DIFERENÇAS ENTRE AS TRÊS GERAÇÕES DO ROMANTISMO BRASILEIRO

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      O Romantismo, no Brasil, foi um período inicialmente de apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma a visão do mundo centrada no indivíduo. .
      Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos .Para os românticos, o mundo real é sempre uma frustração de seus idealismos e sonhos. Daí a rebeldia dos poetas do mal-do-século. Esse desejo de fugir da realidade manifesta-se em atitudes como o desejo de morrer, o culto a solidão, a evasão no espaço e no tempo. O poeta tem maior liberdade formal em busca da musicalidade) , as comparações , metáforas e adjetivação são constantes para dar vazão a fantasia, as redondilhas são costumeiras tanto a menor como a maior, a natureza passa a integrar-se a história do ser humano que não é apenas bondade mas também é maldade. A mulher é sempre idealizada e Inacessível , virgem , angelical ou até mesmo sensual, o amor em sua grandeza algumas vezes em forma paixão.

     O romantismo retrata as emoções mais profundas e os sentimentos são expressos através do poeta (autor) que expõe de tal forma a simbolizar o que sente de maneira bela e melancólica muitas vezes. A subjetividade e a emoção do eu ( autor) são marcas do romantismo. Que foi de suma importância para a crescimento da literatura brasileira.



1.Características

 O romantismo seria dividido em 3 gerações:

 1ºGERAÇÃO — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da coletânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.

Idealização:

Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma virgem frágil, o índio é visto como herói nacional e a noção de pátria também é idealizada.

Natureza interagindo com o eu lírico:

A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico. A  natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.

Indianismo:

 É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.


 2ºGERAÇÃO — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto
pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era
atingida.

Sentimentalismo exacerbado:

Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.

Egocentrismo:

Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.

Byronismo:

Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo , podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.

3ºGERAÇÃO — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.

Poesia de fundo social:

Defensora da República e do Abolicionismo. Além disso, os versos desse período estão voltados para os pobres, marginalizados e negros escravos.

Tom discursivo:

A poesia dessa época recusa o lamento introspectivo e individualista da geração que a precede. Fala dos homens e para os homens. Quer ser ouvida e, por isso, alcança as praças, os lugares públicos, as multidões. Quer convencer o outro e, para tanto, não economiza retórica e eloquência. Foi por isso chamada “poesia de comício”.

A idealização deixa de existir:

A mulher deixa de ser idealizada para ser apresentada de forma concreta, tocável. A relação entre os amantes, em negação ao amor platônico das gerações anteriores, acontece de fato e a atmosfera casta e divina na qual a mulher é envolvida nas gerações passadas é substituída por uma atmosfera de sensualidade e erotismo. Dessa forma, a mulher passa a ser vista, como ser carnal que é, em suas virtudes e pecados.

2. Autores e Obras

1° Geração

Gonçalves de Magalhães nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de agosto de 1811, e faleceu em Roma, Itália, em 10 de junho de 1882. É o patrono da Cadeira n. 9, por escolha do fundador Carlos Magalhães de Azeredo.
Era filho de Pedro Gonçalves de Magalhães Chaves, não registrando os biógrafos o nome de sua mãe. Nada se sabe dos estudos preparatórios que precederam o seu ingresso, em 1828, no curso de Medicina, em que se diplomou em 1832. Concomitantemente, tornara-se amigo de Monte Alverne, a cujas aulas de Filosofia assistiu, sofrendo a sua influência. Em 1832 publicou as Poesias e, no ano seguinte, parte para a Europa com a intenção de aperfeiçoar-se em medicina. Em 1836, lançou em Paris um manifesto do Romantismo, Discurso sobre a literatura no Brasil. De parceria com Araújo Porto-Alegre e Torres Homem, lançou a revista Niterói e editou, em Paris, o seu livro Suspiros poéticos e saudades, considerado o iniciador do Romantismo no Brasil. Introduziu ali seus principais temas poéticos Deus e a Natureza, o poeta e sua missão reformadora, a evocação da infância, a meditação sobre a morte, o sentimento patriótico, a poesia tumular e das ruínas. De retorno ao Brasil em 1837, foi aclamado chefe da "nova escola", volta-se para o teatro (que então se renovava com a produção de Martins Pena e os desempenhos de João Caetano), escrevendo duas tragédias, Antônio José ou o poeta e a Inquisição (1838) e Olgiato (1839). Nomeado professor de Filosofia do Colégio Pedro II, em 1838, ensinou por muito pouco tempo.
Obra

Suspiros Poéticos e Saudades
. São poesias de um peregrino, variadas como as cenas da Natureza, diversas como as fases da vida, mas que se harmonizam pela unidade do pensamento, e se ligam como os anéis de uma cadeia; poesias d'alma, e do coração, e que só pela alma e o coração devem ser julgadas.
  Gonçalves Dias (1823-1864) foi poeta e teatrólogo brasileiro. É lembrado como o grande poeta indianista da geração romântica. Deu romantismo ao tema índio e uma feição nacional à sua literatura. É lembrado como um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira. É Patrono da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras.
Gonçalves Dias (1823-1864) nasceu nos arredores de Caxias, no Maranhão, no dia 10 de agosto de 1823. Filho de um comerciante português e uma mestiça. Iniciou seus estudos no Maranhão e ainda jovem viaja para Portugal. Em 1838 ingressa no Colégio das Artes em Coimbra, onde conclui o curso secundário. Em 1940 ingressa na Universidade de Direito de Coimbra, onde tem contato com escritores do romantismo português, entre eles, Almeida Garret, Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho. Ainda em Coimbra, em 1843, escreve seu famoso poema "Canção do Exílio", onde expressa o sentimento da solidão e do exílio.
Obra

Canção do exílio

Pequeno trecho da obra:

“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá...``

2° Geração

Álvares de Azevedo era filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo, em 1847, para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde, desde logo, ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.
Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.
Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 21 anos.
 Álvares de Azevedo foi o escritor mais bem dotado da segunda geração romântica. A melancolia e a presença constante da morte são temas que percorrem toda sua poesia. O poema acima, um dos mais conhecidos e citados, é um exemplo disso. O crítico Alfredo Bosi (História consisa da literatura brasileira) fornece-nos um apanhado léxico da obra do jovem Álvares que retrata esse estado depressivo da existência: “pálpebra demente, matéria impura, noite lutulenta, longo pesadelo, pálidas crenças, desespero pálido, enganosas melodias, fúnebre clarão, tênebras impuras, astro nublado, água impura, boca maldita, negros devaneios, deserto lodaçal, tremedal sem fundo, tábuas imundas, leito pavoroso, face macilenta, anjo macilento”. Todo esse negativismo e pessimismo que assola a alma do poeta, tomado de contradições e medos adolescentes, só terá para ele solução na morte, com a qual se cessariam todas as suas angústias: “A dor no peito emudecera ao menos/ Se eu morresse amanhã” (Se eu morresse amanhã).

SUA PRINCIPAL OBRA:

“Se eu morresse amanhã``

Pequeno trecho da obra:

“Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!...``

3° Geração

 Antônio Frederico de Castro Alves, poeta, nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.
Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 65, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 66, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.
Castro Alves um dos principais poetas dessa geração começou a escrever cedo e aos dezessete anos já tinha seus primeiros poemas e peças declamados e encenados. Aos vinte e um já havia conseguido a consagração entre os maiores escritores daquele tempo, como José de Alencar e Machado de Assis. É o patrono número sete da Academia Brasileira de Letras.
Uma das principais características de sua obra é a eloquência, a utilização de hipérboles, de antíteses, de metáforas, comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da sugestão de imagens e do apelo auditivo. O poeta também faz referência a diversos fatos históricos ocorridos no país, tais como a Independência da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na peça O Gonzaga ou a Revolução de Minas),
Diferentemente dos poetas da primeira geração, individualistas e preocupados com a expressão dos próprios sentimentos, Castro Alves demonstra preocupação com os problema sociais presentes na sua época. Demonstra também um certo questionamento aos ideais de nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um país cuja economia estava baseada na exploração de sua população (mais especificamente dos índios e dos negros)?
A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas ultrarromânticos da geração precedente.

                                                     Obra
As duas flores

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo, no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas...
Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

Navio Negreiro

[...]

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
[...]


3.Conclusão

   Nós concluímos que, o Romantismo foi uma parte muito importante da literatura, tanto é que foi dividida em três partes, ou gerações.
    Ele foi um movimento artístico e filosófico que surgiu no fim do século XVIII na Europa e perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo.

  




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