LITERATURA
Devido à peculiaridades de sua formação
como colônia, no Brasil a cultura literária custou a se desenvolver. Portugal
não fazia nenhuma questão de educar os territórios colonizados, pois o grande
interesse era a exploração de seus recursos. Bibliotecas e escolas públicas não
havia, e o que se aprendia - quando se aprendia - era uma instrução elementar
sob a tutela da Igreja, especialmente dos jesuítas, fortemente direcionada para
a catequese, e ali se encerrava a educação, sem perspectivas nenhumas de
aprofundamento ou de aprimoramento do gosto literário a não ser que os pupilos
acabassem por ingressar nas fileiras da Igreja, que então lhes daria melhor
preparo.
Acrescente-se a isso que grande parte
da população era analfabeta e a transmissão de cultura era baseada quase toda
na oralidade, a imprensa era proibida, manuscritos eram raros pois o papel era
custoso, e só circulavam livros que haviam passado pela censura do governo,
principalmente vidas de santos, catecismos, uns poucos romances inocentes de
cavalaria, compêndios de latim, lógica e legislação, de modo que além de os
leitores serem poucos, quase não havia o que ler.
Assim, a escassa literatura produzida
durante o Barroco nasceu principalmente entre os padres, alguns deles de elevada
ilustração, ou no seio de alguma família nobre ou abastada, entre os oficiais
do governo, que podiam se dar ao luxo de estudar na metrópole, e era consumida
neste mesmo círculo reduzido. O que pôde florescer nesse contexto paupérrimo
seguiu em linhas gerais o Barroco literário europeu, caracterizando-se numa
ênfase na retórica exuberante, no gosto pelas figuras de linguagem, no cultivo
dos contrastes e no apelo emocional. Salvo por raros literatos que serão em
breve mencionados, somente no século XVIII é que a literatura vai começar a
adquirir uma feição mais rica e mais nitidamente nativa, acompanhando o
crescimento das cidades litorâneas e o surgimento do ciclo do ouro em Minas
Gerais, ao mesmo tempo em que começava uma transição para o Arcadismo e seus
valores classicistas
Poesia
Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a
publicação do poema épico Prosopopeia,
de Bento Teixeira. Conheça a seguir os trechos selecionados:
I
Cantem Poetas o
Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao
jugo duro;
O Mantuano pinte o
Rei Troiano,
Descendo à confusão
do Reino escuro;
Que eu canto um
Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara
Pátria firme muro,
Cujo valor e ser,
que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a
Lácia e Grega lira.
II
As Délficas irmãs
chamar não quero,
que tal invocação é
vão estudo;
Aquele chamo só, de
quem espero
A vida que se espera
em fim de tudo.
Ele fará meu Verso
tão sincero,
Quanto fora sem ele
tosco e rudo,
Que per rezão negar
não deve o menos
Quem deu o mais a
míseros terrenos.
Esse poema, além de traçar elogios aos
primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por
um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os críticos o
considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico, pois
foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro estilo
de época a surgir no Brasil.
No campo da poesia, destaca-se o precursor
Bento Teixeira com seu épico Prosopopéia,
inspirado na tradição de Camões, seguido de Manuel Botelho de Oliveira, autor
de Música do Parnaso, o primeiro
livro impresso de autor nascido no Brasil, uma coletânea de poemas em português
e espanhol em rigorosa orientação cultista e conceptista, afim da poesia de
Góngora, e mais tarde o frei Manuel de Santa Maria, também da escola camoniana.
Mas o maior poeta do barroco brasileiro é
Gregório de Matos, de grande veia
satírica, e igualmente penetrante na religião, na filosofia e no amor, muitas
vezes de crua carga erótica. Também fez uso de uma linguagem culta e cheia de
figuras de linguagem. Foi apelidado de O Boca do Inferno por suas críticas
mordazes aos costumes da época. Na sua lírica religiosa os problemas do pecado
e da culpa são importantes, como é o conflito da paixão com a dimensão
espiritual do amor.
Prosa
Na prosa o grande expoente é o Padre Antônio Vieira, com os seus
sermões, dos quais é notável o Sermão da
Primeira Dominga da Quaresma, onde defendia os nativos da escravidão,
comparando-os aos hebreus escravizados no Egito. No mesmo tom é o Sermão 14 do Rosário, condenando a
escravidão dos africanos, comparado-a ao calvário de Cristo. Outras peças
importantes de sua oratória são o Sermão
de Santo António aos Peixes, o Sermão do Mandato, mas talvez a mais célebre
seja o Sermão da Sexagésima, de
1655. Nele não apenas defende os índios, mas também e, principalmente, ataca
seus algozes, os dominicanos, por meio de hábil encadeamento de imagens
evocativas.
Sua escrita era animada pelo anseio de
estabelecer um império português e católico regido pelo zelo cívico e a
justiça, mas sua voz foi interpretada como uma ameaça à ordem estabelecida, o
que lhe trouxe problemas políticos e atraiu sobre si a suspeita de heresia.
Defendendo os cristãos-novos foi perseguido pela Inquisição, que o teve preso
por dois anos, além de ter-lhe cassado o direito à expressão pública de suas
idéias. Banido para o Brasil, encontrou a oposição dos colonos lusos, a quem
desagradava que falasse pelos índios.
Seu estilo pode ser
sentido neste fragmento:
"O trigo que
semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos,
as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos
corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com
riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os
corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus, e se nasce,
não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietos e perturbados com a
passagem e tropel das coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que
atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a
desatendem ou a desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os
homens de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta
fecundidade e abundância, que se colhe cento por um: Et
fructumfecitcentuplum."
Outros nomes na
prosa do período são historiadores ou cronistas, como Sebastião da Rocha Pita,
autor de uma História da América Portuguesa, Nuno Marques Pereira, cujo
Compêndio Narrativo do Peregrino da América é considerado uma das primeiras
narrativas de cunho literário do Brasil, na forma de uma alegoria
moralizante,[53] e o frei Vicente do Salvador, autor da Historia do Brazil, de
onde vem este excerto que trata do Descobrimento:
"A Terra do
Brasil, que está na América, huma das quatro partes do Mundo, não se descobrio
de proposito, e de principal intento; mas acaso indo Pedro Alvares Cabral, por
mandado de El Rey Dom Manoel no (ano) de mil e quinhentos para a India por
Capitão Mor de doze Naus, afastando-se da costa de Guiné, que já era descoberta
ao Oriente, achou estoutra ao Ocidente, da qual não havia noticia alguma, foi a
costeando alguns dias com tromentathe chegar a hum porto seguro, do qual a terra
visinha ficou com o mesmo nome.
"Ali
desembarcou o dito Capitão com seus soldados armados, pera peleijarem; porque
mandou primeiro hum batel com alguns a descobrir campo, e derão novas de muitos
Gentios, que virão; porem não foramnecessarias armas, porque só de verem homens
vestidos, e calçados, e brancos, e com barba - do que tudosellescaressem - os
tiverão por divinos, e mais que homens, e assim chamando-lhes Carahibas, que
quer dizer na sua lingoa cousa divina, se chegaram pacificamente aos nossos."
Gregório de Matos
"Que
falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que
se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha
Por mais que a fama a
exalta
Numa cidade onde falta
Verdade, honra e vergonha."
Assim Gregório
de Matos abre um poema criticando a Bahia de seu tempo. A sátira política
tornou-se uma das vertentes mais conhecidas de sua obra poética.
Gregório de Matos Guerra era o terceiro filho de um fidalgo português, estabelecido no Recôncavo baiano como senhor de engenho, e de uma brasileira. Ao contrário dos irmãos mais velhos que não se adequaram aos estudos e dedicaram a ajudar o pai na fazenda, Gregório recebeu instrução na infância e adolescência e foi enviado para a Universidade de Coimbra, onde bacharelou-se em direito.
Teria sido juiz do Cível, de Crime e de Órfãos em Lisboa durante muitos anos. Na Corte portuguesa, envolveu-se na vida literária que deixava o maneirismo camoniano e atingia o barroco, seguindo as influências espanholas de Gôngora e Quevedo. Por essa ocasião, teria também casado e tido acesso ao rei Pedro 2o, de quem ganhou simpatia e favores.
Sua sorte, porém, mudou bruscamente. Enviuvou e caiu em desgraça com o rei, segundo alguns biógrafos, por intriga de alguém ridicularizado em um de seus poemas satíricos. Acabou retornando à Bahia em 1681, a princípio trabalhando para o Arcebispo, como tesoureiro-mór, mas logo desligado de suas funções.
Casou-se, então, com Maria dos Povos, a quem dedicou um de seus sonetos mais famosos. Vendeu as terras que recebera de herança e, segundo consta, guardou o dinheiro num saco no canto da casa, gastando-o à vontade e sem fazer economia. Ao mesmo tempo, tratou de exercer a advocacia, escrevendo argumentações judiciais em versos.
A certa altura, resolveu abandonar tudo e saiu pelo Recôncavo como cantador itinerante, convivendo com o povo, freqüentando as festas populares, banqueteando-se sempre que convidado. É nessa época que se avoluma sua obra satírica (inclusive erótico-obscena) que iria lhe valer o apelido de "Boca do Inferno". Mas foi a crítica política à corrupção e o arremedo aos fidalgos locais que resultaram em sua deportação para Angola.
De lá, só pôde retornar em 1695, com a condição de se estabelecer em Pernambuco e não na Bahia, além de evitar as sátiras. Segundo os estudiosos, nesses momentos finais de vida, tornou-se mais devoto e deu vazão à poesia religiosa, em que pede perdão a Deus por seus pecados. Morreu em data incerta no ano seguinte.
Vale lembrar que a fama de Gregório de Matos - um dos grandes poetas barrocos não só do Brasil, mas da língua portuguesa - é devida a uma obra efetivamente sólida, em que o autor soube manejar os cânones da época, seja de modo erudito em poemas líricos de cunho filosófico e religioso, seja na obra satírica de cunho popularesco. O virtuosismo estilístico de Gregório de Matos não encontra um rival a altura na poesia portuguesa do mesmo período.
Gregório de Matos Guerra era o terceiro filho de um fidalgo português, estabelecido no Recôncavo baiano como senhor de engenho, e de uma brasileira. Ao contrário dos irmãos mais velhos que não se adequaram aos estudos e dedicaram a ajudar o pai na fazenda, Gregório recebeu instrução na infância e adolescência e foi enviado para a Universidade de Coimbra, onde bacharelou-se em direito.
Teria sido juiz do Cível, de Crime e de Órfãos em Lisboa durante muitos anos. Na Corte portuguesa, envolveu-se na vida literária que deixava o maneirismo camoniano e atingia o barroco, seguindo as influências espanholas de Gôngora e Quevedo. Por essa ocasião, teria também casado e tido acesso ao rei Pedro 2o, de quem ganhou simpatia e favores.
Sua sorte, porém, mudou bruscamente. Enviuvou e caiu em desgraça com o rei, segundo alguns biógrafos, por intriga de alguém ridicularizado em um de seus poemas satíricos. Acabou retornando à Bahia em 1681, a princípio trabalhando para o Arcebispo, como tesoureiro-mór, mas logo desligado de suas funções.
Casou-se, então, com Maria dos Povos, a quem dedicou um de seus sonetos mais famosos. Vendeu as terras que recebera de herança e, segundo consta, guardou o dinheiro num saco no canto da casa, gastando-o à vontade e sem fazer economia. Ao mesmo tempo, tratou de exercer a advocacia, escrevendo argumentações judiciais em versos.
A certa altura, resolveu abandonar tudo e saiu pelo Recôncavo como cantador itinerante, convivendo com o povo, freqüentando as festas populares, banqueteando-se sempre que convidado. É nessa época que se avoluma sua obra satírica (inclusive erótico-obscena) que iria lhe valer o apelido de "Boca do Inferno". Mas foi a crítica política à corrupção e o arremedo aos fidalgos locais que resultaram em sua deportação para Angola.
De lá, só pôde retornar em 1695, com a condição de se estabelecer em Pernambuco e não na Bahia, além de evitar as sátiras. Segundo os estudiosos, nesses momentos finais de vida, tornou-se mais devoto e deu vazão à poesia religiosa, em que pede perdão a Deus por seus pecados. Morreu em data incerta no ano seguinte.
Vale lembrar que a fama de Gregório de Matos - um dos grandes poetas barrocos não só do Brasil, mas da língua portuguesa - é devida a uma obra efetivamente sólida, em que o autor soube manejar os cânones da época, seja de modo erudito em poemas líricos de cunho filosófico e religioso, seja na obra satírica de cunho popularesco. O virtuosismo estilístico de Gregório de Matos não encontra um rival a altura na poesia portuguesa do mesmo período.
“Eu sou
aquele, que passados anos
cantei na minha lira maldizente
torpezas do Brasil, vícios, e enganos”
cantei na minha lira maldizente
torpezas do Brasil, vícios, e enganos”
Esse era Gregório
de Matos Guerra, o “Boca do Inferno”. Com seu espírito crítico,
satirizava políticos, comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o povo.
Para isso, usava palavrões e um vocabulário bem baixo em suas obras.
Nasceu
supostamente em 7 de abril de 1633 na Bahia e morreu em Recife em 1696. Veio de
uma família rica que possuía dois engenhos de cana-de-açúcar e 130 escravos.
Educou-se em
casa e no colégio jesuíta. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra e lá
exerceu a profissão sendo, inclusive, juiz de órfãos.
Em 1681,
quando voltou para o Brasil, foi vigário-geral e tesoureiro-mor, porém, durante
este período recusou-se a usar a batina e denunciou injustiças da Ordem em que
servia. Por causa disso, o Bispo ordenou seu afastamento.
Escreveu
poesia lírica, satírica e religiosa. Suas poesias satíricas possuem um ótimo
material do ponto de vista sociológico e lingüístico (já que o autor usava um
vocabulário bem popular). Nelas o escritor narra episódios da vida popular,
cotidiana e política. Através delas podemos conhecer melhor a sociedade da época
(período colonial).
A poesia
lírica de Gregório de Matos também é muito boa e pode ser dividida em:
- Poesia
lírico-amorosa
- Poesia lírico-filosófica
- Poesia lírico-religiosa
- Poesia lírico-filosófica
- Poesia lírico-religiosa
POESIA LÍRICO-AMOROSA
Características
Características
- O amor é
retratado como fonte de prazer e sofrimento
- A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal)
- A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal)
TEXTO
Rompe o Poeta com a Primeira Impaciência Querendo Declarar-se e Temendo
Perder Por Ousado
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, se não em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, se não em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Vocabulário
Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma
Galharda: elegante
Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma
Galharda: elegante
POESIA LÍRICO-RELIGIOSA
Características
Características
- O autor
está dividido entre pecado e virtude (sente culpa por pecar e busca a salvação)
- O autor vê o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão.
- O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)
- O autor vê o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão.
- O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)
TEXTO
Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião
Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião
Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,
Da vossa Alta Piedade me despido:
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Da vossa Alta Piedade me despido:
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, já cobrada,
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
Vocabulário
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
Vocabulário
Despido:
despeço
Sobeja: sobra
Cobrada: recuperada
Sobeja: sobra
Cobrada: recuperada
POESIA LÍRICO-FILOSOFICA
Características
Características
-Pessimismo
-Angústia diante da vida
-Temas abordando o desconcerto do mundo e a instabilidade dos bens materiais
-Angústia diante da vida
-Temas abordando o desconcerto do mundo e a instabilidade dos bens materiais
TEXTO
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Vocabulário:
Pena: dor, sofrimento
Pena: dor, sofrimento
Gregório de
Matos foi o maior nome do Barroco brasileiro. Casou-se e pouco tempo depois
abandonou a mulher e a carreira de advogado para ser repentista no Recôncavo
Baiano.
Em uma de
suas sátiras ofendeu o governador da Bahia – Antonio Luis da Câmara Coutinho –
e foi preso e exilado para Angola. Teve autorização para voltar para o país
(mas não para a Bahia), foi para Recife e morreu em 1696.
A obra de
Gregório de Matos foi publicada pela Academia Brasileira de Letras cerca de 230
anos depois da sua morte. Por causa disso, muitos de seus poemas se perderam e
muitos textos que levam o seu nome são de autoria duvidosa, já que Gregório de
Matos teve muito imitadores anônimos.
pt.wikipedia.org/wiki/Barroco_no_Brasil
- 229k
educacao.uol.com.br/biografias/gregorio-de-matos.jhtm
- 54k
www.infoescola.com/escritores/gregorio-de-matos-guerra/
- 26k
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