C-TERCEIRA FASE: 1945 A ........ (CONTEMPORÂNEA)

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1-POESIA CONTEMPORÂNEA

1-Leia atentamente o trecho abaixo, extraído do poema de João Cabral de Melo Neto.

Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que uni galo antes
e o lance outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos .

De acordo com o poema, é incorreto afirmar:

(A) a união faz a força entre os que participam de uma tarefa.
(B) é necessário o canto de muitos galos para fazer nascera manhã.
(C) a manhã vai nascendo aos poucos, dos gritos dos galos.
(D) o nascimento da manhã depende dos galos.
(E) alguns galos não conseguem ouvir os gritos de outros.

INSTRUÇÃO: Considere o seguinte texto, trecho do poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Meio Neto, para responder à questão 2.

- O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias .
.............................................
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com o nome Severino
filho de tantas Marias
mulheres de outros tantos
já finados Zacarias,
vivendo na mesma terra
magra e ossuda em que eu vivia.

2- Com relação ao poema, é incorreto afirmar que:
(A) o trecho faz a apresentação de Severino, o qual tenta identificar-se mas não consegue achar algo que o distinga de outros indivíduos da sua mesma condição.
(B) o trecho apresenta marcas do interior miserável do Brasil: o homem que nem sobrenome tem e a terra pobre e árida do sertão nordestino.
(C) de acordo com o título do poema, uma vida severina é uma vida pobre e sem expectativas, assim como é o próprio Severino.
(D) Severino faz malabarismos de linguagem para explicar quem são seus pais, que ele não chegou a conhecer por estarem mortos.
(E) Severino dá a entender que, assim como ele, há muitos homens que podem ser confundidos entre si, por viverem no mesmo lugar e serem igualmente pobres.

3-Sobre João Cabral de Mello Neto, pode-se afirmar que:
(A) elaborou uma poesia conservadora, retratando os costumes urbanos da geração pós-modernista.
(B) idealizou o homem do sertão brasileiro, fazendo poesias líricas e românticas.           
(C) exaltou os "coronéis" latifundiários do sertão pernambucano, em suas poesias.
(D) seguiu a linha subjetiva centrada no eu, fugindo da objetividade e dos temas locais.
(E) escreveu Morte e Vida Severina, história de um migrante e seu contato com a morte.

Instrução: Leia o fragmento abaixo do poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Mello Neto e responda á questão de número 04:

- O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
( .. .)
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida, ,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

4-Considere as seguintes afirmações sobre o fragmento do poema.

I - A temática do fragmento evidencia o tema geral do poema: a pobreza no sertão e seus males para o homem comum.
II - Severino, ao explicar o seu nome, mostra que pouco muda de uma pessoa para outra no sertão: todos sofrem da mesma forma.
III - Segundo o texto, os Severinos podem até ter o mesmo nome, mas ao morrerem se diferenciam.
                                             Quais estão corretas?
(A) Apenas I        (B) Apenas II      C) Apenas III       (O) Apenas I e II       (E) I, II e III


2-PROSA  CONTEMPORÂNEA

1.- São autores gaúchos contemporâneos:
(A) Moacyr Scliar e Luís Antônio de Assis Brasil.
(B) Érico Veríssimo e Caio Fernando Abreu.
(C) Tabajara Ruas e Dyonélio Machado.
(D) Jorge Amado e Luís Fernando Veríssimo.
(E) Graciliano Ramos e Cyro Martins.

2-Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda, relacionando as obras aos autores.
(1) Dyonélio Machado                                    (   ) Dona Anja
(2) Caio Fernando Abreu                               (  ) Incidente em Antares
(3) Moacyr Scliar                                            (  ) O Exército de um Homem Só
(4) Josué Guimarães                                      (   ) Os Ratos  
(5) Érico Veríssimo                                         (   ) Morangos Mofados
                         A sequência correta, de cima para baixo, é



(A) 1 - 3 - 2 - 4 - 5.      (B) 4 - 5 - 3 - 2 - 1.     (C) 4 - 5 - 3- 1 - 2. 
                  (D) 1 - 2 - 4 - 5 - 3.     (E) 5 - 4 - 3 - 2 - 1.



 3-Dalton Trevisan, famoso contista paranaense, retrata em suas obras:
(A) a violência e a degradação do homem que mora nas comunidades rurais.
(B) uma preocupação excessiva pelos excluídos da sociedade brasileira.
(C) personagens fortes tentando sobreviver dentro do caos das grandes cidades.
(D) a vida simples dos camponeses sem-terra.
(E) personagens ricos e famosos das classes mais elevadas da sociedade.

4.Leia o fragmento abaixo do conto Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca.

(...) Apanhei a carabina doze e carreguei os dois canos.
Seu Maurício, quer fazer o favor de chegar perto da parede?
Ele se encostou na parede. .
Encostado não, não, uns dois metros de distância. Mais um pouquinho para cá. Aí. Muito obrigado.
Atirei bem no meio do peito dele, esvaziando os dois canos, aquele tremendo trovão. O impacto jogou o cara com força contra a parede. Ele foi escorregando lentamente e ficou sentado no chão. No peito dele tinha um buraco que dava para colocar um panetone. Viu, não grudou o cara na parede (...) Tem que ser na madeira, numa porta. Parede não dá, Zequinha disse.
                           
                       Considere as seguintes afirmações sobre o fragmento.
I - O seu tema é a violência, que se apresenta aqui banalizada, pois a morte de uma pessoa serve simplesmente para provar uma teoria.
II - A linguagem do texto é bastante coloquial, utilizando-se inclusive de gírias como "cara", o que pode levar a pensar ser o narrador um bandido violento e pouco instruído.
III - Pelo tema que apresenta a narrativa e pelo tratamento dado a esse tema, pode-se afirmar que o seu autor é um contista contemporâneo.
                                        Quais estão corretas?
(A) Apenas I.      (B) Apenas II.    (C) Apenas I e II.    (D) Apenas I e III.   (E) I, II e III.

5- Alguns escritores gaúchos são conhecidos por  terem tratado do tema da imigração e do assentamento de grupos étnicos no Rio Grande do Sul. Com base nisso, estabeleça a relação entre as colunas abaixo.
 (1) Moacyr Scliar                                           (    ) Imigração açoriana
 (2) Luiz Antônio de Assis Brasil                    (    ) Imigração alemã
 (3) Josué Guimarães                                    (    ) Imigração judaica
                          
              A sequência numérica correta, de cima para baixo, na segunda coluna, é:
    (A) 1 - 2- 3.          (B) 1 - 3 - 2.         (C) 2 - 1 - 3.          (D) 2 - 3 -1.         (E) 3 - 1 - 2.

6-Sobre “Grande sertão: Veredas”, obra de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que:
(A) tem por narrador um ex-jagunço, Riobaldo, que conta as suas histórias para um homem da cidade.
(B) o enredo está centrado na disputa pela posse das terras entre cangaceiros e imigrantes alemães.
(C) um dos temas centrais do texto é a dúvida de Riobaldo quanto à existência ou não do demônio.
(D) está presente no texto a figura de Diadorim, jagunço mulher que tem a sua identidade revelada depois de morta.
(E) a linguagem de Guimarães é inovadora, criando uma verdadeira revolução gramatical no texto, escrito no dialeto do sertão.

GABARITO COMENTADO

1-POESIA CONTEMPORÂNEA
1-Resposta E. A questão apresenta um trecho de u poema de João Cabra de Melo Neto, poeta considerado como um caso particular na evolução da poesia moderna brasileira por seguir um caminho próprio. Sua poesia se caracteriza pela objetividade na constatação da realidade e, em alguns casos, pela tendência ao surrealismo. Preocupa-se constantemente com a estética, a arquitetura da poesia, construindo-a palavra por palavra como se coloca pedra sobre pedra. Elimina o “eu” e a confissão sentimental, dizendo-se um poeta construtor, intelectual, visual, que não fala de si, nem de suas dores. O poema abordado nesta questão é um exemp0lo das características do autor: objetividade, construção estática visual, linguagem precisa, enxuta, calculada, racional.

2-Resposta D. O poema “Morte e Vida Severina” , o mais famoso e conhecido de João Cabral de Melo Neto, também chamado de “Auto de Natal Pernambucano”, tem aqui enfocado a primeira parte do poema, em que o retirante Severino se apresenta, tenta explicar quem é, tarefa difícil, pois há muitos “severinos” como ele. As alternativas A, B, C, E, analisam bem esta parte do poema.

3-Resposta E. Novamente é abordado o poeta João Cabral de Melo Neto e apresenta várias alternativas sobre as características da abordagem de suas obras a serem escolhidas. Lendo atentamente a resposta da questão 1, é fácil deduzir qual a correta.

4-Resposta D. A questão aborda a mesma primeira parte do poema “Morte e Vida Severina”, já enfocado na questão 2, dando destaque ao tema geral: a miséria em que vive o sertanejo, os males que o afligem e que pouco mudam de uma pessoa para outra, porque todos sofrem do mesmo mal: pobreza e abandono.

2-PROSA  CONTEMPORÂNEA
1-Resposta A. Os dois autores apontados, Moacyr Scliar e Luiz Antônio de Assis Brasil, são dois dos mais destacados na literatura atual do Rio Grande do Sul.
Scliar, de origem judaica, tem várias obras ligadas, ao universo judeu, particularmente em bairros de Porto Alegre. Além disso, manipula temas do universo fantásticos, numa linguagem direta e cortante, onde não faltam o humor e a ironia. Usa a fábula como , como conclusão da condição humana.
Assis Brasil destaca-se por ter escrito já várias obras que têm como pano de fundo fatos da História do Rio Grande do Sul, como a imigração açoriana (“Um Quarto de Légua em Quadro”), a Revolução Farroupilha (“A Prole do Corvo”), a decadência da classe proprietária rural com base no positivismo e castilhismo (“Bacia das Almas”), o fanatismo religioso – os “mückers” (“Videiras de Cristal”).

2-Resposta C. A questão associa autores e obras da segunda e terceira fase modernista:
. Érico Veríssimo e “Incidente em Antares”; já foi comentado anteriormente.
. Josué Guimarães e “Dona Anja”: a reunião, em uma casa de prostituição, das figuras notáveis da cidade (prefeito, delegado, vereadores, plantadores de soja, membros do Rotary e do Lions), medíocre elite municipal identificada com o regime militar, acompanham pelo rádio a votação da emenda sobre o divórcio, fazendo discursos sobre a indissolubilidade do matrimônio e pela manutenção dos mais sagrados valores da família e da propriedade, enquanto se divertem com as prostitutas da casa. É uma crítica sarcástica à hipocrisia moral da sociedade.
.Moacyr Scliar e “O Exército de um Homem Só”: ambientada em Porto Alegre, a história de Mayer Guinzburger, um quixote judeu dividido entre o idealismo e o desejo de enriquecer. Perseguido pelos seus fantasmas, considera-se o criador de uma nova sociedade. Alternando fantasia e realidade, o autor nos apresenta as alucinações do personagem, que se imagina o Capitão Birobidjan.
. Caio Fernando Abreu e “Morangos Mofados”: um livro de contos que apresenta três partes. A prmeira (“Os Mofos”) aborda temas melancólicos: abandono, desilusões, perdas. A segunda (“Os Morangos”) apresenta temas mais alegres: descobertas, sonhos, alegrias. A terceira, um conto longo, “Morangos Mofados”, encerra a obra com uma alegoria de desespero e renascimento para um mundo novo.

3-Resposta C. Esta é a temática preferida de Dalton Trevisan, considerado pela crítica o contista mais importante do Brasil atual e um dos renovadores do conto brasileiro. Com vários livros publicados, prefere os contos curtos que exploram principalmente a paisagem humana de sua cidade, Curitiba, através de textos secos, de frases breves, linguagem simples e sugestiva. Seus personagens se atormentam e se destroem, perdidos numa existência medíocre e vazia, retratados em situações extremamente realistas. Dalton Trevisan explora o desespero existencial, as obsessões e misérias morais, as tensões, o sádico, o macabro, o amor e o erotismo, a pornografia, o sublime e o grotesco.

4-Resposta A. A resposta correta caracteriza os contos de Rubem Fonseca um dos mais importantes contistas contemporâneos dentro do gênero policial. O espaço de suas histórias é, de preferência, o da grande cidade. Seus personagens são ligados ao submundo da marginalidade, do banditismo, do crime organizado, envolvendo, muitas vezes, poder político e narcotráfico, prostituição, jogo ilícito. Um reflexo provavelmente do período em que foi comissário de polícia no Rio de Janeiro. Em seu trabalho demonstra uma invejável erudição, tem se voltado para a narrativa policial.


5-Resposta D. A questão relaciona autores com a temática de algumas de suas obras. Luiz Antônio de Assis Brasil, em seu livro “Um Quarto de Légua em Quadro”, abordou o problema do sofrimento pelo qual passaram os imigrantes açorianos ao virem para o Brasil, as dificuldades encontradas para se fixarem na terra. Já Josué Guimarães, em sua obra “A Ferro e Fogo” aborda as dificuldades por que passaram os imigrantes alemães para se estabelecerem no nosso Estado, seus sofrimentos, lutas e desilusões. E, por fim, Mocyr Scliar, em alguns de seus livros, como ‘Os Deuses de Raquel”, “O Exército de Um Homem Só”, aborda o universo de personagens de origem judaica e seus problemas.

6-Resposta E
. Uma das características de Guimarães Rosa é a inovação, a recriação da linguagem: estiliza o linguajar sertanejo, inventando novas palavras, recriando palavras misturadas com arcaismos, com a linguagem erudita (latim e grego) e o regionalismo, tais como: “ a bala beija-florou, “os passarinhos bem-me-viam”, “os cavalos aiando gritos...”

7-Resposta B. Novamente a associação de autores e  obras: “A Ferro e Fogo”, de Josué Guimarães, é a saga da colonização alemã, particularizada na luta pela sobrevivência e na identificação com as condições históricas rio-grandenses por parte da família Schneider. A obra era para ser dividida em três partes: “A Ferro e Fogo I – Tempo de Solidão”, “A Ferro e Fogo II – Tempo de Guerra” e “A Ferro e Fogo III– Tempo de Tempo de Angústia”. Os dois primeiros foram escritos e editados, mas o terceiro não foi possível por morte do autor.

8-Resposta A. A única afirmativa correta refere-se novamente ao romance de Guimarães Rosa, “Grande Sertã: Veredas”, em que ele reinventou a linguagem, criando palavras novas, usando construções originais, estilizando o linguajar sertanejo, para narrar a luta de Riobaldo e Diadorim para encontrar e matar Hermógenes, vingando a morte de Joca Ramiro.

9-Resposta E. As três afirmativas são corretas.
. Luiz Antônio de Assis Brasil, na maior parte de suas obras, enfoca fatos da História do Rio Grande do Sul, como nas duas citadas nesta questão:
   “Um Quarto de Légua em Quadro” é um enfoque da imigração açoriana. O Dr. Gaspar de Fróes viaja no navio junto com os açorianos que se dirigem para a Ilha do Desterro (atualmente Florianópolis) e depois acompanha a leva de imigrantes que vem para Rio Grande, no nosso estado, contando os acontecimentos da viagem e a vida dos recém-chegados na nova colônia.
    “A Prole do Corvo” conta o drama de Filhinho, um rapaz muito jovem que se incorporou ás tropas de Bento Gonçalves por uma causa que não conhece e pela qual não se interessa. Foi para a guerra por exigência do pai que não tinha mais cavalos para dar para as tropas e do oficial farroupilha que assim punia o pai levando o filho.
     As duas obras de Lya Luft citadas na questão são exemplos da sua literatura: uma temática intimista, com mulheres como personagens centrais. Em “As Parceiras”, Anelise relembra sua vida de criança solitária, sem pais, convivendo com uma tia beata, uma outra tia anã e débil mental, uma irmã indiferente uma amiga neurótica que se suicida, um primo sedutor que tortura a esposa com a sua sede insaciável por sexo.   No outro livro, “A Asa Esquerda do Anjo”, temos Guísela, heroína e narradora, que também recorda uma infância de humilhações e inferioridade, sob a tutela de uma avó autoritária, uma alemã que não aceita a contaminação com a raça inferior que os brasileiros representam e incute na menina o temor e repulsa ao sexo, o que a leva a fugir ao contato com os homens futuramente.

10-Resposta B. A alternativa correta (B) destaca um fragmento da obra “O CORTIÇO”, DE Aluísio de Azevedo, marco do Naturalismo na Literatura Brasileira. As demais pertencem a obras modernistas (D, E)  e românticas (C).

11-Resposta E. A obra “Fogo Morto” é de autoria de autoria de José Lins do Rego, que nela enfoca o universo da região canavieira, a vida nos engenhos e, sobretudo, a derrocada do engenho Santa Fé, que acaba sendo desativado, ficando de “fogo morto”. É sua obra-prima, considerada como um dos clássicos do chamado Romance de 30.

12-Resposta E. As afirmativas corretas referem-se a Luiz Antonio de Assis (I) e Lya Luft (II).
     Em  “Videiras de Cristal”, Assis Brasil enfoca o episódio dos “mückers”, ocorrido no morro do Ferrabrás, região de São Leopoldo, local onde hoje fica Sapiranga, e que envolveu Jacobina Maurer e seus seguidores, os quais votaram-se contra as autoridades políticas e religiosas e formaram uma comunidade fechada, com crenças e regulamentos próprio, criando um problema muito grave com os vizinhos que não quiseram aderir à comunidade, o que exigiu intervenção.  Já em “Cães da Província”, é feita uma biografia imaginária  de Qorpo Santo, um dramaturgo genial que viveu na Porto Alegre do século XIX, seus problemas com a família e com os que o achavam um maluco.O autor introduz no romance a história real do caso da Rua do Arvoredo, em que pessoas desaparecem num açougue que fica nesta rua e que descobre-se terem sido assassinados pelo dono e empregado para, provavelmente, fazerem as linguiças que eram vendidas aos fregueses. Caso real mesmo!
      A obra “As Parceiras” já foi comentada na questão 09.

13-Resposta C. A questão relaciona autores com os temas abordados em suas obras.
    . Rubem Fonseca, é famoso pelos seus contos e romances que abordam a violência de todo tipo e todas as crueldades sociais e individuais que envenenam a vida das grandes cidades nos dias atuais. A obra que oferece uma abordagem histórica é o romance “Agosto”, em que o autor entrelaça os fatos políticos da grave crise que culminou com o suicídio do presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, com o crime fictício ocorrido no Edifício Deauville, onde um rico empresário (Paulo Aguiar) é misteriosamente assassinado. A investigação do crime é feita pelo comissário de polícia Alberto Mattos.
    . Nelson Rodrigues foi o revolucionário autor de peças teatrais na Segunda Fase do Modernismo, revolucionando espaço, tempo e linguagem (com ele o palavrão subiu ao palco). Escreveu inúmeras peças que apresentavam personagens doentios, perversos, violentos. A par da atividade de dramaturgo, era também jornalista, escrevendo para o jornal Última Hora crônicas sobre o dia a dia da cidade grande e os dramas de uma sociedade em decomposição que nela ocorriam (“A Vida como ela é”) e crônicas sobre futebol para o Jornal dos Esportes.

14-Resposta C. Rubem Braga é reconhecido e consagrado como o grande mestre da crônica, gênero a que se devotou com todo o seu empenho e capacidade a vida toda. Atento ao que muitas vezes julgamos banal, captava e interpretava os valores ali subjacentes. Era um verdadeiro espião do cotidiano, a partir de cujas situações mais simples desvendava os pequenos segredos da existência. Daí a variedade temática de suas crônicas, marcadas por um forte lirismo reflexivo.

15-Resposta B. A afirmativa nada tem a ver com o romance citaddo.
      As demais se referem todas ao romance “Grande Sertão:Veredas”, de Guimarães Rosa, dando uma pequena visão do seu tema, que tem como protagonista um ex-jagunço, Riobaldo, o qual conta a um interlocutor, as aventuras vividas quando saiu com um bando de jagunços à caça de Hermógenes, o traidor que matara o chefe Joca Ramiro e fugira, formando seu próprio bando. O grande amigo de Riobaldo é Diadorim, a filha de Joca Ramiro, que se disfarçara de homem para ser aceita no bando e poder vingar a morte do pai. Riobaldo não sabe que Diadorim é mulher e se angustia ao sentir aquele amor estranho e impossível pelo companheiro. Só vem a saber a verdade sobre ele, depois que esta morre lutando contra Hermógenes num combate corpo a corpo onde os dois morrem. Riobaldo  passa a viver a dor do que poderia ter sido e não foi. A partir desses fatos, questiona-se sobre o bem e o mal, numa obsessão sobre a existência do “Demo” (diabo), com o qual dizem que Hermógenes fizera um pacto. Convencendo   de que só fazendo também  um pacto com o demônio é que terá condições de enfrentar de igual para igual o perigoso Hermógenes, Riobaldo invoca o Demo para pactuar. Tal fato irá persegui-lo pelo resto da vida de jagunço. Casa-se e torna-se um fazendeiro, mas continua obcecado pela questão fundamental de sua vida: o Demo existe de verdade, como um ser, ou é apenas o lado mau de cada um de nós? Se não existe, não houve pacto e ele está livre, salvo; mas se o Demo existe, como fica a sua situação?

16-Resposta D.
. Moacyr é muito conhecido por suas obras, que enfocam o universo judeu, particularmente o do bairro Bom Fim, em Porto Alegre., em obras como “A Guerra do Bom Fim”, “O Exército de um Homem Só”, “Os Deuses de Raquel”, “o Ciclo das Águas”, “A Balada do Falso Messias”...
. Luiz Antônio de Assis Brasil tem vários livros publicados, grande parte deles tendo como pano de fundo os lances mais polêmicos da História do Rio Grande do Sul. Na chamada “trilogia dos mitos rio-grandenses”, o primeiro deles , “Um Quarto de Légua em Quadro”, aborda a imigração açoriana, , em que o personagem Doutor Gaspar de Fróes, médico de bordo, narra, sob a forma de diário, a viagem de navio dos imigrantes açorianos que se destinam ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina, suas dificuldades e infortúnios no processo de adaptação às colônias, desde o desembarque na Ilha do Desterro (hoje Florianópolis). Paralelamente a isso, transcorrem os conflitos do personagem-narrador Dr. Fróes.
. Josué Guimarães é conhecido é conhecido também por sua abordagem de temas da história rio-grandense. Seu primeiro romance, “A Ferro e Fogo” – Tempo de Solidão”, inicia em 1972, numa trilogia sobre a colonização alemã em nosso estado, onde aborda a mesquinha luta cotidiana, a tarefa inglória da resistência em meio a uma terra estranha, as atribulações, as guerras, os confrontos pelo poder. Virando a história pelo avesso, Josué Guimarães aborda os fatos históricos sem ufanismo ou cantos laudatórios. Quando Philipp Schneider volta para casa, depois de ter lutado na Revolução Farroupilha, ele não ganhou nada (nem honrarias, nem medalhas) e seu único desejo é dormir.Mais uma vez a metáfora do esquecimento.

17-Resposta E.
     As três afirmativas atestam o tema do romance em questão: a violência extrema existente no mundo da criminalidade dos grandes centros. É o tema explorado pelo escritor Rubem Fonseca, baseado nas experiências vivenciadas no período em que foi comissário de polícia no Rio de Janeiro e estava em contato com o submundo da marginalidade, do crime organizado. O texto atesta o quanto a vida humana não tem valor no submundo do crime (um ser humano serve para testar a afirmativa de que as balas poderiam grudá-lo na
Parede), nas mãos de bandidos violentos, boçais, sem nenhum sentimento ou respeito pelo ser humano. Contista famoso contemporâneo, Rubem Fonseca, atesta na obra a sua predileção pelo tema da violência, o romance jornalístico.

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