OS POETAS DO ARCADISMO E A INCONFIDÊNCIA MINEIRA

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    Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta no movimento da Inconfidência Mineira. Chegados de Coimbra com ideias enciclopedistas e influenciados pela independência dos EUA, provavelmente não apenas engrossaram as fileiras dos revoltos contra erário régio, que confiscavam a maior parte do ouro extraído na Colônia, mais também divulgaram os sonhos de um país independente e contribuíram para a organização do grupo inconfidente. Esses escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa. Do grupo apenas um homem não tinha a mesma formação intelectual dos demais, nem era escritor: o alferes Tiradentes (dentista Prático).
     Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas ao governo português, o grupo foi preso. Todos, com exceção de Tiradentes, negaram sua participação no movimento. Cláudio Manuel da Costa, segundo versão oficial, suicidou-se na prisão antes do julgamento, mas essa versão sempre foi contestada pelos que o conheciam, até que, nos anos 1957/58 pesquisadores e estudiosos começaram a reunir evidências de que tudo indica que houve uma armação das autoridades da época para se apoderarem da fortuna de Cláudio Manuel, que não era pouca.
      No julgamento, vários inconfidentes foram condenados a morte por enforcamento, dentre eles Tiradentes e Alvarenga Peixoto. Tomás Antônio e outros foram condenados ao exílio temporário ou perpétuo. Tiradentes assumiu para si a responsabilidade da liderança do grupo. Tomás Antônio Gonzaga foi exilado em Moçambique e lá refez sua vida.
      No 20 de abril de 1792, foi comutada a pena de todos participantes, excluindo Tiradentes, enforcado no dia seguinte. Seu corpo foi esquartejado e exposto por Vila Rica; seus bens, confiscados; sua família, amaldiçoada por quatro gerações; e o chão de sua casa foi salgado para que dele nada mais brotasse.
                         (Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesqui…/arcadismo-no-brasil.html)
                                
                                        O INCONFIDENTE MAL-AMADO
      
     Considerado um dos maiores poetas brasileiros do período colonial, Cláudio Manuel da Costa cursou Filosofia no Rio de Janeiro e Cânones em Coimbra (Portugal). Foi lá que entrou em contato com as ideias iluministas e compôs seus primeiros poemas, todos de influência ainda do Barroco seiscentista. Foi influenciado pela Arcádia Lusitana, fundada em 1757, na cidade de Lisboa. Os seus membros propunham-se combater o espírito barroco e orientar a produção poética para uma estética neoclássica, com fundo na razão e no culto do natural.
      O objetivo da criação desta Academia era, fundamentalmente, combater o "mau gosto" que imperava no século XVII relativamente à obra literária poética e implantar um novo gosto estético. Os seus impulsionadores - os Árcades - eram defensores da ideia de que a razão deveria ser colocada em primeiro plano relativamente ao sentimento.
     A Arcádia Lusitana viria a extinguir-se em 1764,  mas continuaria a influenciar gerações posteriores de artistas, porque foi através da ação dos Árcades que Portugal se preparou para entrar no Romantismo, principalmente no âmbito da obra literária, cujo seu mais importante discípulo foi Almeida Garrett.   
     Regressando ao Brasil, Cláudio Manuel da Costa passou a trabalhar como advogado, depois juiz e chegou a ser secretário do governo de Minas Oerais. Mas continuou sua ligação com a literatura, sua grande paixão, chegando a criar uma academia, a Colônia Ultramarina.
        Foi um poeta de técnica apurada, procurou equilibrar a sua forte vocação barroca com o estilo neoclássico (arcadismo), introduzindo nos seus textos elementos locais, descrevendo paisagens e expressando um forte sentimento nacionalista.
         Acumulou fortuna, tinha uma fazenda e uma bela casa em Vila Rica.
        Talvez por ser o mais velho do grupo dos intelectuais do lugar, por sua credibilidade de doutor e autor com obras já publicadas, exercia uma espécie de liderança entre os seus companheiros, pois todos liam para ele suas obras e escutavam seus conselhos. Era uma das principais figuras da Capitania.
        Até que sobreveio a rebelião, a chamada Inconfidência Mineira, que destruiu o grupo dos árcades mineiros.
       Nesta época, compôs o clássico poema "Vila Rica", pronto em 1773, mas publicado somente em 1839, em Ouro Preto, 50 anos após a sua morte. A poesia descreve a saga dos bandeirantes paulistas no desbravamento dos sertões e suas lutas com os emboabas indígenas, até a fundação da cidade de Vila Rica.
       Cláudio Manuel foi preso como os outros. Interrogado e acusado de ser um dos líderes do movimento, pois em sua casa havia reuniões das quais participavam todos os envolvidos. Muito nervoso e apavorado, dizem que comprometeu alguns amigos em seu depoimento.  Morreu na prisão, em 4 de julho de 1789. Segundo as declarações oficiais, cometeu suicídio por enforcamento. Mas ainda hoje há suspeitas de que tenha sido assassinado.
       Sua memória ficou prejudicada porque ainda paira sobre ele a suspeita de ter sido um delator covarde e que, por isso, teria se suicidado. Existem até os que negam a importância da sua participação na Inconfidência, dizendo que teria sido apenas um expectador privilegiado.

                                          Morte: assassinato ou suicídio? *

      O ponto mais crítico da biografia de Cláudio Manuel da Costa é a suspeita sobre seu suicídio. Sua morte está cercada de detalhes obscuros. Há mais de duzentos anos esse assunto suscita debates e há argumentos fortes, tanto a favor como contra a tese do suicídio. Os partidários da crença de que Cláudio Manuel da Costa tenha se suicidado se baseiam no fato de que ele estava profundamente deprimido na véspera da sua morte.
       Isso está estampado no seu próprio depoimento, registrado na Devassa. Além disso, seu padre confessor teria confirmando seu estado depressivo a um frade que trouxe o registro à luz. Os partidários da tese de que Claudio tenha sido assassinado, contestam a autenticidade do depoimento anexado aos autos da Devassa, quanto à honestidade do registro do frade.
       Quem acredita na tese do assassinato se baseia em um argumento principal: o próprio laudo pericial que concluiu pelo suicídio. Pelo laudo, o poeta teria se enforcado usando os cadarços do calção, amarrados numa prateleira, contra a qual ele teria apertado o laço, forçando com um braço e um joelho. Muitos acreditam ser impossível alguém conseguir se enforcar em tais circunstâncias.
      O historiador Ivo Porto de Menezes relata que ao organizar antigos documentos relativos à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, em 1957 ou 1958, encontrou no livro de assentos dos integrantes da Irmandade de São Miguel e Almas, a anotação da admissão de Cláudio Manuel e à margem a observação de que havia "sufragado com 30 missas" a alma do falecido, e "pago tudo pela fazenda real". De igual forma procedera a Irmandade de Santo Antônio, que lançou em seu livro: "Falecido em julho de 1789. E feitos os sufrágios.” Por que, se na época havia a proibição de rezar missas pelos suicidas?

        Também Jarbas Sertório de Carvalho, em ensaio publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, defende com boa documentação sobre a tese do assassinato.
        Há ainda quem acredite que o próprio governador, Visconde de Barbacena, esteve envolvido na conspiração e Cláudio teria sido eliminado por estar disposto a revelar isso. Mas o fato é que somente a tese do suicídio pode se lastrear em documentos, ainda que duvidosos quanto à sua honestidade e veracidade, como bem salientam os adeptos da tese de assassinato.
       Ainda noutro ensaio "Inconfidência Mineira – As várias faces", Júlio José Chiavenato lança um dado que reforça a tese da farsa montada do suicídio de Cláudio Manuel da Costa. Na tarde do mesmo dia em que o advogado foi preso, foram assassinados, no sítio da Vargem, a filha, o genro e outros familiares do poeta,  bem como alguns escravos, e roubados todos as seus bens. O Visconde de Barbacena só informou Lisboa da morte de Cláudio Manuel da Costa em 15 de julho, onze dias depois de ter ocorrido. E quando dera conhecimento a Lisboa do seu interrogatório em 11 de Julho não comunicou a sua morte. Por quê? Possivelmente porque, se a morte do alferes Tiradentes não causaria embaraços em Lisboa, a de Cláudio e da sua família poderia causar. Daí a necessidade da farsa ser  montada.
                                                   (*In Wikipédia, a enciclopédia livre <pt.wikipedia.org/wiki/>)

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