem das mulheres.
Luis
Fernando Verissimo, este observador bem-humorado do cotidiano brasileiro, reúne
em As mentiras que os homens contam um repertório divertido de histórias assim
— tão indispensáveis que, de repente, viram até verdades. Depende de quem ouve.
Depende de quem conta."
. SEXO NA
CABEÇA
Pode ser no quarto, no banheiro, no
escritório, no elevador, na cozinha, na piscina ou, dependendo da imaginação do
leitor, em locais menos óbvios e mais excitantes. Sim, estamos falando de
sexo... Sexo na Cabeça, uma seleção
das melhores histórias de Luis Fernando Verissimo sobre o assunto que mobiliza
- e esquenta - multidões.
Verissimo,
um dos cronistas mais sagazes da intimidade brasileira, mostra nesse livro que,
para se pensar "naquilo", não há hora nem lugar - aliás, para se
fazer, também não. Como um voyeur da nossa vida privada, ele nos revela os
fetiches que alimentam as grandes paixões, o delicioso jogo da sedução, os
sussurros açucarados - e ridículos - dos recém-apaixonados.
Em 45 crônicas, com abordagens divertidas e
excitantes sobre o tema, o autor leva o leitor ao êxtase. Em Sexo e futebol ,
por exemplo, traça um paralelo hilário entre o esporte e a libidinagem:
"...No futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avançam e
recuam, quase sempre vão pelo meio mas também caem para um lado ou para outro e
às vezes há um deslocamento. Nos dois é importantíssimo ter jogo de cintura
(...)". Já em Nádegas redolentes, traz o conflito do casal sobre a melhor
hora para o sexo: ela prefere antes de dormir, com banho tomado e aroma de lavanda,
mas ele deseja a esposa no despertar matutino, com o cheiro natural do corpo.
Das gostosas brigas do início do namoro à
ousadia da trissexualidade, dos códigos da relação a dois ao amor internauta,
Sexo na cabeça revela os segredos de alcova dos tempos modernos. O autor não se
intimida nem mesmo diante dos grandes tabus que seduzem a humanidade desde que
o homem é homem... e que o sexo é sexo.
Sexo
na cabeça é o quarto volume da série Veríssimo, que vai relançar toda a
obra do escritor gaúcho pela Objetiva, em edições atualizadas e revistas pelo
próprio autor. Luis Fernando Verissimo assina colunas diárias na imprensa
brasileira, e tem obras adaptadas para cinema, teatro e televisão.
. A MESA
VOADORA
A
Mesa Voadora traz uma seleção de 47 crônicas recheadas com dicas bem
humoradas de quem transita com a mesma desenvoltura por sofisticados bistrôs de
Paris ou pastelarias de beira de estrada. Apesar de não entender nada de
cozinha, Luis Fernando Veríssimo entende bem, e muito, de comida. Neste livro o
autor escreve deliciosamente sobre suas memórias gustativas. Delicie-se com
este cardápio recheado de crônicas de dar água na boca!
Aviso importantíssimo aos navegantes: não leia
esse livro com fome! Durante a leitura tive uma vontade gigantesca de comer
sanduíches, brownies e doces diversos, mas não precisa se preocupar com sua
barriga roncando. Vá na fé e confie no seu estômago! Veríssimo nos mostra
aspectos e pontos de vista no mínimo curiosos sobre a culinária, restaurantes e
alimentos diversos.
O Buffet é a primeira crônica e uma das que
mais gostei. O autor brinca com os leitores sobre como se comportar em um
buffet, suas vantagens, desvantagens e as batalhas que enfrentamos nesta
situação, desde "garfar" as costelas do coleguinha que fica parado na
fila analisando os pratos, até se estapear por aquele belo camarão. Por trás de
todo esse humor há uma crítica sutil as pessoas que frequentam esses locais.
Não apenas esse título em particular, mas todo o livro contém sempre um tom
crítico, não deixando de lado a leveza e o lado cômico característicos do
cronista.
E quem nunca teve que passar pelo vexame de
atrair a atenção de um garçom que insiste em não olhar para cá? É dos piores
momentos da humanidade. Você levanta o braço para um aceno, o garçom não olha e
você tem que improvisar: passa a mão no cabelo, coça a nuca, finge que está
espantando uma mosca ou que viu um conhecido lá no fundo. “Oi, tudo certinho?”
Tenta outra vez, o garçom continua não olhando, e é outro conhecido que você
descobre no restaurante.
Uma das situações mais engraçadas de A Mesa Voadora foi a revolta contra a
pobre da salsinha não apenas uma, mas duas vezes no livro. A crônica fala que o
tal "supérfluo verde" é apenas mero enfeite na comida e não serve
para mais nada além disso.
A criatividade do autor em transformar
situações inesperadas e ignoradas por nós (como salsinhas e champignons) é algo
admirável, ainda mais se tratando de comida. Veríssimo também narra suas
experiências pessoais em viagens aos restaurantes da França, Alemanha, Londres
e do Brasil. Só não entendi muita coisa das expressões francesas recorrentes e
sem tradução, além de outras questões um pouco mais específicas do mercado da
culinária mundial e que os leigos no assunto podem não entender muito bem, mas
nada que atrapalhasse a leitura totalmente.
A seleção de crônicas não segue uma
sequência cronológica, portanto você verá a mesma história ou até a mesma
situação em mais de um dos títulos do livro. Nada muito irritante, mas você
percebe uma repetição de fatos pelo menos umas duas vezes. Pelo menos o autor
avisou previamente que não se responsabiliza pelas confusões que isso poderia
gerar.
A Mesa
Voadora é um livro delicioso e perfeito para tardes monótonas ou domingos
aleatórios. Nem todas as crônicas são interessantes e engraçadas, pois a junção
de mais de 40 histórias sobre o mesmo tema pode cansar até os mais
entusiasmados, mas a maioria nos traz boas sensações. Destaco ainda outras das
que mais gostei: Com champignon, A Fortuna (ótima!), Costela Marinada, Meninos
(nostalgia total), A mesa e A Gorjeta é livre. Prepare os pratos, as talheres,
a barriga e se delicie com Veríssimo.
. TODAS AS HISTÓRIAS DO ANALISTA DE BAGÉ
Publicado originalmente em forma de
crônica, e editado em diversos jornais do país, as histórias de O Analista
retratam o estereótipo da personalidade típica dos bajeenses - ao menos assim é
como o próprio autor o revela, na crônica inaugural.
O
sucesso dos contos levou-o para as histórias em quadrinhos, com a publicação de
um álbum pela editora gaúcha L&PM. Este, por sua vez, gerou uma nova série
para a revista masculina Playboy, publicada em página inteira, entre os anos de
1983 e 1992. A versão em quadrinhos foi criada por Edgar Vasques em parceria
com Veríssimo.
As histórias, adaptadas para o teatro,
estiveram em cartaz por diversas temporadas no eixo Rio-São Paulo.
Na cidade de Bagé - RS existe uma estátua
em homenagem ao personagem o Analista de Bagé.
A personagem representa um gaúcho,
psicanalista supostamente freudiano de linha ortodoxa de palavras marcantes e
ilustrativo da sabedoria popular do Rio Grande do Sul. Sua assistente,
Lindaura, auxiliava-o na abordagem de casos mais difíceis.
Teve uma infância normal, onde o que não
aprendeu no galpão, aprendeu atrás do galpão.
O analista se diz "mais ortodoxo que
pomada Minancora" ou que as Pastilhas Valda. Sua técnica do joelhaço, no
entanto, é bastante heterodoxa, a depender do ponto de vista. Ela está baseada
no princípio da dor maior, isto é, quando o paciente vem se queixar de suas
dores subjetivas, o joelhaço aplicado no local correto oferece ao sujeito a
vivência de uma dor tão mais intensa que faz com que se esqueça das dores
"menores".
O livro O
Analista de Bagé, de Luís Fernando Veríssimo, é a combinação entre a rude
sinceridade e a franqueza do homem do interior gaúcho. Textos paródicos que
desmistificam o regional e a psicanálise.
São 27 hilariantes histórias do impagável
analista gaúcho, freudiano, machista, que costuma tratar seus pacientes a tapa.
É um clássico do humor brasileiro. Com práticas pouco convencionais, o analista
barbudo, macho e sistemático não deixa de picar fumo e tomar chimarrão nas
consultas.
Suas opiniões são hilárias, inclusive sobre
a competente secretária Lindaura. O sotaque forte e suas conclusões sobre os
problemas dos clientes geram uma combinação divertida.
Na
obra, Luís Fernando Veríssimo apresenta as relações analista/cliente de forma
irônica e debochada, fazendo alusões ao regionalismo, à política nacional, à
intelectualidade – sempre de forma iconoclasta e irreverente.
. COMÉDIAS PARA SE
LER NA ESCOLA
Depois de ler este livro, duvido que algum
jovem ainda seja capaz de dizer, sinceramente, que não curte ler. Aposto que,
em sua maioria, os novos leitores vão se viciar em livro e sair procurando
outros textos, de outros autores. Com vontade de, um dia, chegar a escrever
assim. Quem sabe? O Verissimo nunca pensou que ia ser escritor quando
crescesse. Seu negócio era mesmo um bom solo de saxofone. Mas com essa história
de ser músico, desenvolveu tanto o ouvido que acabou assim: hoje ele ouve (e
conta pra nós) até o que pensamos, sentimos e sonhamos em silêncio. Em qualquer idade."
2) PERSONAGENS
A VELHINHA DE TAUBATÉ
A Velhinha de Taubaté é um personagem de
humor brasileiro criado pelo escritor e cronista Luis Fernando Verissimo,
durante o governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985).
Famosa por ser "a última pessoa no
Brasil que ainda acreditava no governo", como definido pelo próprio
autor[2], Verissimo contava que, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal,
sempre se pensava antecipadamente em como a velhinha iria responder.
Uma
possibilidade para a cidade da personagem ser a de Taubaté é para formar a
sigla VT (TV ao contrário).
Em 25 de agosto de 2005, em tempos de crise
do "mensalão", a velhinha teve o seu falecimento anunciado pelo seu
criador, na crônica intitulada Velhinha de Taubaté (1915-2005). Ela teria
morrido em frente à TV, decepcionada com o quadro político brasileiro, em
especial com o seu ídolo, Antonio Palocci: Ela morreu na frente da televisão,
talvez com o choque de alguma notícia. Mas a polícia mandou os restos do chá
que a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho para exame de
laboratório. Pode ter sido suicídio.
A morte da velhinha de Taubaté –
Crônica de Luis Fernando Veríssimo
“Morreu
no último dia 19, aos 90 anos de idade, de causa ignorada, a paulista conhecida
como “a Velhinha de Taubaté”, que se tornou uma celebridade nacional há alguns
anos por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo.
O fenômeno, que veio a público durante o
governo Figueiredo, o último do ciclo dos generais, levou multidões a Taubaté e
transformou a Velhinha numa das maiores atrações turísticas do estado.
Além de estandes de tiro ao alvo e de venda
de estatuetas da Velhinha e de uma roda-gigante, ergueram-se tendas para vender
caldo de cana e pamonha em volta da pequena casa de madeira onde a Velhinha
morava sozinha com seu gato, e não era raro a própria Velhinha sair de casa e
oferecer seus bolinhos de polvilho a curiosos que chegavam em ônibus de
excursão para serem fotografados com ela e pedirem seu autógrafo.
A Velhinha sempre acompanhou a política e
acreditou em todos os governos desde o de Getúlio Vargas, inclusive em todos os
colaboradores dos governos militares, “até”, como costumavam dizer muitos na
época, com espanto, “no Delfim Netto!”
O presidente Sarney telefonava
freqüentemente para Taubaté para saber se a Velhinha, pelo menos, ainda
acreditava nele, e Collor foi visitá-la mais de uma vez para pedir que ela não
o deixasse só.
As circunstâncias da morte da Velhinha de
Taubaté ainda não estão esclarecidas. Sua sobrinha Suzette, que tem uma agência
de acompanhantes de congressistas em Brasília embora a Velhinha acreditasse que
ela fazia trabalho social com religiosas, informou que a Velhinha já tivera um
pequeno acidente vascular ao saber da compra de votos para a reeleição do
Fernando Henrique Cardoso, em quem ela acreditava muito, mas ficara satisfeita
com as explicações e se recuperara.
Segundo Suzette, ela estava acompanhando
as CPIs, comentara a sinceridade e o espírito público de todos os componentes
das comissões, nenhum dos quais estava fazendo política, e de todos os
depoentes, e acreditava que como todos estavam dizendo a verdade a crise
acabaria logo, mas ultimamente começara a dar sinais de desânimo e, para grande
surpresa da sobrinha, descrença.
A Velhinha acreditara em Lula desde o
começo e até rebatizara o seu gato, que agora se chamava Zé. Acreditava
principalmente no Palocci. Ela morreu na frente da televisão, talvez com o
choque de alguma notícia. Mas a polícia mandou os restos do chá que a Velhinha
estava tomando com bolinhos de polvilho para exame de laboratório. Pode ter
sido suicídio.
O ambiente no parque de diversão em torno
da casa da Velhinha de Taubaté é de grande consternação.
ED MORT
Ed Mort é um personagem criado por Luís
Fernando Veríssimo em 1979 como paródia das histórias norte-americanas de detetives,
principalmente as de Dashiell Hammett e Raymond Chandler. É um detetive
particular trapalhão e sempre sem dinheiro, que se mete em todo o tipo de
encrencas. Ele divide seu espaço - um escritório em Copacabana, que ele chama
apenas de "escri" porque é muito pequeno - com 117 baratas e um rato
albino chamado Voltaire.
Suas 17 histórias estão compiladas nos
livros Ed Mort e Outras Histórias (1979) e Sexo na Cabeça (1980), publicados
pela L&PM, e em Ed Mort: Todas as Histórias (2011), da Editora Objetiva. O
personagem também foi adaptado para tiras diárias de quadrinhos desenhadas por
Miguel Paiva, peça de teatro, especial de TV e para o cinema.
Quadrinhos
Ed Mort foi publicado em tiras de jornal
nos anos 1980, com texto de Veríssimo e desenhos de Miguel Paiva (criador da
Radical Chic e do Gatão de Meia Idade). As tiras eram seriadas e cada história
completa foi lançada em compilações pela L&PM:
Cinema
Em 1997, Ed Mort virou um filme, dirigido
por Alain Fresnot, com roteiro baseado no conto Procurando o Silva. O detetive
foi interpretado por Paulo Betti. As filmagens duraram oito semanas e produção
ficou em cerca de 1,5 milhão de reais.
O
detetive particular - que mora em São Paulo ao invés do Rio - é contratado por
uma mulher misteriosa para descobrir o paradeiro do seu marido, Silva,
especialista em disfarces e executivo das indústrias Delbono.
Televisão
Em 1993, houve um especial de fim de ano
da Rede Globo com Luis Fernando Guimarães no papel: Ed Mort - Nunca Houve uma
Mulher como Gilda. O personagem voltou a aparecer, mais uma vez interpretado
por Luís Fernando Guimarães, no Programa de Auditório, em 1994. E houve também
um curta metragem produzido pelo Centro de Produção de Televisão e Bídeo: o
CPTV.
Em
2011, o canal Multishow lançou nova série do personagem, com Fernando Caruso
interpretando Ed Mort.
Teatro
Em 1993 estreou no Rio uma adaptação de
Procurando o Silva para teatro, com Nizo Neto como Ed e mais Julio Levy, Julia
Miranda, Roberto Marconi, Claudia Puget e elenco. Adaptação e direção de
Fernando Lyra Reis.
AS AVENTURAS DA FAMILIA BRASIL
Um dos mais respeitados escritores do país,
Verissimo adora desenhar e ler histórias em quadrinhos. Calado e muito
observador, ele consegue, como poucos, entender e traduzir o universo da
família brasileira. As tiras de Aventuras da Família Brasil reúnem alguns de seus
personagens mais engraçados. Um pai trabalhador, mas que tem a profissão
ignorada, uma mãe dona-de-casa, um filho adolescente, um neto pequeno e uma
neta de colo, compõem essa divertida família.
Verissimo
faz graça das situações mais complicadas - que todo mundo, ou quase todo mundo,
já viveu dentro de casa, ao driblar problemas financeiros, definir ética
comportamental ou explicar para os mais novos como funcionava o mundo na época
em que ainda não havia computadores. Tudo isso sem deixar de lado seu incomparável
senso de humor, é claro.
AS COBRAS
É uma dupla de personagens criada em 1975,
no auge da ditadura militar brasileira (1964-1985) a série de humor estreou no
jornal Zero Hora, de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Durante o período
ditatorial, os dois personagens satirizavam a situação social e política por
que passava o Brasil, sem deixar de lado as provocações em técnicos de futebol,
religião e na classe política brasileira, tema recorrente até o ano de 1997,
quando Luís Fernando Verissimo aposentou a série - mas vários jornais
continuaram a reeditar suas tiras.
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