4 – ROMANTISMO (1836 – 1881)
1.CONTEXTO
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. Queda da aristocracia e ascensão da
burguesia..
. Ampliação do público ledor.
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Liberalismo, nacionalismo, democratização.
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Brasil: vinda da família real (1808),
proclamação da Independência (1822).
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2.MARCO INICIAL
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Suspiros Poéticos e Saudades (1836)
— livro de poemas de Gonçalves de Magalhães
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3.CARACTERÍSTICAS
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Subjetivismo: a expressão do “eu”;
a realidade é captada e filtrada através da percepção particular do
indivíduo.
• Sentimentalismo: o “coração” é a
medida de tudo, justifica todas as ações.
• Idealização: imagina tudo mais
perfeito — a mulher, o herói, o tempo, o espaço.
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Evasão: fuga da sociedade com a
qual está em conflito; sentimento de solidão.
•
Natureza: cúmplice, refúgio,
confidente- do eu-lírico, reflexo de seu
mundo interior; motivo de ufanismo nacionalista.
•
Liberdade: desprezo às convenções
acadêmicas e clássicas, para ser livre em sua expressão artística. -
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Nacionalismo: valorização das
manifestações populares de arte e cultura, busca das raízes da nacionalidade.
(cf. Indianismo e Regionalismo).
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4.TEATRO
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Com o Romantismo: renascimento e
definição do teatro nacional.
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Martins Pena: principal
teatrólogo romântico, introdutor do teatro de costumes no Brasil, iniciando
com a comédia Juiz de paz da roça.
Sua obra constitui um painel da realidade brasileira na primeira metade do
século XIX. Vinte comédias e seis dramas.
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Outros autores: Gonçalves de
Magalhães (Antônio José ou o Poeta e a
Inquisição) — 1ª tragédia
nacional); Gonçalves Dias (Leonor de
Mendonça — drama); Joaquim Manuel de
Macedo (O primo da Califórnia —
comédia); José de Alencar (O demônio
familiar — comédia); Qorpo Santo (As
relações naturais — teatro do absurdo). -
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4.1 - POESIA ROMÂNTICA
1ª GERAÇÃO
(1836-1853)
Nacionalista:
Implantação e
consolidação do Romantismo no Brasil.
Indianismo.
Lirismo amoroso.
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Gonçalves de Magalhães —
Introdutor do Romantismo no Brasil.
Obras:
Suspiros Poéticos e Saudades; Confederação dos Tamoios.
Temática:nacionalismo,religiosidade, sentimentalismo, indianismo.
Mais teorizador do que bom poeta romântico.
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Gonçalves Dias — Excelente
poeta, talvez o melhor do Romantismo.
Obras:
Cantos
(contendo Novos Cantos e englobando as obra anteriores:Primeiros Cantos, Segundos Cantos,
Sextilhas de Frei Antão, Últimos Cantos) e Os Timbiras. Temática: indianismo, saudade, amor,
natureza. Poemas famosos: Canção do Exílio; I-Juca-Pirama;
Ainda uma vez — Adeus!
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2ª GERAÇÃO
(l853 - 187O)
Ultra-romantis-mo, geração by-niana, marcada
pelo mal do século: tédio da vida,inconformis-mo, morbidez em relação à
morte, subjetivismo e sentimentalismo exacerbados.
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Álvares de Azevedo — Obra: Lira dos Vinte anos. Marcado pelo byronisrno e mal do
século. Exacerbação das sen-timentos; dramaticidade. A mulher amada:
desejada, mas idealizada, inacessível. Temas-chave: amor e morte. Poemas
famosos: Se eu morresse amanhã,
Lembrança de morrer. Escreveu Noite
na taverna: contos ultrarromânticos, macabros, cheios de perversões.
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Casimiro de Abreu — Obra: Primaveras. Tema central: a saudade (cf. poemas: Meus oito anos, Canção do exílio, Minha
Terra...). Outro tema-chave: o amor ingênuo e adolescente (poema: Amor e medo).
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3ª GERAÇÃÔ
(1870 - 1881)
Poesia de teor
sócio-político: defesa
de causas humanitárias,com-bate à escravidão negra.
Condoreirismo.
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Castro Alves — Obras: Espumas flutuantes, A cachoeira de Paulo Afonso, Os escravos, e o
drama Gonzaga ou A Revolução de Minas.
Poesia sócio-política, abolicionista: “o poeta dos escravos” (cf.
poemas: O Navio Negreiro; Vozes
d’África). Linguagem condoreira: elevada, vibrante, grandiloquente, bem
adjetivada, cheia de metáforas, comparações, hipérboles... Poesia amorosa:
mais realista, viril, sensual.
•
Sousândrade — Com seu poema
épico O Guesa, denuncia a
exploração secular que os povos ameríndios sofreram do branco invasor. Porém,
pela complexidade temática e técnica, Sousândrade ultrapassa os limites do
Roman-tismo, sendo verdadeiro precursor do Modernismo e das Vanguardas. Poesia
lírica: Harpas selvagens.
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l. Gonçalves Dias
Canção do Exílio
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá;
As
aves, que aqui gorjeiam,
Não
gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas,
Nossas
várzeas têm mais flores,
Nossos
bosques têm mais vida,
Nossa
vida mais amores.
Em
cismar, sozinho, à noite,
Mais
prazer encontro eu lá;
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Minha
terra tem primores,
Que
tais não encontro eu cá;
Em
cismar — sozinho, à noite -
Mais
prazer encontro eu lá,
Minha
terra tem palmeiras:
Onde
canta o Sabiá.
Não
permita Deus que eu morra,
Sem
que eu volte para lá;
Sem
que desfrute os primores
Que
não encontro por cá;
Sem
qu’inda aviste as palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
2.
Álvares de Azevedo
Se
eu morresse amanhã
Se eu
morresse amanhã, viria ao menos
Fechar
meus olhos minha triste irmã;
Minha
mãe de saudades morreria,
Se eu
morresse amanhã)
Quanta
glória pressinto em meu futuro!
Que
aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas,
Se eu
morresse amanhã!
Que
sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda
a natureza mais louçã!
Não me
batera tanto amor no peito,
Se eu
morresse amanhã!
3.Casimiro de Abreu
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
De despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d´estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
[…]
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.
4.Castro Alves
O Navio Negreiro
I
'Stamos em pleno mar...
Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada
borboleta;
E as vagas após ele
correm... cansam
Como turba de infantes
inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do
firmamento
Os astros saltam como
espumas de ouro...
O mar em troca acende as
ardentias,
— Constelações do líquido
tesouro...
'Stamos em pleno mar...
Dois infinitos
Ali se estreitam num
abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos,
sublimes...
Qual dos dous é o céu?
qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . .
Abrindo as velas
Ao quente arfar das
virações marinhas,
Veleiro brigue corre à
flor dos mares,
Como roçam na vaga as
andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das
naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão
grande o espaço?
Neste saara os corcéis o
pó levantam,
Galopam, voam, mas não
deixam traço.
....................................................................
VI
Existe um povo que a
bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia
e cobardia!...
E deixa-a transformar-se
nessa festa
Em manto impuro de bacante
fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas
que bandeira é esta,
Que impudente na gávea
tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e
chora tanto
Que o pavilhão se lave no
teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha
terra,
Que a brisa do Brasil
beija e balança,
Estandarte que a luz do
sol encerra
E as promessas divinas da
esperança...
Tu que, da liberdade após
a guerra,
Foste hasteado dos heróis
na lança
Antes te houvessem roto na
batalha,
Que servires a um povo de
mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente
esmaga!
Extingue nesta hora o
brigue imundo
O trilho que Colombo abriu
nas vagas,
Como um íris no pélago
profundo!
Mas é infâmia demais! ...
Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do
Novo Mundo!
Andrada! arranca esse
pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos
teus mares!
5-Sousândrade
O Guesa - canto
terceiro
As balseiras na luz
resplandeciam —
oh! que formoso dia de
verão!
Dragão dos mares, — na asa
lhe rugiam
Vagas, no bojo indômito
vulcão!
Sombrio, no convés, o
Guesa errante
De um para outro lado
passeava
Mudo, inquieto, rápido,
inconstante,
E em desalinho o manto que
trajava.
A fronte mais que nunca
aflita, branca
E pálida, os cabelos em
desordem,
Qual o que sonhos alta
noite espanca,
"Acordem, olhos meus,
dizia, acordem!"
E de través, espavorido
olhando
Com olhos chamejantes da
loucura,
Propendia pra as bordas,
se alegrando
Ante a espuma que rindo-se
murmura:
Sorrindo, qual quem da
onda cristalina
Pressentia surgirem louras
filhas;
Fitando olhos no sol, que
já sinclina,
E rindo, rindo ao
perpassar das ilhas.
— Está ele assombrado?...
Porém, certo
Dentro lhe idéia vária
tumultua:
Fala de aparições que há
no deserto,
Sobre as lagoas ao clarão
da lua.
Imagens do ar, suaves,
flutuantes,
Ou deliradas, do alcantil
sonoro,
Cria nossa alma; imagens
arrogantes,
Ou qual aquela, que há de
riso e choro:
Uma imagem fatal (para o
ocidente,
Para os campos formosos
dáureas gemas,
O sol, cingida a fronte de
diademas,
índio e belo atravessa
lentamente):
Estrela de carvão, astro
apagado
Prende-se mal seguro, vivo
e cego,
Na abóbada dos céus, —
negro morcego
Estende as asas no ar
equilibrado.
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