Características:
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Narrativa de modo fragmentado, mistura, de presente e passado;
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Atmosfera abstrata, fantástica e mitológica;
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Microvisão do mundo real ou imaginário do narrador.
1.RUBEM
FONSECA
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José Rubem Fonseca (Juiz de
Fora, 11 de
maio de 1925) é um contista, romancista, ensaísta e roteirista brasileiro. Ele precisou publicar dois ou três livros para ser
consagrado como um dos mais originais prosadores brasileiros contemporâneos.
Com suas narrativas velozes e sofisticadamente cosmopolitas, cheias de
violência, erotismo, irreverência e construídas em estilo contido, elíptico,
cinematográfico, reinventou entre nós uma literatura noir, ao mesmo tempo clássica
e pop, brutalista e sutil.
É formado em Direito, tendo exercido várias atividades antes de dedicar-se inteiramente
à literatura. Em 2003, venceu o Prémio Camões[1], o mais prestigiado galardão literário para a língua portuguesa.
Biografia
Rubem Fonseca nasceu em Juiz de
Fora, Minas
Gerais, em 1925. É filho de
portugueses transmontanos, emigrados para o Brasil. Reside desde a infância no
Rio de Janeiro.
Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais
na Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).Em 31 de
dezembro de 1952 iniciou sua carreira na polícia, como comissário, no 16º Distrito
Policial, em São
Cristóvão, no Rio de
Janeiro. Muitos dos fatos vividos
naquela época e dos seus companheiros de trabalho estão imortalizados em seus
livros.
Aluno brilhante da Escola de Polícia, não demonstrava, então, pendores literários. Ficou pouco tempo nas
ruas. Foi, na maior parte do tempo em que trabalhou, até ser exonerado em 6 de
fevereiro de 1958, um policial de gabinete. Cuidava do serviço de relações públicas da
polícia.
Na Escola de Polícia destacou-se em Psicologia. Em julho de 1954 recebeu uma licença para
estudar e depois dar aulas desta disciplina na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Contemporâneos de Rubem Fonseca dizem que,
naquela época, os policiais eram mais juízes de paz, apartadores de briga, do
que autoridades. Rubem Fonseca via, debaixo das definições legais, as tragédias
humanas e conseguia resolvê-las. Nesse aspecto, afirmam[, ele era
admirável. Escolhido, com mais nove policiais cariocas, para se aperfeiçoar
nos Estados Unidos, entre setembro de 1953 e março de 1954, aproveitou a oportunidade para estudar
administração de empresas na New York University. Após sair da polícia, Rubem Fonseca trabalhou na Light até se dedicar
integralmente à literatura.
Reconhecidamente uma pessoa que, como Dalton
Trevisan, adora o anonimato, é
descrito por amigos como pessoa simples, afável e de ótimo humor.
As obras de Rubem Fonseca geralmente
retratam, em estilo seco e direto, a luxúria e a violência urbana, em um mundo onde marginais, assassinos, prostitutas, miseráveis e
delegados se misturam. A história através da ficção é também uma marca de Rubem
Fonseca, como nos romances Agosto (seu livro mais famoso) em que retratou as conspirações que
resultaram no suicídio de Getúlio
Vargas, e em O Selvagem da
Ópera em que retrata a vida de Carlos Gomes, ou ainda A Cavalaria Vermelha, livro de Isaac
Babel retratado em Vastas
Emoções e Pensamentos Imperfeitos.
Criou, para protagonizar alguns de seus
contos e romances, um personagem antológico: o advogado Mandrake, mulherengo,
cínico e imoral, além de profundo conhecedor do submundo carioca. Mandrake foi
transformado em série para a rede de
televisão HBO, com roteiros de José Henrique Fonseca, filho de Rubem, e o ator Marcos
Palmeira no papel-título.
É viúvo de Théa Maud e tem três filhos:
Maria Beatriz, José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca.
Obras
Romances
O Caso Morel (1973)
A grande arte (1983)
Bufo & Spallanzani (1986)
Vastas Emoções e Pensamentos
Imperfeitos (1988)
Agosto (1990)
O Selvagem da Ópera (1994)
E do meio do mundo
prostituto só amores guardei ao meu charuto (1997)
O Doente Molière (2000)
Diário de um Fescenino (2003)
Mandrake, a Bíblia e a
Bengala (2005)
O Seminarista (2009)
José (2011)
Contos
.Os prisioneiros (1963
A coleira do cão (1965)
Lúcia McCartney (1969)
O homem de fevereiro ou
março (1973)
Feliz Ano Novo (1975)
O
cobrador (1979)
Romance negro e outras
histórias (1992)
O buraco na parede (1995)
Histórias de amor (1997)
A confraria dos espadas (1998)
Secreções, excreções e
desatinos (2001)
Pequenas criaturas (2002)
64 Contos de Rubem Fonseca (2004)
Ela e outras mulheres (2006)
Axilas e Outras Histórias
Indecorosas (2011)
Amálgama (2013)
Histórias Curtas (2015)
Outros
O romance morreu (crônicas,
2007)
Prêmios
Coruja de Ouro pelo roteiro de Relatório de um homem casado, filme
dirigido por Flávio Tambellini
Kikito do Festival de Gramado, pelo
roteiro de Stelinha, dirigido
por Miguel Faria Jr.
Prêmio da Associação Paulista de
Críticos de Arte pelo roteiro de A grande arte, filme
dirigido por Walter Salles Jr.
1970 - Categoria
"Contos/Crônicas/Novelas", pelo livro Lucia McCartney
1984 - Categoria "Romance", pelo
livro A Grande Arte
2002
- Categoria "Contos/Crônicas/Novelas",
pelo livro Buraco na Parede
2003- Categoria "Contos e Crônicas",
pelo livro Secreções, Excreções e Desatinos
2003-
Categoria "Contos e Crônicas", pelo livro Pequenas
Criaturas
2014
- Categoria "Contos e Crônicas", pelo livro Amálgama
Prêmio Camôes (2003)
Correntes de Escrita (2012) - Póvoa de Varzim – Portugal
Prêmio Machado de Assis (2015) - Concedido pela Academia Brasileira de
Letras pelo conjunto de sua obra
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ALGUMAS OBRAS DE
RUBEM FONSECA
Literatura policial, investigação
sobre os limites do desejo, experimento narrativo. O primeiro romance de
Fonseca parece um jogo de espelhos, em que os personagens se desdobram em dois,
e também a história e o próprio narrador se dividem, sem que saibamos quais são
os originais e quais são os reflexos.
Em sua obra mais recente, Rubem
Fonseca escreveu quarenta histórias, em que trata de assuntos já recorrentes,
como a velhice, a gordura e todo tipo de decadência humana, mas agora com uma
ênfase especial na loucura
Aqui residem todos os elementos
clássicos de Rubem: o erotismo, a violência, a velocidade narrativa e o clima noir. Uma narrativa que se desenha ao
longo dos contos e, ineditamente, das poesias. Personagens e situações unidos
pela tristeza, pela dor, pela raiva, pelo fracasso, pela ternura e pelo amor,
um verdadeiro amálgama de vidas que se constroem e se destroem num instante.
O livro apresenta o personagem
Mandrake, advogado charmoso e de prestígio, que se envolve em uma misteriosa
trama no submundo carioca e no deserto boliviano ao juntar-se a um matador
profissional, especialista em facas, na tentativa de desvendar o misterioso
assassinato de uma prostituta.
Mais
conhecido por ter sido minissérie na TV Globo. 1º de agosto de 1954, Rio de
Janeiro, capital da República. No plano ficcional, o comissário ALBERTO
MATTOS investiga um assassinato ocorrido
no Edifício Deauville, em que um famoso empresário foi morto no dia 12 de
agosto de 1954. No plano real e histórico, destaca o Crime da Rua
Toneleros, .tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda (inimigo
declarado do presidente Getúlio Vargas), em que morreu seu segurança pessoal, o
major da Aeronáutica Rubem - Vaz, e todo o consequente escândalo político da
época. O autor entrelaça os dois planos através de personagens fictícios que se
relacionam com os reais.
Um livro que mescla as aventuras
de uma investigação de assassinato com as dificuldades de um escritor em desenvolver
a sua arte, inclusive sendo adaptado pelo cinema nacional. O personagem
principal é Ivan Canabrava, detetive da Companhia Panamericana de Se-guros. Ele
investiga o caso de um fazendeiro que morreu pouco após fazer um seguro de um
milhão de dólares. Bufo & Spallanzani é um romance repleto de citações de e
sobre outros autores e livros, além de muitas digressões sobre a arte de
escrever narrativas
Uma reunião de contos repletos de
violência com uma linguagem precisa e contundente que veio a se tornar a mais
significativa marca autoral do escritor. Uma dura crítica social numa obra que
há quase quatro décadas se mantém atual e relevante, mostrando o motivo pelo
qual Rubem Fonseca se tornou inigualável.
Terceiro livro de Rubem Fonseca. São
dezenove histórias que têm o vigor das manchetes de jornais e a consagrada
verve ficcional de Rubem Fonseca.
Com histórias carregadas de
mistério e suspense, Rubem Fonseca dá vida a personagens enigmáticos,
diferentes dos anteriores, que expressavam suas angústias com violência física,
motivo pelo qual sua literatura foi chamada de “brutalista” por Alfredo Bosi.
Em Romance negro e outras histórias há um fio
condutor sombrio, um sentimento de desilusão e de aceitação dos fatos que
percorre os contos como uma espinha dorsal.
Diário de um fescenino
Rufus, um escritor de sucesso,
carioca e solteirão decide se aventurar a escrever algo que afirma que nunca
publicaria: um diário em que registra suas aventuras amorosas com diversas
mulheres. Diário de um fescenino, palavra que define algo de caráter obsceno e
devasso, promove uma reflexão sobre as relações erótico-afetivas e também sobre
o processo de criação literária.
A
Coleira do Cão
As oito histórias desse volume
são consideradas pela crítica o segundo degrau na construção de uma das obras
literárias mais complexas e ricas de nosso tempo, que põe cada leitor diante de
sua própria imagem em meio à beleza e à violência do mundo...
O Cobrador
Publicado em 1979, era
aguardado não apenas por ser o quinto livro de contos de Rubem Fonseca, já
então considerado um dos mais importantes e inovadores escritores do gênero no
Brasil. Era também o primeiro livro após Feliz ano novo, de 1975, ter sido
recolhido por ordem da censura, sob a alegação de ter conteúdo contrário à
"moral e aos bons costumes"...
O Seminarista
Ex-seminarista que vive lembrando
frases latinas, o matador de aluguel José gosta de ler poesia e de assistir
filmes, e recebe os serviços de um personagem misterioso chamado Despachante.
Disposto a iniciar uma vida nova, ele começa a receber dicas de que seria alvo
de um antigo cliente...
Os Prisioneiros
O livro marca a estreia de Rubem
Fonseca como autor, em 1963. Ele foi saudado pelo crítico Wilson Martins como
"um escritor que traz a literatura no sangue". Com domínio da
escrita, inaugurava uma nova maneira de fazer literatura no Brasil, ao falar do
homem da metrópole com seus vícios e virtudes.
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