O MODERNISMO (1922 - ........) - 1ª FASE

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1.CONTEXTO
A - No Mundo:                                             
Progresso científico, tecnológico e industrial; 
Teoria da relatividade;                     
Freud funda a psicanálise;                
Guerras Mundiais (1ª e 2ª);    
Revolução Russa;                                                
Crise econômica de 1929;                   
Nazismo e fascismo.       
B - No Brasil:
Fim da República Velha;
Política café-com-leite;
Levas de imigrantes;
Organização do movimento operário (greves);
Partido Comunista ;                               
Início da Era Vargas.                                                                      
2.MARCO  INICIAL
Oficialmente,  movimento modernista teve seu inicio com a famosa Semana de Arte Moderna de 1922.
3.CARACTERÍSTICAS
a)Reação contra o Parnasianismo, o Romantismo e o Realismo;
b)Independência cultural;
c)Valorização da imagem nacional e das novas técnicas de progresso;
d)Liberdade no vocabulário, na sintaxe, nos temas e na visão  de mundo;
e)Linguagem simples, viva,  clara, espontânea, cotidiana  direta;
f) Mescla dos gêneros; 
g)Senso de humor, alegria, sátira.
4.VANGUARDAS
    EUROPEIAS
Movimentos artísticos e culturais que vieram a influenciar a literatura e, especial-mente, o modernismo:
FUTURISMO: exaltação da vida moderna, da máquina. O Manifesto Técnico da Literatura Futurista" prega a destruição da sintaxe, o menosprezo das classes gramaticais
EXPRESSIONISMO: prega a manifestação do mundo interior do artista, sem dar importância às regres de belo ou feio. Influenciou, no Brasil, Anita Malfatti  e Augusto dos Anjos.
CUBISMO: valorização das formas  geométricas (cubos, cilindros, esferas ). Na literatura valorizava a aproximação entre as várias manifestações artísticas (pintura, música, escultura, literatura) dava destaque à construção do texto e dos espaços em branco e preto na folha. Influenciou Oswald de Andrade a  Poesia Concretista de  1960.
DADAÍSMO: O mais radical de todos, pregava a liberdade total: o importante era a manifestação do artista, o leitor que entendesse se pudesse. 
SURREALISMO: a arte é um  produto do sonho, da não-razão. Influenciado por Freud.
5. SEMANA DE   
    ARTE MODERNA
A-ANTECEDENTES:
•Aproximação entre Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os dois grandes mentores da Semana, e a publicação de MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR, HÁ UMA GOTA  DE SANGUE EM CADA POEMA;
•Manuel Bandeira publica A Cinza das Horas e  Menotti del Picchia agita com o poema Juca  Mulato;
•Exposição das caricaturas de Di Cavalcanti;
•A polêmica exposição das obras da pintora Anita Malfatti;
•Manuel Bandeira publica "Carnaval";
•O escultor  Vítor Brecheret  volta ao Brasil e adere ás novas ideias;
•Oswald de Andrade anuncia, numa festa, que está sendo preparado um manifesto memorável para a comemoração do centenário da Independência do Brasil;
•Graça Aranha retoma da Europa e assume o comando da Semana de Arte Moderna .
6.GRUPOS, 
    REVISTAS  
    MANIFESTOS
KLAXON -  Primeiro órgão do movimento, criado para difundir a Semana de Arte Moderna.
MANIFESTO DA  POESIA PAU-BRASIL – Escrito por Oswald de Andrade, defendia a ideia de misturar as culturas já existentes (nativa,colonizada e tradicional.
CONGRESSO REGIONALISTA – Ocorreu em 1926, em Recife, e propôs a valorização do homem e das tradições nordestinas.
A REVISTA - Publicada em Minas Gerais, tinha em Carlos Drummond de Andrade um  dos redatores.
REVISTA DE ANTROPOFAGIA - Publicada em São Paulo, entre 1928 e 1929, terminou por mostrar  o “racha" do grupo modernista inicial.
MOVIMENTO E MANIFESTO ANTROPOFÁGlCO - Ocorreuem 1928 e propunha o que deveria ser repudiado, o que deveria ser assimilado e superado.
7.FASES  DO  MODERNISMO
1ª FASE – GERAÇÃO DE  22 (1922 a 1930) -  Fase  anárquica, de liberdade absoluta, de destruição da linguagem e, ao mesmo tempo, de pesquisa estética. Houve predominância da poesia. Definiu e implantou o Modernismo ao Brasil.
2ª FASE – GERAÇÃO DE 30 (1930 a  1945) – Mais equilibrada, com liberdade formal e de temática, valorizando o cotidiano, o senso de humor e o espiritualismo na poesia. Os autores voltaram-se para o social. A prosa passa a ter grande importância, através do romance. É nessa fase que se inicia o verdadeiro surto do romance regionalista, integrado na problemática do homem em sua luta cotidiana contra os problemas sociais e geográfico, inaugurando os modernos ciclos   da ficção brasileira: o da cana-de-açúcar, o do cacau, o da seca, o do cangaço, o do pampa. É chamado também de Romance de 30.
3ª FASE – GERAÇÃO DE 45 (1945  a ......) – Aperfeiçoamento e disciplina, retorno ao ritmo e aos padrões tradicionalistas, concepção da poesia como arte da palavra. É a fase da revitalização e grande desenvolvimento do teatro. Interessa a realidade interior, a literatura não tem compromisso com a realidade real. Os aspectos psicológicos passam a ter maior importância que os materiais. A prosa urbana enfoca o conflito do indivíduo perante a sociedade.

                           1 - O  PRIMEIRO  MOMENTO  MODERNISTA  
                        AUTORES  DA  1ª  FASE    OU  GERAÇÃO  DE  1922
1. OSWALD  
DE   ANDRADE
(1890 -1954) Nasceu e morreu em São Paulo. Foi um dos líderes do Movimento Modernista. Espírito irreverente e combativo, foi um guerrilheiro cultural. Satirizou e debochou das instituições sociais. Seu valor literário foi contestado por alguns críticos, mas vem sendo re-estudado e revalorizado atualmente. Sempre se preocupou fundamentalmente com o nacional, sendo o fundador de duas revistas importantes: Movimento Pau-Brasil  e  Antropofagia,  que difundiam as idéias modernistas. De obra irregular, seus livros foram sucesso e teve até peças teatrais proibidas na época, como O Rei da Vela.
OBRAS: Pau-Vermelho, Brasil (poesia), Os Condenados, Memórias Sentimentais de João Miramar, Estrela de Absinto, Serafim Ponte Grande, A Escada
2.MÁRIO  DE   
   ANDRADE
(1893 – 1945) Principal líder do movimento, foi, enquanto viveu, a figura central deste, sendo conhecido como “O Papa do Modernismo”. Foi um dos mais dinâmi-cos batalhadores pela renovação da arte brasileira (folclore, literatura, música). Estreou na literatura em 1917, com “Há um Gota de Sangue em cada Poema”, influenciado pela Primeira Guerra Mundial. Produziu grandes obras.
OBRAS:
Na poesia: Pauliceia Desvairada (Faz um panorama da cidade de São Paulo, identificando-se com ela, sentindo toda a Terra-Brasil; amor ao bairro, à rua, à neblina, em  22 poemas de forma livre), Clã do Jabuti, Lira Paulistanam Losango Cáqui, Remate dos Males, O Carro  da Miséria.
Na  prosa:  Macunaíma (Uma simbologia do  homem brasileiro e sátira da linguagem, mistura lendas indígenas e folclore brasileiro, onde cria o personagem-título Macunaíma, que vem para a cidade de São Paulo à procura de um talismã perdido, contando suas andanças e aventuras até recuperar a pedra e voltar para sua tribo no Amazonas, junto com os irmãos que o acompanharam na viagem.), Amar, verbo Intransitivo (Romance psicológico sobre a educação sexual de um adolescente, Carlos,  por Fräulein Elza, governanta alemã).
3.MANUEL
    BANDEIRA
(1886 -1968) Um dos maiores poetas brasileiros, com suas poesias simples e ternas., de temas tirados de notícias de jornais, anúncios, comerciais, recordações de lugares e cidades, da infância, do cotidiano. Suas primeiras obras ligam-se às escolas anteriores, mas, de obra para obra, foi caminhando para a libertação total. Em 1919 já ridicularizava o Parnasianismo, com a poesia Os Sapos, declamada na Semana de Arte Moderna. Embora não tenha participado diretamente dela, foi um verdadeiro pregador das ideias modernistas, o que levou Mário de Andrade a chamá-lo de São João Batista do Modernismo. Dominou magistralmente o verso livre. Alcançou uma simplicidade de linguagem e forma a ponto de dispensar a pontuação. Mestre nos mais diversos ritmos, sua poesia é bastante autobiográfica, de fundo melancólico, com certa frequência irônico, com temática muitas vezes da morte, talvez por haver sofrido muitos anos com a tuberculose, chegando até à beira da morte. É possivelmente o melhor dos poetas modernistas.
OBRAS: Cinza das Horas, Carnaval, Ritmo Dissoluto, Libertinagem, Estrela da Ma-nhã, Mafuá do Malungo, Frauta de Papel, Vou-me embora pra Pasárgada...
                                                                                                                   
  Poeminhas  cinéticos
1) O moço  entra apressado                    
    Para ver a namorada                                              
    E é da seguinte forma                                            
                                   escada.                                                                                    
                             a                                                                                                       
                  subiu
          ele                                                                                                                     
Que                                                                                                                   

Mas lá em cima está o pai                                                                          
Da pequena que ele adora                                                 
E por isso pela escada                                                          
Assim
               ele                                                                               
                        veio                                                                       
                                    embora.

 2) Era um homem bem vestido              
     Foi beber no botequim                         
     Bebeu muito, bebeu tato  
     Que   
              s   i   
                a   u
                         d
                           e
                                 l
                             á      
                                  a   s    m.
                                     s   i                                                                                                            

                                            Pronominais
                                          Dê-me um cigarro
                                          Diz a gramática
                                          Do professor e do aluno
                                          E do mulato sabido.
                                          Mas o bom negro e o bom branco
                                          Da Nação Brasileira
                                          Dizem todos os dias
                                          Deixa disso, camarada,
                                         Me dá um cigarro.
                                                                    Oswald de Andrade
Moça  linda bem tratada
 Moça linda bem tratada         
Três séculos de família,
 Burra como uma porta:                                            
           Um  amor.                                     
Grã-fino do despudor                                                                            
Esporte, ignorância e sexo.                                             
Burro como uma porta:
        Um coió.                                                      
Mulher gordaça, filó
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
         Paciência...
Plutocrata sem consciência
Nada porta, terremoto
Que a porta do pobre arromba
        Uma  bomba.
                    Mário de Andrade
                                        EXERCÍCIOS
1.(PUCSP) Identifique no texto abaixo as características do movimento literário a que ele pertence. Explique ao menos duas características identificadas, exemplificando com o texto.
        Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O  português.  

2.(FUVEST) Leia atentamente O texto.
"Quando hoje acordei, ainda fazia escuro                                     
(Embora a manhã já estivesse avançada).                                     
Chovia uma triste chuva de resignação                                          
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso                        
da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei.
Depois me deitei novamente, acendi urn                                                                                                                  
um cigarro e fiquei pensando ...
Humildemente pensando na vida
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso                        
e nas mulheres que amei."
                                    Manuel Bandeira
1.Transcreva  o verso que sugere a solidão  do  poeta:
............................................................................................
    Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá  sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
La a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide a vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de DBO ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasár-gada.
                 (Manuel Bandeira)

2. (FAAP-SP) A simples leitura do texto já nos convence tratar-se de um poema filiado ao modernismo já que se trata de um poema:
a) de tom coloquial, sem rima, em que não está presente a pontuação tradicional.
b) em que predomina o vago, o etéreo, o indizível.
c) de absoluta precisão formal.
d) em que aparece a figura da mulher idealizada e a fuga de um lugar distante e edênico.
e) que busca o bucólico, o campestre, o fantástico.

3. (FAAP-SP) Pasárgada, cidade lendária da antiga Pérsia, no poema indica outro espaço e outro tempo. No texto, há uma oposição entre um aqui e um lá; entre um agora e um então. Esta oposição recebe o nome de:
 a) silepse.      b) antítese.       c) pleonasmo.        
       d) sinestesia.     e) polissíndeto.

4. (FAAP-SP) Não é difícil definir o tema da ida para Pasárgada:
a) busca dos prazeres libidinosos        
b) evasão espacial e temporal            
c) volta à infância                                    
d) amor à civilização                                  
e) apego ao poder

5 .(FAAP-SP) Voltaire afirmava que "quem quiser fundar alguma coisa de grande deve começar por ser completamente louco". Bandeira nega este mundo chato e mofino, percorrendo vastidões da fantasia, ainda que seja para cair na loucura, especialmente em:
a) Joana a Louca de Espanha
    Vem a ser contraparente
    Da nora que nunca tive
b) ... farei ginástica
    Andarei de bicicleta                                                  
 c) Montarei em burro brabo
    Subirei no pau-de-sebo  
 d) Tem telefone automático
     Tem alcalóide à vontade
e) Tem prostitutas bonitas
     Para a gente namorar

6. (FAAP-SP) Nesta estrofe, o poeta devidamente refugiado no mágico Éden imaginário, projeta uma série de ações insignificantes que compõem o cotidiano de um menino sadio. E o retorno psicológico à infância - marca de um tempo feliz e de liberdade. A estrofe começa assim:
a) Vou-me embora pra Pasárgada
     Lá sou amigo do rei
b) Vou-me embora pra Pasárgada
     Aqui eu não sou feliz
c) E como farei ginástica
d) Em Pasárgada tem tudo
    É outra civilização
e) E quando eu estiver mais triste
    Mas triste de não ter jeito
    Andarei de bicicleta

7.(FAAP-SP) Inconformado com o real concreto, o poeta enumera um conjunto de vantagens que este mundo fantástico oferece: sexo livre, uma nova percepção do tempo e do espaço, uma nova permeabilidade para uma revisão do mundo material. A  estrofe começa assim:  
a) Vou-me embora pra Pasárgada
    Lá sou amigo do rei
b) Vou-me embora pra Pasárgada  
    Aqui eu não sou feliz
c) E como farei ginástica
    Andarei de bicicleta
d) Em Pasárgada tem tudo
     É outra civilização
e) E quando eu estiver mais triste
    Mas triste de não ter jeito 
               


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