O Romance
Romântico busca responder às exigências do público leitor mediano do fim do
século XVIII e início do século XIX.
Sofre as
influências dos costumes urbanos e das amenidades das zonas rurais, retoma o
mito do cavaleiro medieval, que agora é o herói local.
É
considerado um instrumento de popularização da leitura e nacionalização das
letras. Está intimamente ligado ao reconhecimento dos espaços nacionais, o
campo, a selva e a cidade.
As
situações, cenários e personagens são marcados pela imaginação e ideologia
românticas, com os quais o leitor se identifica.
Contexto Histórico
No Brasil,
o Romance Romântico resulta do rompimento com os ditames coloniais. Até a
primeira metade do século XIX, o País ainda era extremamente dependente da vida
cultural ditada por Portugal.
Assim, o
estilo surge do amadurecimento do sentimento nativista que impõe a criação de
uma literatura entrelaçada com a nova realidade.
A vinda da família real ao Brasil e o
fotojornalismo desempenharam importante papel para o desenvolvimento do Romance
Romântico brasileiro.
Com a
chegada da Corte Portuguesa no Brasil entre 1808 e 1821, ocorre a abertura dos
portos às nações amigas, construções de bibliotecas, bem como instituições
educacionais e científicas.
A partir de 1822, com a euforia da Independência,
urge a criação de uma cultura genuína-
mente nacional.
Características
Retrato das tradições
Estilo fluente e leve
Linguagem simples para a época
Tramas fáceis
Otimismo burguês
Já o Romance Regionalista é marcado pela
busca do redescobrimento do Brasil e sua diversidade regional e cultural.
Constitui
uma das mais importantes e frequentes na literatura brasileira, tem no vínculo
direto com o real expressões utilizadas ainda hoje.
Características
Explora o
nacionalismo literário, já encontrado no Indianismo, mas diferente das demais
correntes do romantismo, não sofre as influências europeias.
É fruto da
tomada de consciência dos valores específicos da cultura brasileira, está
ligado às particularidades de grupos sociais em suas diferentes regiões.
Essa
corrente do romantismo apresenta as especificidades de clima, costumes e língua
diferentes entre si em um país que, por ter dimensões continentais, tem
impressa a diversidade.
As obras
que marcam o Romance Regionalista são apresentadas em folhetins, que eram
capítulos apresentados de maneira periódica, quase sempre semanais, em jornais.
Em comum têm a tentativa de fixar o que os autores consideram de verdadeiro no
Brasil, o sertão e a paisagem intacta.
Influências
É a
necessidade da busca do Brasil a principal influência do Romance Regionalista,
considerado um dos mais difíceis estilos por não contar com referências
anteriores.
Entre suas
peculiaridades está o retrato do momento histórico relatado nos romances, com
histórias do que classificam como verdadeiro povo brasileiro.
I – ROMANCE ROMÂNTICO URBANO
1.JOAQUIM MANUEL
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• Com A Moreninha (1844). inicia o
romance brasileiro: romance urbano de
costumes.
Seus romances em
geral: crônica de
costumes e ambientação urbana,
contando uma história de amor entre dois jovens que, após a superação
de certos obstáculos, chegam ao
casamento.
• Romance dentro dos padrões burgueses da época. Fraca construção psicológica
das personagens e visão superficial da sociedade. Linguagem simples, direta,
fluente.
• Escreveu quase uns
vinte romances: O moço loiro, A luneta mágica, As mulheres de mantilha. Também
escreveu várias comédias e dramas.
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2.MANUEL
ANTÔNIO |
• Famoso por seu único
romance: Memórias de um sargento de
milícias (1854-1855): conta as peripécias do malandro Leonardo, filho
de imigrantes portugueses. De uma
infância endiabrada a uma juventude folgazona, sem trabalhar, metendo-se em
divertidas encrencas. Preso pelo major Vidigal, acaba se engajando na tropa e
sendo promovido a sargento. Finalmente, casa-se com a jovem viúva Luisinha,
seu amor antigo.
• Ao mesmo tempo, é uma
crônica pitoresca sobre a vida e o povo carioca nos tempos do rei D. João VI.
• Tipos humanos,
costumes populares, comicidade, movimentação dos episódios, incorporação de
saborosas expressões populares — eis
seus principais ingredientes.
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3.JOSÉ DE
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• Principal romancista romântico. Enquadra-se tanto dentro do
romance urbano como no romance regionalista.
• Romance urbano: ambientado no Rio de Janeiro, com temática
envolvendo amor e dinheiro. Destaque dado às personagens femininas. Principais
romances: Senhora e Lucíola. Os outros: Cinco minutos, A viuvinha,
Diva, A pata da gazela, Sonhos d’ouro, Encarnação.
• Romance indianista: o índio como protagonista, idealizado; a
paisagem selvática; a linguagem e os costumes indígenas; o confronto entre as
civilizações indígena e europeia.
— O Guarani: o índio goitacá Peri
protegendo e salvando sua amada Ceci, um branca.
—
Iracema: a índia tabajara e seu devotado amor por Marfim, um guerreiro
branco.
— Ubirajara: os feitos e os afetos de Jaguaré,
índio Araguaia, no período pré-cabralino.
• Romance histórico: painel de época, remontando aos primórdios de nossa formação
sócio-cultural. Em As minas de prata: a reconstituição do período colonial da
Bahia seiscentista. Em Guerra dos Mascates: a exploração,
em tom de comédia, da histórica rivalidade entre os brasileiros de Olinda e
os portugueses do Recife, por volta de 1710.
• Romance regionalista: tentativa de caracterização do que, na
época, eram as grandes regiões do país: o Norte (O Sertanejo); o Sul (O
Gaúcho): e o Centro (O Tronco do Ipê; Til). A paisagem
local; os habitantes: tipos, costumes, atividades, estruturas sociais, linguagem.
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ii - ROMANCE ROMÂNTICO REGIONALISTA
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•
Iniciador do romance romântico sertanista (regionalista) com O Ermitão de
Muquém
(1866). Autor de uns dez romances, sendo mais famosos: O Seminarista, O Garimpeiro e A Escrava
Isaura.
•
Focaliza, em várias narrativas, o universo interiorano de Minas e Goiás: sua
paisagem, tipos humanos, costumes e linguagem.
•
Em O
Seminarista (1872), narra a história trágica do amor de Eugênio
e Margarida. Ele é forçado pela
família a seguir a carreira sacerdotal: e ela se mantém solteira, fiel a seu
amor de infância. Já padre. ao voltar à terra natal, se reencontram. Vivem
intensamente um momento de paixão. Ela, doente, morre. Ele, ao ir celebrar a
sua primeira missa, enlouquece.
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2.VISCONDE
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•
Sua obra mais famosa é Inocência
(1872). É a história comovente e dramática de Cirino e Inocência, passada nos
sertões do Mato Grosso. Hospedado na casa do fazendeiro Pereira, Cirino,
fazendo-se passar por médico, trata d Inocência, devolvendo-lhe um pouco de
saúde. Apaixonam-se. Mas ela já está prometida ao vaqueiro Manecão, que se
vinga assassinando Cirino. Esgotada, Inocência não resiste e morre, fiel a
seu amor.
•
Embora romântico pela trama amorosa, o romance apresenta certo caráter realista
pela precisão, detalhismo e verossimilhança nas descrições.
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3.FRANKLIN
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•
Polêmico, critica o regionalismo de Alencar e sustenta que o Norte/Nordeste
têm melhores condições de produzir urna autêntica literatura brasileira.
•
Seu romance mais conhecido é O
Cabeleira (1876). Misto de reconstituição histórica e regionalismo, conta
a vida de José Gomes (O Cabeleira) cangaceiro célebre, precursor de Lampião A
mãe tenta educá-lo para o bem, mas o pai o torna um facínora. Ao final,
influenciado por Luisinha, um amor de
infância, Cabeleira promete se regenerar. Mas acaba preso e enforcado no Recife.
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QUESTÕES DE PROVAS
-Vendido! exclamou Seixas ferido dentro
d’alma.
-Vendido sim: não tem outro nome. Sou
rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável
às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem
contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda
a minha riqueza por este momento.
QUESTÃO
01 - Com relação ao
fragmento acima, extraído da obra de José de Alencar, pode-se afirmar que
a.
( ) Contempla a visão de mundo do
período romântico: a idealização da mulher e seu
autoritarismo diante do homem. -
b.
( ) Pertence à segunda parte do romance
— QUITAÇÃO — onde Aurélia confessa ter
comprado o marido.
e.
( ) Apresenta uma característica
romântica bastante evidenciada durante toda a narrativa: o
uso da razão em detrimento ao
sentimentalismo.
d.
( ) Aurélia Camargo, em sua fala,
exemplifica uma posição crítica do autor ao denunciar
a hipocrisia, o materialismo e o jogo de
interesses da sociedade da época.
e.
( ) Os protagonistas Aurélia Camargo e
Fernando Seixas, em função da situação criada
pela discussão, jamais conseguiram se
entender, o que gerou a separação do casal alguns anos depois.
QUESTAO
02 — Leia o seguinte
fragmento, final da obra O Guarani, José de Alencar.
Ambos, árvore e homem, embalançaram-se
no seio das águas: a haste oscilou; as raízes desprenderam-se da terra já
minada profundamente pela torrente.
A cúpula da palmeira, embalançando-se
graciosamente, resvalou pela flor da água como um ninho de garças ou alguma
ilha flutuante, formada pelas vegetações aquáticas.
Peri estava de novo sentado junto de sua
senhora quase inanimada: e, tomando-a nos braços, disse-lhe com um acento de
ventura suprema:
— Tu viverás!...
Cecília abriu
os olhos, e vendo seu amigo junto dela, ouvindo ainda suas palavras, sentiu o
enlevo que deve ser o gozo da vida eterna.
Nesta passagem, na qual Peri, herói índio da história, arranca uma
palmeira do chão para salvar sua senhora Cecília, moça branca, há vários
símbolos que estavam presentes no Romantismo brasileiro. Dentre eles, destaca-se:_____________________
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