A trÍade parnasiana foi formada apenas pelo fato dos três mais conhecidos poetas parnasianos: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correi, os que mais se destacaram no movimento.
OLAVO BILAC -Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, seu nome completo é um perfeito verso alexandrino" (12 sílabas)
-Príncipe dos poetas -Autor do Hino à Bandeira
-Poeta cívico
-Poeta cívico
Temas principais: Natureza - Pátria - Antiguidade greco-romana - Amor sensual e amor
platônico - Questionamento da própria poesia.
Características básicas: Rigidez métrica e luta pela perfeição formal -
Desvios na objetividade parnasiana, resultantes de uma pretensa "herança
romântica" que se traduz em temas subjetivos como o amor (seja o erótico,
seja o platônico) e o nacionalismo.
Poemas mais conhecidos: Profissão de fé - In extremis - O caçador de
esmeraldas
RAIMUNDO
CORREIA. - Raimundo
da Mota de Azevedo Correia (São Luís, 13 de maio de 1859 — Paris,13 de setembro
de 1911) foi um juiz e poeta brasileiro
-Visão negativista do mundo - Poesia com caráter filosófico
Temas principais: Natureza - Melancolia da existência.
Características básicas: Recursos visuais (plásticos) e sonoros na confecção
dos versos - Tentativa de um sentido filosofante na poesia em geral.
Poemas mais conhecidos: As pombas - Mal secreto
ALBERTO DE OLIVEIRA – Antônio Mariano de Oliveira
(05 de abril de 1855 - 5 de janeiro de 1937) foi um brasileiro poeta,
farmacêutico e professor, mais conhecido por seu pseudônimo Alberto de Oliveira
.Um dos mais típicos representantes do Parnasianismo
-Excessiva
preocupação formal -Gosto
por preciosismo
-Sintaxe rebuscada -Príncipe
dos poetas
Temas principais: Natureza - Descritivismo de objetos
Característica básica: Adesão completa e rígida a todos os princípios do
movimento
Poemas mais
conhecidos; Vaso grego – Vaso chinês.
podemos concluir que
os 3 juntos formavam uma espécie de perfeita harmonia no que se denomina
parnasianismo, os 3 são os mais marcantes e dedicados à causa.
PARNASIANISMO: Que foi triade parnasiana?
qual o objetivo ...
parnasianismoguara.blogspot.com/.../que-foi-triade-parnasiana-qual-.
A tríade parnasiana
educaterra.terra.com.br/literatura/resumao/resumao_7.htm
TRÍADE PARNASIANA: A ANÁLISE POÉTICA EM ALBERTO DE
OLIVEIRA- VASO CHINÊS E O MURO -, RAIMUNDO CORREIA- AS POMBAS E MAL SECRETO -,
E OLAVO BILAC- VILA RICA E PROFISSÃO DE FÉ.
INTRODUÇÃO
O parnasianismo vinha sendo difundido no
Brasil desde 1870, e em 1878 surgiu a "Batalha do Parnaso", um
polêmico movimento literário que consistia em uma reação contra o Romantismo,
tendo seus adeptos de um lado, e de outro, os adeptos do Parnasianismo e também
do Realismo.
Os poetas parnasianos eram contra certos
princípios românticos; em lugar da simplicidade da linguagem, do emprego de
sintaxe e vocabulário mais brasileiro, do sentimentalismo e da valorização da
paisagem nacional, defendiam uma poesia de elevado nível vocabular, uma poesia
objetiva e racionalista, priorizando o aspecto formal, através do verso bem
ritmado, dos efeitos plásticos e sonoros, e temas universais. Diferentemente
também do Realismo e do Naturalismo, que se voltavam para o exame e para a
crítica da realidade, o Parnasianismo trouxe a busca do equilíbrio e da
perfeição formal, o princípio do belo na arte, a "arte pela arte",
onde o objetivo principal da arte não é tratar dos problemas sociais e humanos,
e sim alcançar a perfeição em sua construção. O Parnasianismo representava,
então, um retorno ao clássico.
Ainda no Brasil, tínhamos a "Tríade
Parnasiana", composta por Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo
Bilac, poetas que mais fielmente seguiram os princípios parnasianos, enchendo
suas poesias de preocupações com aspectos formais, vocabulário raro e preciso,
impassibilidade, com descrições objetivas de objetos, cenas e coisas, sem
preocupar-se em descrever o homem, as pessoas, sem transcendências e
sentimentalismo, de forma neutra. Suas descrições eram, assim, consideradas por
muitos, artificiais, imprimindo suas obras de um tom desagradável.
A ANÁLISE DOS POEMAS
Vaso
Chinês
Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura -
Quem o sabe? - de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto
de Oliveira
Nesse poema, Alberto de Oliveira opta pela
forma fixa de Soneto - bem como os outros dois poetas da tríade parnasiana na
maioria de suas obras -, constituído de duas quadras (estrofe com quatro
versos) e de dois tercetos (estrofe com três versos). O soneto não é somente um
tipo de poema a mais, senão o único tipo que tem número de versos absolutos (14
versos) e quase absoluta unanimidade quanto à divisão estrófica (dois quartetos
e dois tercetos, para o italiano,
criação de Petrarca, daí o nome soneto petrarquiano; e três quartetos e um dístico,
no caso do soneto inglês), demonstrando o rigor formal de Alberto de Oliveira,
mestre do parnasianismo, e uma de suas maiores preocupações enquanto
parnasiano: a precisão das palavras, resultado de um intenso trabalho de
adequação à forma e ao conteúdo de estruturas como o soneto. Em relação à
métrica, este soneto é decassílabo, ou seja, é constituído de dez sílabas
poéticas, representando uma das principais características do Parnasianismo; a
preferência por metros como o alexandrino de tipo francês e o decassílabo (caso
de Vaso chinês).
No poema em questão, há a predominância de
elementos descritivos em vez de narrativos; a descrição rigorosamente objetiva
do vaso. O assunto são as pinturas que decoram um vaso chinês e a interpretação
que o poeta lhes dá, sendo um poema exemplar da poesia parnasiana, com todas as
características do Parnasianismo: o exotismo ("estranho mimo", 1º
verso; "coração doentio", 6º verso; "calor sombrio", 8º
verso; "singular figura", 11º verso; "olhos cortados", 14º
verso); a plasticidade, com seus efeitos poesia-pintura, presente em todo
poema; as rimas ricas ("vi-o", 1º verso / luzidio", 3º verso ;
"vendo-a", 12º verso / "amêndoa", 14º verso),
impassibilidade (não há sentimentalismo excessivo); precisão vocabular e sua
correção gramatical; ênfase no sensorial e suas sinestesias ("tinta
ardente", 8º verso; "calor sombrio", 8º verso), e mesmo a
necessidade e, ao mesmo tempo, certa impossibilidade de expressar algo
("sentia um não sei quê com aquele chim", 13º verso). As inversões
sintáticas (hipérbato), como em "de um perfumado / contador sobre o mármor
luzidio", devem-se ao cultivo do português do século XVIII. Note-se também
que em Vaso chinês não há juízos de valor a respeito do cotidiano ou da
realidade; Alberto de Oliveira, bem como os demais parnasianos, aliena-se
propositadamente para fazer a poesia da arte pela arte, primor da forma.
O Muro
É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensangüentado
E num pouco de musgo em cada fenda.
Serve há muito de encerro a uma vivenda;
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Horas mortas, a lua o véu desata,
E em cheio brilha; a solidão se estrela
Toda de um vago cintilar de prata;
E o velho muro, alta a parede nua,
Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua.
Alberto de Oliveira
Neste poema, Alberto de Oliveira também
opta pela construção em forma de soneto, mais uma vez mostrando seus ideais
parnasianos e sua intensa preocupação com o aspecto formal da poesia e seu
caráter objetivo. E também, igualmente como faz em Vaso Chinês, opta pela
métrica do decassílabo, tão utilizado pelos outros poetas parnasianos da
tríade. Podemos perceber, assim, que o poeta permanece fiel às leis métricas do
movimento literário ao qual pertencia, sempre contrário à "frouxidão"
e à "incorreção" dos românticos. Fica claro neste poema, bem como no
poema anterior, que Alberto de Oliveira preocupava-se bem mais com a mecânica
do metro do que com a melodia no poema.
Aqui, o poeta, ao descrever um "Muro", faz uma seleção de elementos
predominantemente descritivos, porém, diferentemente de em Vaso chinês, o poeta
produz versos mais expressivos, com certa sombriedade, como podemos perceber em
"Roto e negro" (2º verso), "(...) em flor ensangüentado"
(3º verso), "Horas mortas, a lua o véu desata" (9º verso),
"Entre os beijos e lágrimas da lua" (14º verso), produzindo certo
exotismo, uma de suas marcas enquanto parnasiano. Em O muro, Alberto de
Oliveira constrói uma poesia objetivista em seu conteúdo, fiel ao
Parnasianismo, imprimindo a obra de um racionalismo que lhe é característico,
porém, o faz a partir da transferência de tônica dos sentimentos vagos, tão presente no
Romantismo, para a visão do real, derrubando, assim, a idéia do "poeta
completamente impassível". Além disso, mais uma vez podemos perceber a
defesa da "Arte pela arte", em que o poeta busca, fundamentalmente, a
perfeição em sua construção poética, utilizando-se, para isto, de vocabulário
culto e preciso, provocando, assim, os efeitos de plasticidade que perpassam
toda sua obra.
Plenilúnio
Além nos ares, tremulante,
Que visão branca das nuvens sai!
Luz entre as franças, fria e silente;
Assim nos ares, tremulamente,
Balão aceso subindo vai...
Há tantos olhos nela arroubados,
No magnetismo do seu fulgor!
Lua dos tristes e enamorados,
Golfão de cismas fascinador!
Astro dos loucos, sol da demência,
Vaga, noctâmbula aparição!
Quantos, bebendo-te a refulgência,
Quantos por isso, sol de demência,
Lua dos loucos, loucos estão!
Quantos à noite, de alva sereia
O falaz canto na febre a ouvir,
No argênteo fluxo da lua cheia,
Alucinados se deixam ir...
Também outrora, num mar de lua,
Voguei na esteira de um louco ideal;
Exposta aos euros a fronte nua,
Dei-me ao relento, num mar de lua,
Banhos de lua que fazem mal.
Ah! quantas vezes, absorto nela,
Por horas mortas postar-me vim
Cogitabundo, triste, à janela,
Tardas vigílias passando assim!
E assim, fitando-a noites inteiras,
Seu disco argênteo n?alma imprimi;
Olhos pisados, fundas olheiras,
Passei fitando-a noites inteiras,
Fitei-a tanto, que enlouqueci!
Tantos serenos tão doentios,
Friagens tantas padeci eu;
Chuva de raios de prata frios
A fronte em brasa me arrefeceu!
Lunárias flores, ao feral lume,
? Caçoilas de ópio, de embriaguez ?
Evaporavam letal perfume...
E os lençóis d?água, do feral lume
Se amortalhavam na lividez...
Fúlgida névoa vem-me ofuscante
De um pesadelo de luz encher,
A tudo em roda desde esse instante,
Da cor da lua começo a ver
E erguem por vias enluaradas
Minhas sandálias chispas a flux...
Há pó de estrelas pelas estradas...
E por estradas enluaradas
Eu sigo às tontas, cego de luz...
Um luar amplo me inunda, e eu ando
Em visionária luz a nadar,
Por toda a parte, louco arrastando
O largo manto do meu luar...
Raimundo Correia
Em Plenilúnio,
Raimundo Correia cria uma imagem impressionista da lua, já vista no próprio
título. Utiliza-se de descrições vagas e subjetivas, como "balão
aceso" (5º verso), "golfão de cismas" (9º verso), "sol da
demência" (10º verso). No poema, o poeta vai se expondo à lua, da qual
fala no texto, e sua luz fria, e à medida em que vai se expondo, essa mesma luz
começa a enlouquecê-lo, até o momento em que os dois encontram-se em um só.
É interessante
perceber que Plenilúnio pode ser dividido em duas partes. A primeira abarca as
quatro estrofes iniciais, em que o poeta esboça uma paisagem impressionista em
que a lua é o tema principal. Nesse primeiro momento, o foco é a pintura de um
quadro, a descrição de uma cena, e a maioria dos versos constitui-se de frases
nominais, sendo a ação praticamente excluída dessas estrofes, que se apresentam
como um grande painel estático e descritivo, embora a descrição não se faça
objetiva e clara como era costume na estética parnasiana.
A segunda parte, por sua vez, inicia-se na
quinta estrofe e vai até a décima segunda. Aqui, todas as frases são verbais,
constituindo-se essas orações de verbos de ação, que imprimem maior movimento
ao poema. Essa nova dinâmica, unida à subjetividade, acompanha o progressivo
enlouquecimento do poeta, que se deixa embriagar pelos raios e pela luz do
luar. O estado de embriaguez e de perda de consciência é refletido pela
estrutura aparente do poema. O ritmo é criado por versos eneassílabos. Outro
aspecto importante é a pontuação, pois dos cinqüenta e quatro versos, oito
terminam em exclamação e outros oito em reticências, e isso reflete as grandes
oscilações emocionais promovidas por um estado de loucura e embriaguez e a
falta de conclusão de um raciocínio objetivo. Sobretudo as reticências mantêm o
caráter vago das imagens do poema.
A outra figura largamente utilizada por
Raimundo Correia e por outros parnasianos é a sinestesia. A embriaguez
promovida pelos banhos de lua que o poeta se dá mobiliza todos os seus sentidos
e faz com que eles misturem as sensações percebidas pelo sujeito. À visão, que
seria o primeiro sentido mobilizado pelo ato de contemplar a lua, une-se o
paladar na terceira estrofe, em que alguns indivíduos bebem a refulgência do
luar. Na estrofe seguinte há uma mistura da visão com a audição: os alucinados
que se deixam ir no fluxo da lua ouvem cantos de sereia. A quinta e a oitava
estrofes ficam por conta de mobilizar o tato. Finalmente, na nona estrofe, há
uma participação do olfato nas sensações provocadas pelo plenilúnio.
Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N?alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Raimundo
Correia
Em Mal
secreto, Raimundo Correia utiliza-se de rima do tipo ABAB nas duas
primeiras estrofes, e do tipo CCD nas duas últimas estrofes. A forma utilizada
pelo poeta foi a de Soneto, largamente utilizada pelos parnasianos e pela
tríade. Em relação à métrica, Raimundo Correia opta por versos decassílabos,
também muito utilizado pelos poetas parnasianos.
Raimundo Correia
utiliza-se também de recursos sonoros e visuais: O ritmo marcado pela
sonoridade, especialmente nas palavras tônicas, e nas rimas a marca do tom
consistente e forte. Através desses recursos, o poeta consegue transmitir sua
oposição semântica fundamental dentro do poema, entre o íntimo do ser humano e
sua aparência, com as máscaras que muitas vezes escondem a realidade.
Vila
rica
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.
Olavo Bilac
Além de várias figuras de linguagem -
comparação, metáfora, metonímia, personificação, inversão etc. -, o poema é
rico em sugestões sonoras, como o baladar do sino sugerido pelos fonemas nasais
e pela aliteração do fonema /jê/ no 1º verso da 2ª estrofe. Além disso, há
várias sugestões cromáticas relacionadas ao ouro (luz do sol e do ouro das
minas) e ao negro (da noite, do passado e do próprio nome da cidade). É
possível notar também as oposições existentes no poema, que reforçam o
contraste entre passado e presente, riqueza e pobreza, dia e noite, o passado
glorioso e o presente humilde.
No "soluçar" do verso de Dirceu, a
repetição do fonema /s/ na última estrofe, ao mesmo tempo que lembra um choro,
sugere também os sofrimentos amorosos de Marília e Dirceu e dos inconfidentes
mineiros, apenas sugerindo, nunca enchendo o texto de sentimentalismo e
subjetivismo exacerbado. Trata-se, portanto, de um poema que consegue unir
técnicas de construção a um rico conteúdo histórico - qualidades que nem sempre
foram alcançadas pelos parnasianos. Assim, em Vila rica Bilac mostra a
objetividade parnasiana evoluindo para uma postura mais intimista e subjetiva.
Profissão
de fé
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor
(...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
(...)
E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.
Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
Olavo Bilac
O trecho acima de Profissão de fé é construído em cinco quadras, caracterizando a
forma do tipo rondó. Sua métrica varia, aparecendo em quatro, nove e dez
sílabas, com rimas alternadas. A poesia aborda o próprio processo de criação
poética. Olavo Bilac compara o ofício do poeta ao do ourives, do escultor,
utilizando o vocabulário das artes plásticas: "(...)Torce, aprimora,
alteia, lima / A frase; e, enfim, / No verso de ouro engasta a rima, / Como um
rubim" (segunda estrofe do trecho), abordando o lema defendido por todos
os parnasianos; "A arte pela arte", onde Bilac nos diz que se o poema
em que se lima a frase logrará maior perfeição, saindo da oficina / Sem um
defeito. É possível também observar neste poema um pouco do tributo
"obrigatório" à estética do Parnasianismo, onde Bilac canta, ao
final, a antiguidade greco-romana, de maneira pouco convincente: "Por te
servir, Deusa serena, / Serena Forma!", podendo ser considerada até
artificial.
Logo no início, o
poeta já começa a definir sua "profissão de fé", ou seja, seus
próprios princípios artísticos. É possível perceber, ao longo do texto, o poema
(a palavra) é comparado a materiais da escultura e da ourivesaria, como ônix,
ouro, rubim etc, relevando, desta forma, a concepção de Olavo Bilac a respeito
do valor e da função da poesia, que ele considera, basicamente, como sendo
responsável por esculpir a palavra, através da busca da perfeição formal, de um
vocabulário culto, de rimas raras (as chamadas "chaves de ouro") e o
excessivo tom descritivo. Para alcançar tal perfeição, Bilac trabalha arduamente
em cima das palavras, ilustrando o próprio poema em questão com este
procedimento, como pode-se verificar principalmente nas seguintes estrofes:
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
(...)
Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
Já
o princípio da Arte pela Arte é melhor verificado na 4ª estrofe, quando o poeta
diz:
E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.
Mostrando sua entrega total à arte de
escrever.
CONCLUSÃO
É
possível verificar, com as análises feitas neste presente artigo, que embora o
Parnasianismo e a tríade parnasiana - bem como os demais poetas parnasianos -
apresentem suas características fixas, recorrentes na maioria das obras
parnasianas, como busca da perfeição formal, vocabulário culto, gosto pelo
soneto, apego à tradição clássica, Arte pela Arte, e tantas outras
características abordadas neste breve estudo acerca dos poemas de tal escola,
Os principais autores brasileiros parnasianos - a saber, Alberto de Oliveira,
Raimundo Correia e Olavo Bilac -, ao construir suas poesias, utilizaram-se de
outros elementos e recursos, característicos de outras escolas e estilos
literários, apresentando, inclusive, influência do próprio Romantismo e
Realismo, em alguns de seus poemas, mostrando a impossibilidade de um
"poeta impassível", e impermeável a todo e qualquer elementos que não
esteja na origem e essência do Parnasianismo. Este artigo foi importante,
então, para mostrar a importância e necessidade do estudo e análise dos
próprios poemas, tendo a teoria como base, meio, e não como fim para o estudo
da poesia, uma vez que, na prática, ou seja, no fazer poético, há a ocorrência
de muitos aspectos que passam de certa forma despercebidos ao tratar-se apenas
de história da literatura e sua Teoria.
REFERÊNCIAS
BOSI, Alfredo.
História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: CULTRIX, 2006, p. 219 -
229.
Tríade Parnasiana:
A análise poética em Alberto de Oliveira- VASO ...
www.webartigos.com/.../triade-parnasiana.../66690/
Gostei , muito obrigado , me ajudou muito no trabalho escolar
ResponderExcluirAs vezes eu tenho medo de cair no chão
ResponderExcluireu também
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