1.CONTEXTO
HISTÓRICO
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• Século das Luzes (1700-1800) —
Iluminismo (Razão, liberdade de
pensamento, progresso científico e social).
• Elaboração e publicação da
Enciclopédia, na França.
• A Revolução Francesa (1789).
• Em Portugal: o governo iluminista do
Marquês de Pombal.
• Vila Rica, MG: Inconfidência
Mineira.
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2. MARCO INICIAL
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• Obras (1768) — livro de poemas “Obras
Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
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3.CARACTERÍSTICAS
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Influências ideológicas do Iluminismo.
. Influências estéticas do Classicismo
greco-latino e renascentista.
. Racionalismo predominando sobre o
sentimentalismo e a religiosidade.
. Preocupação com a educação moral e
intelectual. Combate aos
exageros verbais do Barroco.
• Linguagem mais simples, direta,
objetiva.
. A Natureza como modelo de sabedoria,
harmonia e felicidade.
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4.POETAS LÍRICOS
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• Tomás Antônio Gonzaga: na sua obra Marília de Dirceu celebra os amores pastoris desses dois personagens; linguagem simples, espontânea, musical. Cartas chilenas: 13 cartas em forma de poemas. sátira política contra os desmandos administrativos do governador de Minas Gerais; circularam anônimas . Cláudio Manuel da Costa:Cláudio revela em sua obra, a transição entre o Barroco e o Arcadismo. De sua estadia na Europa, trouxe o gosto pelo cultismo, tendo adotado, depois, o estilo simples neoclássico.Foi um grande poeta e uma alta consciência artística. A sua obra é singular na literatura luso-brasileira, pelo que representa de síntese original entre passado e presente. • Silva Alvarenga: no livro Glaura, canta os amores do pastor Alcindo Palmireno e da pastora Glaura, num ambiente bucólico e natural; rondós e madrigais são as formas poemáticas usadas; produziu ainda poesia satírica, didática e encomiástica. • Alvarenga Peixoto: obra reduzida, de qualidade irregular, presa às convenções arcádicas, influências clássicas e mitológicas; musa: a esposa Bárbara Heliodora; poesia encomiástica e comemorativa. |
5.POETAS ÉPICOS
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• Basílio da Gama: escreveu O
Uraguai — a luta do exército luso-espanhol contra jesuítas e guaranis, pela
posse na região dos Sete Povos das Missões; Sepé e Cacambo:
líderes indígenas; Pe. Balda: vilão;
Lindoia, mulher de Cacambo, heroína: deixa-se picar por cobra venenosa e
morre, para ser fiel ao marido. Valoriza o índio e sua cultura; tem caráter
pré-romântico. Ideologicamente apresenta forte antijesuitismo e defesa da política
de Pombal Poema escrito em versos brancos.
• Santa Rita Durão: escreveu
Caramuru — as aventuras do português Diogo Álvares Correia entre os índios da
Bahia e episódios da História do Brasil; destaque ao episódio da morte de
Moema: preterida por Diogo, deixa-se morrer afogada ao tentar seguir a nado o
navio que o levava a França, com sua mulher, a índia Paraguaçu. Tem por
modelo a epopeia Os Lusíadas, de Camões
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TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
“Marília de Dirceu” (1ª parte)
PARTE I
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
POESIA DE SILVA ALVARENGA
A GRUTA AMERICANA
A José Basílio da Gama
Termindo Sipílio
Num vale estreito o pátrio rio desce,
De altíssimos rochedos despenhado
Com ruído, que as feras ensurdece.
Aqui na vasta gruta sossegado
O velho pai das ninfas tutelares
Vi sobre urna musgosa recostado;
Pedaços d'ouro bruto nos altares
Nascem por entre as pedras preciosas,
Que o céu quis derramar nestes lugares.
Os braços dão as árvores frondosas
Em curvo anfiteatro onde respiram
No ardor da sesta as dríades formosas.
Os faunos petulantes, que deliram
Chorando o ingrato amor, que os atormenta,
De tronco em tronco nestes bosques giram.
Mas que soberbo carro se apresenta!
Tigres e antas, fortíssima Amazona
Rege do alto lugar em que se assenta.
Prostrado aos pés da intrépida matrona,
Verde, escamoso jacaré se humilha,
Anfíbio habitador da ardente zona.
Quem és, do claro céu ínclita filha?
Vistosas penas de diversas cores
Vestem e adornam tanta maravilha.
Nova grinalda os gênios e os amores
Lhe oferecem e espalham sobre a terra
Rubins, safiras, pérolas e flores.
(...)
POESIA DE ALVARENGA PEIXOTO
BÁRBARA BELA
Bárbara bela,
do Norte estrela,
que o meu destino
sabes guiar,
de ti ausente,
triste, somente
as horas passo
a suspirar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Por entre as penhas
de incultas brenhas
cansa-me a vista
de te buscar;
porém não vejo
mais que o desejo,
sem esperança
de te encontrar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Eu bem queria
a noite e o dia
sempre contigo
poder passar;
mas orgulhosa
sorte invejosa
desta fortuna
me quer privar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
Tu, entre os braços,
ternos abraços
da filha amada
podes gozar.
Priva-me a estrela
de ti e dela,
busca dois modos
de me matar.
Isto é castigo
que Amor me dá.
POESIA DE BASÍLIO DA GAMA
MORTE DE LINDÓIA
Um frio susto corre pelas veias
De Caitutu que deixa os seus no campo;
E a irmã por entre as sombras do arvoredo
Busca com a vista, e treme de encontrá-la.
Entram enfim na mais remota, e interna
Parte de antigo bosque, escuro e negro,
Onde, ao pé duma lapa cavernosa,
Cobre uma rouca fonte, que murmura,
Curva latada e jasmins e rosas.
Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão e a mão no tronco
Dum fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la e temem
Que desperte assustada e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia e fere
A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açoita o campo com a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
POESIA DE SANTA RITA DURÃO
CARAMURU
Canto II
XVII
Não era assim nas aves fugitivas,
Que umas frechava no ar, e outras em laços
Com arte o caçador tomava vivas;
Uma, porém, nos líquidos espaços
Faz com a pluma as setas pouco ativas,
Deixando a lisa pena os golpes lassos.
Toma-a de mira Diogo e o ponto aguarda:
Dá-lhe um tiro e derruba-a com a espingarda.
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