A POESIA CONTEMPORÂNEA
1.CONTEXTO HISTÓRICO
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• Suicídio de Getúlio Vargas;
• Governo desenvolvimentista de Juscelino e construção de Brasília;
• Surgimento da Bossa Nova;
• O Brasil ganha a 1ª Copa do Mundo;
. Renúncia de Jânio Quadros e inauguração da ditadura militar;
• Início do Tropicalismo (Gilberto Gil e Caetano Veloso);
• Surgimento do Cinema Novo: Glauber Rocha ("Deus e o Diabo na
Terra do Sol” e “Terra em
Transe").
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2.CONCRETISMO
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O Movimento da Poesia Concreta, lançado em 1956, por Décio Pignatari
e os irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos, poetas e teóricos de
literatura e editores de um livro-revista chamado Noigrandes, que tratava sobre poesia concreta, arregimentou para
a nova corrente outros poetas, como Ronaldo Azeredo, Cassiano Ricardo, Paulo
Leminski, Ferreira Gullar, Mário Chamie...
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3.CARACTERÍSTICAS
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Basicamente, rejeitam o verso tradicional, com sua estrutura linear,
lógica, discursiva. O texto poemático precisa ter uma nova forma de
organização no espaço da folha e deve-se usar outros recursos além da
palavra. O poema deve ser "verbivocovisual” (lido/ouvido/visto).
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4.NEOCONCRETISMO
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Dissidência do Concretismo, envolveu artistas plásticos e poetas. O
principal teórico foi poeta Ferreira
Gullar. Surgiu em 1959. Os seus adeptos criticavam o uso abusivo dos recursos
puramente visuais, defendendo a subjetividade do "eu lírico” no texto. O
poema deve ser expressão, um
verdadeiro “organismo vivo. Seguidores: Reinaldo Jardim, Hélio
Oiticica, e outros.
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5.POESIA PRAXIS
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Com um manifesto didático, intitulado "Poema-Praxis", em
1961,o poeta Mário Chamie lança em São Paulo um movimento chamado lnstauração
Praxis .Segundo ele, o poema deve ser planejado, com a escolha de uma realidade a ser trabalhada, com vistas
a desencadear uma reação no leitor. Ao lado de Chamie estiveram Cassiano
Ricardo, Antõnio Carlos Cabral, Armando Freitas Filho , Camargo Meyer, Mauro
Gama, etc.
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6.POEMA
PROCESSO
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Lançado em 1967, no Rio de Janeiro e em Natal, por Wlademir Dias
Pino, propõe a linguagem universal de caráter visual, basicamente uma
"'poesia para ser vista e sem palavras".
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7.FERREIRA GULLAR
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Nascido em São Luís do Maranhão, em 1930,
publicou seu primeiro livro aos 19 anos. Veio para o Rio de Janeiro, onde
trabalha em jornais e revistas. Adere
ao Concretismo, lidera o Neoconcretismo, assumindo uma poesia comprometida
com as injustiças sociais e a opressão. Foi preso pela ditadura militar, em
1968, e forçado a exilar-se, em 1971. Em Buenos Aires, escreve sua obra-prima
e um dos marcos da poesia brasileira, o poema-livro POEMA SUJO (1978), que dá
um testemunho da época de difícil situação sócio-político-econômico-cultural
do povo brasileiro. Absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, retorna ao
Brasil e continua seu trabalho. Ganhou o concurso de poesia promovido pelo
Jornal de Letras com seu poema "O Galo" em 1950. Os prêmios
Molière, o Saci e outros prêmios do teatro em 1966 com "Se correr o
bicho pega, se ficar o bicho come", que é considerada uma obra prima do
teatro moderno brasileiro. Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em
2007, seu livro Resmungos ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. O livro,
editado pela Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no
jornal "Folha de São Paulo"
no ano de 2005. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do
ano de 2009. Foi agraciado com o Prêmio Camões
2010. Em 15 de outubro de 2010, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa, na
Faculdade de Letras da UFRJ. Obras:UM
POUCO AClMA DO CHÃO, A LUTA CORPORAL, POEMAS NEOCONCRETOS, JOÃO BOA-MORTE,
CABRA MARCADO PHA MORRER, POR VOCÊ-POR MIM, CULTURA POSTA EM QUESTÃO, DENTRO
DA NOITE VELOZ, POEMA SUJO, NA VERTIGEM DO DIA, CRIME NA FLORA, BARULHOS..
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Obras:
SÉLESIS, LIVRO DO SILBION, LIVRO D0 TEMPO, O CAMPEADOR E O VENTO,DANAÇÕES,
CASA DOS ARREIOS, O P0Ç0 DO CALA-BOUÇO, ÁRVORE DO MUNDO, O MENINO DO RIO,
VOZES DO BRASIL... Detém os prêmios Cassiano Ricardo, do Clube de
Poesia de SP, 1996; Francisgreja, da UBE, 1991; Luiza
Cláudio de Souza, do Pen Clube do Brasil - 1977; Érico Veríssimo,
da Câmara Municipal de POA, 1981; Fernando Chinaglia, da UBE, 1974; Jorge
de Lima, do Instituto Nacional do Livro, 1971. Na área do livro
infanto-juvenil, arrebatou os prêmios Monteiro Lobato e o da Associação
de Críticos Paulistas de Arte, com respectivamente Era um Vento
muito Branco e Zão. Na mesma linha, publicou ainda, O
Grande Vento (Ed. Consultor, 1998, Rio), com ilustrações de Cristiano
Chagas. É autor de Teatro em Versos: Miguel Pampa, Fausto, Joana das Vozes,
Ulisses, As Parcas, Favo branco (Vozes do Brasil), Pai das Coisas, Auto do
Juízo Final - Deus não é uma andorinha, (Funarte, Rio, 1998).
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9.POESIA
JOVEM DOS ANOS 70
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Na década de 70 ), em meio a forte pressão sócio-política,há uma
verdadeira explosão da literatura feita por jovens em todo o Brasil, numa
literatura favorável ao fim de toda e qualquer repressão, feita com humor,
deboche, uso de gíria e palavrão. Sua divulgação é feita à margem dos
veículos e circuitos convencionais, através de volantes, folhas soltas,
cartazes, varais, manuscritos, grafites, revistas e jornais artesanais,
distribuídos de mão em mão nos locais públicos. Designada como POESIA
MARGINAL e GERAÇÃO MIMEÓGRAFO, teve entre seus incontáveis praticantes nomes
como: Chacal. Charles, Nicolas Behr, Alex Polari, Francisco Alvim, Cacaso,
Paulo Leminski, Alice Ruiz, Roberto Piva, Torquato Neto, Afonso Henriques
Neto, Capinam, Leila Miccolis, Ulisses Tavares, entre outros.
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O Demiurgo
Carlos Nejar - O Campeador e O Vento
A poesia épica de Carlos Nejar tem seu mais alto
lirismo poético e estético em O CAMPEADOR E O VENTO, símile à
vocação de Virgílio de cantar a força mística da natureza e
seu repleto abismo de encantamentos.
Esse canto em homenagem ao Vento, é
único, palpitando uma música inesperada em cada verso, em cada linha de súplica
de um Campeador de mundos.
Carlos Nejar é um
demiurgo, abalizado por uma retórica apaixonante de compor belezas e mais
belezas, advindas de seu interior mágico, heróico e imaculado.
O homem nasce
do que se finda
e mais renasce
se é noite ainda.
O tempo passa
no áspero túnel
e do outro lado
mais acro,
o tempo aguarda.
O vento passa
mas sempre fende
no que é da terra,
o que é da vida.
O homem morto
na terra oxida.
Somos passáveis. Os dias
não se apercebem do homem
e as coisas que retomamos
são naufragadas do sonho.
Somos passáveis. Duramos
na vastidão dos minutos
e tudo aquilo que amamos
é relva de um campo murcho.
Nascem as horas e os ramos
plantados dentro do arbusto;
o sol se rompe no homem,
então duramos o espaço
que vai da luz para o astro
e como a noite, passamos.
Somos passáveis. Agredimos
com a verdade nos ombros
ou na fossa,
com os ossos que temos
ou sem ossos.
Agredimos a carne com seu sítio
precário,
agredimos as tardes nas solidão das
minas,
agredimos o caixão que nos cabe,
agredimos a morte
e ela nos abre o mar.
o vento nos quer buscar;
o que é da terra é do homem,
onde o arado vai brotar.
Por mais que a morte desfaça
há um homem sempre a lutar;
o vento faz seu caminho
por dentro, no seu pomar.
Há um fogo maior
que nos exaure,
há um fogo maior
que nos desfebra
na terra como um rio.
A fome nos vincula à terra.
Somos homens
de um tempo recurvado
sob o peso
do sol.
na noite funda
e o viço aceso
de sua luta.
O homem sempre é mais forte
se a outro homem se aliar;
o arado faz caminho
no seu tempo de cavar.
No mesmo mar que nos leva
o vento nos quer buscar;
o que é da terra é do homem,
onde o arado vai brotar.
Por mais que a morte desfaça
há um homem sempre a lutar;
o vento faz seu caminho
por dentro, no seu pomar.
Há um fogo maior
que nos exaure,
há um fogo maior
que nos desfebra
na terra como um rio
O que é do homem
ninguém lhe tira.
A fome nos vincula à terra.
Somos homens
de um tempo recurvado
sob o peso
do sol.
As águas estremecem,
as águas vergam,
as águas quebram no vento.
O sol estriga o sol.
Quem pode separá-las?
No vento as águas manam,
nas margens se alimentam
de terra, pasto, frutos;
depois buscam paisagem,
buscam cervo.
O homem se precipita
como fruto surpreendido;
torna-se noite na relha,
é madrugada no trigo.
Vem o vento,
vai silvando.
O vento é quando?
É depois de ter amado.
Vento cervo,
puro vento,
se mistura
com os cedros,
ultrapassa o mirante,
se mistura
a outro tempo.
Vento quando?
É depois de ter lutado.
O galope é o utensílio
de tua sede, polimento
de teus ossos, justeza
dos membros
nos vergões das alamedas,
ágio das patas.
Teu galope,
alpendre nas virilhas,
com cinturão de gaivotas
e coronhas.
Teu galope, noites
engavetadas no campo,
marcação de touro negro.
Sob o peito
mais feroz e mais alto,
o coração,
romã elétrica,
martelo,
bate,
contra a morte,
bate firme contra a morte,
que não o quebrem na haste,
bate seco, bate forte,
bate.
Estão enferrujados
o ferro e a solidão,
o jugo com sua casa,
o medo e a noite vasta,
porém o sonho não.
Estão enferrujadas
a morte e sua aljava,
a faca sob a toca,
porém o braço não:
quando se ergue, corta.
O lavrador é no homem
o capinzal de seu dia,
a semente que não vinga
e sempre mais o castiga.
O lavrador é no homem
o sol pesando-lhe ao ombro,
fardo de sua comida
O lavrador é no homem
a ceifa, o fastio, o torvo,
o que se some na vida.
Rio, quem te armou Cavaleiro
e te confiou sobre o ombro
a espada em riste?
Foi o sol, foi o arco-íris?
Foi a dor dos teus antigos?
Foi o brasão que te cinge?
Foi a revolta dos vivos?
Quando os ventos chegarem,
na terra forte,
quando as nuvens rolarem
sobre as nuvens
e o vento se deslocar
sobre o vento,
o sonho tombará o sonho,
reverdecendo.
Quando o vento se deslocar
sobre o vento
na terra forte,
os homens serão setas no tempo.
O tempo destila o tempo.
Os ventos serão asas,
os homens serão ventos,
as noites serão as noites
dentro das noites,
as casas
dentro dos homens,
o tempo.
A morte sempre vivida
é vida multiplicada.
Nada,
nem a lentidão do drama,
o curto espaço
em que habitava,
o fio da espada,
nem os trópicos,
nada embaciava
a onda do Cavaleiro
e sua jornada.
As pedras se transformam
em astros longe ventando,
os pássaros retomam
os horizontes de vento.
As noites passam
dentro das noites
e os ventos dentro dos ventos.
A morte sempre vivida
é vida multiplicada.
O vento é o vento,
a vida é noite
cheia de ventos,
porém ao vento como encontrá-lo?
Na sombra branca,
na sombra branca,
na sombra branca de seu cavalo.
O CAMPEADOR E O
VENTO (1966)
O vento é o vento;
as crinas não rompem
o silêncio
e ao seu galope
retumba a água,
prossegue sempre
até que o tempo
desmonte a morte,
no seu galope,
desmonte o tempo.
Prossegue sempre.
Quando os ventos forem caminhos,
os ventos ventos forem sementes,
quando os cavalos forem moinhos,
e a noite negra for transparente,
quando os ventos forem caminhos,
quando os barcos forem poente,
quando os cavalos forem moinhos
moendo a noite tranquilamente,
quando os ventos forem caminhos,
a vida cheia de ventos
na vida feita semente,
moendo o jugo com seus dentes,
quando os ventos forem caminhos,
seremos ventos e ninhos,
sombras esguias, ventos moinhos,
moendo a noite nos seus caminhos.
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Texto
I Leia atentamente o texto abaixo, de José Paulo Paes.
de sol a sol
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue.
(Haroldo de Campos)
Anatomia do
monólogo
ser ou não ser?
er ou não er?
r ou não r?
ou não?
onã?
POEMAS
FIGURATIVOS
Os poemas figurativos, também chamados
de poemas concretos ou cinéticos, são aqueles que têm uma disposição especial
de versos e palavras, dão a impresso de formas concretas e movimento
(cinético). Neste tipo de estrutura gráfica, a própria disposição dos elementos
auxilia na transmissão da mensagem. Observe isso no poema a seguir:
SOBRE A AMBIÇÃO
Só
de pé
Deus o fez.
Mas ele, em vez
de se
conformar,
quis ser sol, e ser mar,
e ser céu ... ser tudo, enfim
Mas
nada pôde! E foi assim
que se pôs a chorar de furor ...
Mas ah! foi sobre sua própria dor
que as lágrimas tristes rolaram. E o pó,
molhado, ficou sendo lodo - e lodo só!
(Guilherme
de Almeida).
O poema abaixo pertence à poesia
concreta brasileira. O termo latino de
seu título significa “epitalâmio”,
poema ou canto em homenagem aos que se
casam.
O
movimento concretista teve desdobramentos como a poesia-praxis, sob a liderança
de Mário Chamie, e o poema-código lançado por Décio Pignatari e Luiz Ângelo
Pinto. O poema-código destaca-se pelo visual e utilização de elementos da
publicidade.
Poema-código composto por Augusto de Campos:
Gilberto
Gil e Caetano Veloso mostraram interesse pelo poema concretista:
A DEUS
DEUS A
AFRODITE
DE TI
TI VE
VI DA
DA DA
A DEUS
(Letra
de Gilberto Gil,
musicada pr Caetano Veloso)
Poema concreto
A POÉTICA DA RESISTÊNCIA
1.
A POESIA –SOCIAL
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Seu principal mentor é o maranhense Ferreira Gullar, que, em 1964,
rompe com a poesia concreta e retoma o verso discursivo e temas de interesse
social (guerra- fria, corrida atômica, neocapitalismo, terceiro mundismo),
buscando maior comunicação com o leitor e servir como testemunha de uma
época. Após o golpe militar e a AI-5, empreende uma verdadeira "poesia
de resistência". ao lado de outros escritores, artistas e compositores
(J.J. Veiga, Thiago de Mello, Affonso Romano de Sant'Ana, Antônio Callado,
Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Oduvaldo Viana Filho...).
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2.TROPICALISMO
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O
movimento musical popular chamado Tropicalismo originou-se, ainda na década
de 60, nos festivais de M. P. B. realizados pela TV Record, que projetaram no
cenário nacional, os jovens Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes
e Tom Zé, apoiados em textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do
maestro Rogério Duprat.
Com
humor, irreverência, atitudes rebeldes e anarquistas os tropicalistas
procuravam combater o nacionalismo ingênuo que dominava o cenário brasileiro,
retomando o ideário e as propostas do Movimento Antropofágico de Oswald de
Andrade. Dessa forma, propunham a devoração e de deglutição de todo e
qualquer tipo de cultura, desde as guitarras elétricas dos Beatles até a
Bossa Nova de João Gilberto e o "nordestinismo" de Luiz Gonzaga.
Características dos textos: ironia e
paródia, humor e fragmentação da realidade; enunciação de flashes
cinematográficos aparentemente desconexos, ruptura com os padrões
tradicionais da linguagem ( pontuação sintaxe etc.).
Suas
influências foram fundamentais na música, mas repercutiram também na
literatura e no teatro.Com o AI-5, seus representantes foram perseguidos e
exilados. A partir daí, a linguagem artística ou se cala ou se metaforiza ou
apela para meios não convencionais de divulgação.
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3.A
POESIA MAR-GINAL
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Segundo a professora Samira Youssef
Campedelli (M Literatura, História e Texto, 3, Saraiva) "a poesia
desenvolvida sob a mira da polícia e da política nos anos 70 foi uma
manifestação de denuncia e de protesto, uma explosão de literatura geradora
de poemas espontâneos, mal-acabados, irônicos, coloquiais, que falam do mundo
imediato do próprio poeta, zombam da cultura, escarnecem a própria
literatura.
A
profusão de grupos e movimentos poéticos, jogando para o ar padrões estéticos
estabelecidos, mostra um poeta cujo perfil pode ser mais ou menos assim
delineado ele é jovem, seu campo é a banalidade cotidiana, aparentemente não
tem nem grandes paixões nem grandes imagens, faz questão de ser
marginal". Experimentalismo, moralidade, ideologia e irreverência são
algumas de suas características.
A
divulgação dessa obra foge do "circuito tradicional": são textos
fechados em muros; jornais, revistas e folhetos mimeografados ou impressos em
gráficas de fundo de quintal e vendidas em mesas de restaurantes, portas de
cinemas, teatros e centros culturais; happening e shows musicais; até uma
"chuva de poesia" foi realizada no centro de São Paulo, da
cobertura do edifício Itália, em 1980.
Ainda
de acordo com a Professora Samira (opuscit, p.354) "Recupera-se alguns
laços com a produção do primeiro Modernismo (1922) - poemas -minuto, poemas
¬piada; experimentaram-se técnicas como a colagem e a desmontagem dadaístas;
praticaram-se formas consagradas, como o sonetos ou o haicai; tudo foi
possível dentro do território livre da poesia marginal, como bem atestam os
poemas de Paulo Leminsky, à moda grafite, com sabor de haicai:
NÃO
DISCUTO COM O DESTINO, O QUE PINTAR EU ASSINO.
Representantes
desse grupos: Wally Salomão, Cacaso,Capinam, Alice Ruiz, Charles, Chacal, Torquato
Neto e Gilberto Gil (Marginalia e "Geléia Geral") o céu não cai do
céu. O céu não cai do céu, poema de Régis Bonvicino.Não é rara também a
paródia, assim como a metalinguagem.
Enquanto
os concretistas atribuem grande importância à construção do poema, os
marginais preocupam-se sobretudo com a expressão, ora de fatos triviais, ora
de seus sentimentos. Por isso, boa parte dessa poesia marca-se por um tom de
conversa íntima, de confissão pessoal.
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4.OUTRAS TEN-
DÊNCIAS
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Alguns poetas não se filiam a nenhuma dessas
tendências, ou constituindo obra pessoal ou seguindo novos caminhos, ainda
muito novos e incertos para serem "catalogados"; ou retomando a
linha criativa de poetas já consagrados, como Drummond, Murilo Mendes e João
Cabral. São eles: Adélia Prado, Manuel de Barros, José Paulo Paes, Cora
Coralina; entre outros.
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